Setor do IT revela perspetivas positivas de contratação em 2023

O setor surge em segundo lugar na Projeção para a Criação Líquida de Emprego, com mais 28%, valor que representa, contudo, uma descida de 10% em relação ao trimestre anterior, e uma redução de 39% face ao mesmo trimestre de 2022

Setor do IT revela perspetivas positivas de contratação em 2023

O atual clima de inflação e a previsão de abrandamento da economia para 2023 provocaram uma perspetiva de criação de emprego moderada nas empresas nacionais. Neste sentido, embora 31% dos empregadores afirmem que irão recrutar, 19% anteveem reduzir as suas equipas e quase metade dos empregadores (49%) pretende manter o atual número de colaboradores. 

Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey revelam, assim, uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de mais 12% para o primeiro trimestre de 2023, valor já ajustado sazonalmente e que traduz numa descida considerável de 15%, face ao último trimestre, e ainda mais significativa, de 25%, quando comparada com o período homólogo de 2022.

A subida acentuada da inflação e o aumento das taxas de juro vieram unir-se aos desequilíbrios nas cadeias de abastecimento e configuraram um cenário bastante desafiante ao nível da estrutura de custos das empresas, enquanto a redução do consumo impacta a procura de bens e serviços”, explica Rui Teixeira, Diretor Geral do ManpowerGroup Portugal. 

Em face destes desequilíbrios, os empregadores entram em 2023 com uma posição mais conservadora quanto à evolução do mercado, e ainda mais focados na garantia da competitividade e sustentabilidade dos seus negócios. Este cenário traz impactos inevitáveis no mercado de trabalho, e traduz-se já num abrandamento das intenções de contratação para o primeiro trimestre”, acrescenta.

Estes valores posicionam Portugal abaixo da média da região da EMEA (Europa, Médio Oriente e África), com apenas sete países a terem perspetivas de contratação mais pessimistas, entre os quais, Espanha, Grécia e Itália.

Não obstante, este menor dinamismo no mercado de trabalho não implica, de momento, uma intenção alargada de dispensa dos colaboradores. O que observamos é que, face à atual escassez de talento e à dificuldade em atrair profissionais com as competências que procuram, os empregadores estão a privilegiar a manutenção das suas equipas, estando dispostos a fazer esse investimento para estarem dotados do talento necessário quando a economia retomar”, completa.

Por setor

Apesar da atual conjuntura, os empregadores de oito dos nove setores analisados esperam aumentar as suas equipas neste início de ano. Não obstante, registam-se claros sinais de abrandamento nas intenções de contratação, com sete setores a reduzirem as suas projeções face ao trimestre passado e ao período homólogo de 2022. 

A energia e utilities, tecnologias da informação, finanças e imobiliário, e serviços de comunicação são os setores com as previsões de contratação mais otimistas. A energia e utilities destacam-se com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de mais 43%, um valor que se destaca de forma significativa da média nacional, seguida das tecnologias da informação, com uma Projeção de mais 28%, representando, contudo, uma descida considerável de 10% em relação ao trimestre anterior, e uma acentuada redução de 39% face ao mesmo trimestre de 2022.

Já os setores de finanças e imobiliário e de serviços de comunicação avançam ambos uma Projeção de mais 18%. Porém, na comparação com o trimestre passado, o setor de finanças e imobiliário regista uma diminuição nas intenções de contratação, com menos 7%, enquanto o setor dos serviços de comunicação permanece relativamente estável com mais 1%. 

Também o setor da indústria pesada e materiais, que abrange os subsetores da agricultura e construção, e o setor dos transportes, logística e automação apresentam uma Projeção de mais 13%. No primeiro, o valor corresponde a uma descida de 10% face ao trimestre passado e aos primeiros três meses de 2022. Já nos transportes, logística e automação, a descida é mais acentuada, com menos 32% em comparação com a Projeção para o período de outubro-dezembro de 2022.

Embora menos otimista, a área da saúde e ciências da vida avança com uma Projeção positiva, mas moderada, em relação ao aumento das suas equipas, fixando-se nos mais 6%, em queda de 17% e de 18% face ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado, respetivamente. 

Finalmente, o setor de bens de consumo e serviços, que inclui as atividades de retalho, distribuição, hotelaria, Indústria de bens de consumo, entre outras, é o único com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego negativa, de menos 8%, acusando, assim, o impacto do esperado abrandamento no consumo privado. Desta forma a Projeção diminui de forma acentuada, em 36% e 48%, em relação ao trimestre passado e ao mesmo período do anterior ano, respetivamente.

Por região

Todas as regiões de Portugal apresentam previsões favoráveis quanto à evolução das contratações no primeiro trimestre de 2023, ainda que apenas uma evolua positivamente face ao trimestre anterior. É, novamente, o Grande Porto que apresenta a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais sólida, com um valor de mais 23%. Não obstante, esta região regista uma evolução de menos 16%, desde o último trimestre, e ainda mais acentuada quando comparada com a previsão para o período homólogo de 2022, com menos 23%. 

Por sua vez, a região Centro, com uma Projeção de mais 22%, é a única que apresenta uma evolução positiva face ao trimestre anterior, crescendo três pontos percentuais. No entanto, se comparada com o mesmo período de 2022, regista um decréscimo de oito pontos percentuais. 

Com Projeções mais modestas estão as regiões Norte, da Grande Lisboa e Sul, com mais 9%, mais 8% e mais 6%, respetivamente. Na primeira, esta previsão significa uma descida de 7%  face ao trimestre anterior, tendência que é observada igualmente na Grande Lisboa, com uma descida 18% entre trimestres. A região Sul é a que apresenta a quebra mais acentuada na evolução das intenções de contratação trimestre a trimestre, com uma descida de 33%. No entanto quando comparada com o período homólogo do ano passado a redução é suavizada, diminuindo 17%.

Por dimensão de empresa

Todas as categorias de empresas inquiridas, independentemente da sua dimensão, preveem começar o ano a aumentar as suas equipas, estando alinhadas com a Projeção nacional. No entanto, também a totalidade das categorias assume uma evolução negativa face ao último trimestre e ao início de 2022. São as microempresas que avançam com a perspetiva mais dinâmica, com uma Projeção de mais 14%, menos 4% do que a registada no último trimestre e 11% inferior à do período homólogo de 2022. 

Seguem-se as grandes empresas, as empresas de pequena dimensão e, por fim as médias empresas, com Projeções mais moderadas de mais 13%, mais 11% e mais 10%, respetivamente. No caso das grandes Empresas, este valor traduz um decréscimo acentuado de 24% face ao trimestre passado e um ainda maior face ao início de 2022, com menos 31%.

No mundo

Tal como em Portugal, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a nível global sofre um decréscimo, com o valor a situar-se agora nos mais 23%, menos 6% do que o registado no trimestre passado e menos 14% face aos mesmos meses de 2022. Dos 41 países e territórios inquiridos, 38 apresentam perspetivas de contratação positivas, mas 29 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior. Panamá, Costa Rica e Canadá são os países que apresentam uma Projeção mais otimista, de aumentos de 39%, 35% e 34%, respetivamente. 

Na região EMEA, onde se situa Portugal, a Áustria e a Turquia mostram as intenções mais elevadas, ambas com mais 29%. Portugal ocupa assim o décimo sexto lugar da tabela, com seis% a menos da média da Região. No que respeita à média global, o país posiciona-se 11% abaixo. A nível mundial, a Hungria destaca-se nas Projeções menos ambiciosas, com uma Projeção negativa de 8%, seguida pela Polónia, com menos 2%, e pela Républica Checa, que, apesar de positiva, se situa apenas em mais 1%.

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