O futuro do trabalho enfrenta desafios significativos, com as competências digitais a desempenharem um papel essencial na adaptação das organizações e no crescimento contínuo da próxima década, que pode registar a criação de 170 milhões de novos postos de trabalho até 2030
O relatório sobre o Futuro do Emprego 2025 do World Economic Forum (WEF) apresenta um panorama detalhado sobre a transformações no mercado de trabalho global, impulsionadas por tendências tecnológicas, económica e sociais que irão moldar o emprego até 2030. O estudo, que reuniu mais de mil empresas globais – representado 14 milhões de trabalhadores –, oferece uma perspetiva sobre a mudanças que vão afetar os profissionais e a competências requeridas nos próximos anos. A transformação estrutural do mercado de trabalho entre 2025 e 2030 poderá levar à criação e destruição de 22% dos empregos atuais. Esta transformação resultará na criação de novos postos de trabalho equivalentes a 14% do total de empregos atuais, o que representa 170 milhões de novas vagas. No entanto, importa referir que esse crescimento será contrabalançado pela perda de 8% dos postos de trabalho existentes, ou seja, cerca de 92 milhões de empregos, o que leva a um crescimento líquido de 7% no total de empregos, correspondendo a 78 milhões de novos postos de trabalho até 2030. O impacto da transformação digital até 2030Uma das tendências mais destacadas no relatório é a ampliação do acesso digital, que será fundamental na transformação dos negócios, com 60% das organizações a preverem que essa tendência terá um impacto significativo até 2030. A Inteligência Artificial (IA) e o processamento de dados são as tecnologias emergentes que terão um papel mais central neste processo. Nesse sentido, o emprego em áreas como IA, Big Data, cibersegurança, redes e literacia tecnológica será cada vez mais procurado e, consequentemente, prevê-se que serão as profissões com maior crescimento até 2030. Além disso, profissões como engenheiros de energias renováveis e especialistas em veículos elétricos e autónomos são agora vistas como essenciais, o que evidencia a crescente prioridade dada à transição verde. Crescimento e declínio das profissões e gestão de talentosEm termos de profissões em crescimento, as funções tecnológicas têm a taxa de crescimento mais rápida, incluindo especialistas em Big Data, engenheiros de tecnologia financeira e desenvolvedores de software. Este crescimento é alimentado pela digitalização acelerada e pela adoção de novas tecnologias pelas empresas, que buscam integrar IA e automação em suas operações. Por outro lado, as profissões que deverão sofrer uma diminuição incluem funções administrativas tradicionais, como assistentes administrativos e caixas bancários, com a automação a desempenhar um papel decisivo na substituição de postos de trabalho nestas áreas. A gestão de talentos emerge como uma competência vital à medida que a população mundial envelhece, o que proporciona uma maior procura por funções na área da saúde e educação. O relatório também reflete o impacto das alterações geopolíticas e a necessidade de competências em cibersegurança devido à fragmentação das economias globais. Desafios económicos e necessidade de requalificaçãoO relatório destaca ainda os desafios económicos que afetarão a criação de empregos, com o aumento do custo de vida e a inflação a transformarem 50% dos negócios até 2030. Essas pressões económicas aumentam a procura por competências de resiliência, flexibilidade e pensamento criativo, áreas que serão fundamentais para os trabalhadores se adaptarem às mudanças. Também aponta que, até 2030, 59% da força de trabalho mundial necessitará de requalificação, com 39% das competências atuais a serem transformadas ou obsoletas. As empresas, por sua vez, deverão focar-se na formação dos colaboradores e na adaptação às novas exigências do mercado. Por isso, a diversidade e inclusão continuam a ser prioridades, com destaque para a procura de talentos provenientes de diferentes contextos e com diversas competências. |