A “coopetição” é a chave para cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável

Com o atraso no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030, os governos devem seguir os passos do setor privado e combinar a concorrência com a cooperação

A “coopetição” é a chave para cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável

O tempo está a esgotar-se para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU no prazo de 2030. Para o World Economic Forum (WEF), a solução pode passar por olhar para a relação entre as empresas rivais e adotar uma estratégia de “coopetição”, assente na combinação entre concorrência e cooperação.

Até agora, apenas 12% das metas para as quais existem dados estão num bom caminho, enquanto quase metade está fora do caminho e mais de um terço não consegue avançar ou está a regredir abaixo da linha de base estabelecida em 2015, segundo o WEF.

O último verão foi o mais quente registado no hemisfério norte, acompanhado pela degradação contínua dos bens comuns globais e por previsões de um frágil crescimento económico. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse este verão que “os desafios globais de hoje, desde a crise climática à crescente desigualdade e à governação das novas tecnologias, só podem ser resolvidos através do diálogo e da cooperação”

No entanto, de acordo com o WEF, esta cooperação parece estar fora de alcance, sendo necessário que os governos melhorem o seu trabalho em conjunto para possibilitar a progressão dos ODS. Com o aumento da concorrência e dos conflitos geopolíticos, o Fundo Monetário Internacional alerta para o risco crescente de fragmentação, que poderá custar à economia global até 7% a longo prazo. Ainda mais, no ano passado, registou-se o maior número de conflito violentos desde a Segunda Guerra Mundial, segundo a ONU.

De acordo com o WEF, no meio de uma concorrência intensa, existe uma receita para uma cooperação eficaz: olhar para o setor privado. O desafio das garrafas de plástico é um exemplo demonstrativo de rivais empresariais que trabalham em conjunto. Estas garrafas representam uma grande pegada climática, sendo que a produção e eliminação do seu plástico é responsável por 30% da pegada de carbono de algumas empresas. Como resposta, a Coca-Cola, a Dr Pepper e a Pepsi uniram-se em 2015 e comprometeram-se a obter um quarto das suas embalagens plásticas a partir de materiais reciclados até 2025.

A Coligação First Movers do WEF é um grupo composto por mais de 85 empresas, incluindo concorrentes como a Airbus e a Boeing, que estão a juntar-se para a criação de novos mercados para a tecnologia verde.

A “coopetição” remete para uma estratégia corporativa que assenta, em parte, na cooperação entre rivais para alcançar objetivos semelhantes. No setor da tecnologia, a Apple e a Samsung cooperam, sendo que a Apple compra as telas da Samsung para os seus iPhones, enquanto a Samsung oferece o iTunes nos seus dispositivos.

O WEF destaca que, se as empresas conseguem encontrar uma forma para a coopetição funcionar, também os países são capazes de o fazer, incluindo aqueles que são concorrentes geopolíticos. Durante o verão, a China e os Estados Unidos regressaram às negociações sobre o clima, indicando que pretendiam colaborar na ação climática apesar de divergirem noutros assuntos. Este sinal de coopetição geopolítica, apesar de promissor, ainda é demasiado frágil, aponta o WEF.

Tanto nos negócios como nos assuntos globais, a coopetição torna-se atrativa com o reconhecimento de que ambos os lados podem tirar partido da cooperação, enquanto continuam a competir a nível de quota de mercado ou interesses geopolíticos. O setor privado demonstrou que manter a concorrência é benéfico, diz a WEF, uma vez que impulsiona a inovação, a redução dos preços e até a melhoria dos bens públicos.

Neste sentido, o WEF considera que é necessário que a coopetição esteja enraizada no manual de cada líder, CEO ou funcionário público. A coopetição já demonstrou ser capaz de beneficiar empresas e clientes e, agora, está na hora de os governos mostrarem como é que esta pode beneficiar países e cidadãos, remata o WEF.

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