Ferramenta digital ajuda cidades a alcançarem objetivos da mobilidade sustentável

Apesar dos diferentes contextos em que a vida de cada um se organiza, a população mundial concentra-se cada vez mais nas cidades e nas suas periferias.

Esta realidade cria uma necessidade urgente de desenvolver sistemas de trânsito multimodais que, para além de agilizarem a vida para quem se desloca diariamente entre as regiões metropolitanas e os centros das cidades, sejam capazes de reduzir as emissões e, desta forma, melhorar a qualidade do ar e contribuir para um mundo mais sustentável ao nível ambiental.

A Global New Mobility Coalition, uma iniciativa do Fórum Económico Mundial, desenvolveu a ferramenta Urban Mobility Scorecard. A ferramenta, desenvolvida em colaboração com três cidades de teste e com os setores público e privado, pretende ajudar as cidades a avaliarem o progresso em termos de mobilidade sustentável e a definirem ações sobre novas políticas e regulamentos que contribuam para a transição da mobilidade sustentável e inclusiva.

O projeto conta com vários setores como o da mobilidade partilhada e energia, assim como várias ONG ligadas ao tema. Graças a um grupo de trabalho, foi possível desenvolver esta ferramenta, que investiga a mobilidade urbana através de três pilares:

• Governance: A ferramenta explora a possibilidade de criar ecossistemas de mobilidade urbana mais adaptáveis e prontos para o futuro e alinhados com parâmetros institucionais (planeamento, financiamento e alocação de recursos), regulação (meio ambiente, acesso a veículos urbanos e gestão de dados) e inovação (mobilidade partilhada, projetos-piloto e eletrificação);
• Resiliência: Este pilar serve para compreender como é que as cidades organizam o espaço para diferentes fins, como o estacionamento de rua, por exemplo, e como é que a mobilidade é pensada durante o planeamento – inclui atribuição de espaço e questões de gestão de calçadas, passeios;
• Conetividade: Trata de avaliar o quão conveniente e acessível é o sistema de mobilidade de uma cidade. Investiga a forma como é integrada a mobilidade e avalia o acesso seguro e equitativo.

O teste à mobilidade urbana em três cidades

Buenos Aires, na Argentina; Curridabat na Costa Rica; e Singapura foram as cidades escolhidas para testar a ferramenta Scorecard. Estas cidades partilharam os desafios da mobilidade sustentável e forneceram feedback sobre as avaliações utilizadas através da ferramenta, como é o caso dos ecossistemas de mobilidade sustentável.

Desenvolvimento da ferramenta: Desafios a superar

Apesar de o desenvolvimento da ferramenta Scorecard ter tido o contributo de várias partes, os diálogos com estes intervenientes vieram pôr a descoberto um conjunto de desafios estruturais que as cidades e empresas têm de enfrentar para alcançar uma transição rápida para a mobilidade mais sustentável. Destas questões é necessário:

• Superar lacunas em investimento e financiamento: O processo de transição para a mobilidade sustentável exige atenção relativamente à resolução das lacunas no investimento. É necessário financiar novas infraestruturas, explorar novos modelos de investimento para incentivar o investimento do setor privado e do setor público;
• Melhorar a colaboração e a ação na entrega da eletrificação: A eletrificação dos transportes é um interesse comum, público e privado, que deve ser amplificado para que seja alcançado num curto espaço de tempo. É necessária uma coordenação e colaboração a vários níveis: administração municipal, governo e setores público e privado;
• Pensar a inclusão na mobilidade: A acessibilidade e a equidade devem estar incluídas no planeamento da mobilidade e na transição para a mobilidade sustentável, com o planeamento universal do ambiente urbano e a criação de sistemas de transportes públicos convenientes e acessíveis, permitindo que a mobilidade sustentável chegue a todos.

Olhar o futuro

De futuro, o objetivo da Global New Mobility Coalition passa por colaborar com mais cidades, empresas e sociedade civil para continuar a desenvolver esta ferramenta e ajudar as cidades e empresas a avançarem nas questões da mobilidade urbana sustentável.

O foco concentrar-se-á nas economias emergentes de forma a incentivar a ação e a consequente transição. As cidades participantes terão acesso à versão digitalizada da ferramenta de mobilidade, com a possibilidade de autoavaliarem o desempenho em sete áreas distintas da mobilidade urbana, avaliando o seu progresso e trabalhando para alcançar os objetivos propostos.

A iniciativa está agora também concentrada no novo fluxo de trabalho sobre o financiamento da transição para a mobilidade urbana, que junta os operadores, instituições financeiras, administrações municipais e ONG para um trabalho em conjunto que pretende superar a lacuna de investimento para a mobilidade sustentável. O foco centra-se na eletrificação e na dinamização da mobilidade partilhada e nas respetivas medidas necessárias para canalizar o investimento público-privado para estas áreas.