Ao lançar o Portal de Informação Turística, a NOS decidiu levar a cabo um projeto de Analítica Avançada e Big Data onde o principal objetivo é ajudar todos os intervenientes na cadeia de valor do turismo a servir melhor os seus clientes
Para João Ricardo Moreira, administrador da NOS, olhar para as áreas geográficas de Lisboa, Porto e Algarve como sendo os únicos focos de turismo do país é “bastante redutor”. Segundo o responsável da NOS: “É expectável que, tradicionalmente, cidades que têm maior concentração de pessoas tenham necessariamente mais turistas. O que provavelmente já não é tão claro é que se ponderarmos estes números tendo em conta a dimensão relativa, tanto em número de habitantes, como em metros quadrados, a presença de turismo seja igualmente elevada noutros pontos do país”. O DesafioHá cada vez mais pessoas e “coisas” a produzir informação de forma constante. Muita desta informação, porém, não se encontra preparada para ser utilizada pelas empresas. Para a NOS, “era importante criar indicadores que mostrassem a densidade turística nas cidades”, isto é, o número de turistas por quilómetro quadrado. Os utilizadores de cartões SIM estrangeiros no nosso país geram uma quantidade significativa de dados relacionados com fluxos de atividade turística. Com base nestes fluxos, a NOS decidiu levar a cabo um projeto onde o principal objetivo é o de impulsionar uma gestão mais eficiente do turismo nas diversas cidades do país. “As nossas maiores preocupações foram, em primeiro lugar, partir daquilo que é relevante para a gestão das cidades, perceber os problemas que existem e que podem ser respondidos com o tratamento da nossa informação, e depois ter o cuidado de tratar os dados com rigor e com base na informação, que seja possível e ser comunicada de forma simples”, explica João Ricardo Moreira. A SoluçãoAo iniciar o projeto, a privacidade foi a preocupação primordial da empresa. Os dados recolhidos são provenientes de utilizadores estrangeiros que não são clientes NOS, mas que utilizam a rede da operadora quando se encontram em Portugal, e que são anónimos no nosso país. “Não possuímos o nome destas pessoas nem temos acesso a nenhum perfil destes”, ressalva João Ricardo Moreira. Para introduzir uma camada de segurança ainda maior, o tratamento dos dados por parte da empresa é realizado de forma a que se consiga alcançar uma anonimização irreversível, explica o responsável da NOS. “Há um rescrever dos dados de forma a que, quando estamos a trabalhá-los, não exista qualquer informação pessoal dos utilizadores”. A NOS trabalhou com um conjunto de parceiros de forma continuada. A Singularity Digital Enterprise foi o parceiro tecnológico escolhido para colocar no ar a componente analítica e de visualização de dados do Portal de Informação Turística. A sua intervenção assentou em três pontos principais: “Analítica e tratamento de informação e produção de indicadores; desenvolvimento de alguns dos elementos visuais que compõem a interface do portal de informação turística da NOS, bem como ao nível do desenho; e implementação da própria plataforma tecnológica onde os dados são acedidos”, explica Hugo Cartaxeiro, founder & managing partner da Singularity Digital Enterprise. ResultadosPara já, o projeto da NOS está na primeira fase, denominada pela empresa de “fase descritiva”, com base em dados históricos. “O nosso principal objetivo é olhar para movimentações macro, pois reconhecemos que isso nos dará uma base mais segura”, afirma o responsável da NOS. Para já, é possível aceder aos dados turísticos de abril. O objetivo é dar a municípios e negócios a oportunidade de se aproximarem dos turistas e gerarem valor para o seu negócio. “Em certas cidades, como Lagos, com os nossos indicadores é possível verificar que a retenção dos turistas no horário noturno é bastante baixa”, revela João Ricardo Moreira – apenas 36% das pessoas que passam por Lagos durante todo o dia permanecem na cidade à noite. “Este é um indicador bastante relevante sobre a capacidade hoteleira e a forma como atraem os turistas à noite”, ilustra. O ranking de retenção mostra que à hora de almoço Lagos já se encontra em segundo lugar, com 76% dos turistas a estarem no local nesse período. “Ao jantar são apenas vistas 49% destas pessoas”, indica ainda o responsável. Com a evolução da sua plataforma de analítica a empresa pretende conseguir juntar mais indicadores e produzir um maior número de insights no futuro. Nesta primeira fase do projeto, além de ser possível recolher dados relativos à densidade turística, bem como à pressão turística (o número de turistas face ao de habitantes), é possível compreender o nível de maturidade digital dos utilizadores, com base nos seus dispositivos móveis. “Se num município alguém tiver a ideia de implementar uma rede Wi-Fi com um captive portal como forma de oferecer conectividade e, ao mesmo tempo, criar uma relação de proximidade com os turistas, interessa-lhe saber se estes estão ou não preparados para este tipo de interação”, explica João Ricardo Moreira. “Uma estratégia de social media bem-sucedida dos municípios dependerá do nível de sofisticação digital do seu target”, enaltece. Com o apoio do Turismo de Portal, a plataforma é vista por Luís Araújo, Presidente do organismo, como um forma de “reforçar o posicionamento de Portugal enquanto hub global de inovação e desenvolvimento digital no setor do turismo, uma das metas inscritas na Estratégia Turismo 2027”. Este projeto de Analítica Avançada e Big Data contará ainda com mais duas fases: uma denominada de preditiva, e a seguinte de prescritiva. Na fase preditiva, o objetivo será, com base no comportamento das pessoas nos diferentes concelhos, “correlacionar os dados históricos como forma de prever comportamentos”, refere o responsável. Esta fase será seguida de uma prescritiva, que dará a possibilidade à NOS de “prescrever aos negócios medidas que acrescentem valor e que estejam mais próximas do negócio”, sublinha João Ricardo Moreira. A NOS quer ainda desenvolver um edifício de Business Intelligence, com um data lake integrado onde a informação será devidamente armazenada de forma a poder ser utilizada por vários stakeholders internos. “Temos de garantir a existência de ferramentas que permitem tratar esta grande quantidade de informação e a transmitem a pessoas de negócio capazes de entender o que mais importa aos municípios em nome de uma gestão inteligente das cidades e dos negócios”, esclarece João Ricardo Moreira. Para o responsável, é também imperativo que este edifício conte com uma “arquitetura que obtenha os dados anonimizados de forma irreversível, tratados em clusters de ferramentas que permitam navegar na informação e transformá-la em informação útil capaz de ser interpretada por pessoas de negócio”. O Portal de Informação Turística, desde outubro, em www.nos.pt/portalturismo |