O projeto “No More Ransom” teve início há três meses e pretende melhorar o nível de cooperação entre a polícia e o sector privado na luta contra o ransomware. Portugal junta-se agora, através da colaboração da Polícia Judiciária
Juntamente com Portugal, aderiram ao “No More Ransom” entidades de segurança de outros 12 países, tais como a Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Colômbia, França, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Espanha, Suiça e Reino Unido. A colaboração traduz-se na extensão de ferramentas livres de descodificação para ajudar ainda mais vítimas a libertar os seus dispositivos e desbloquear informações enquanto se atacam os hackers onde estes são mais sensíveis: nos seus benefícios, porque ficam sem os resgates. Os objetivos dos projeto são compatíveis com a Eurojust e com a Comissão Europeia, o que mostra a preocupação da União Europeia perante a crescente ameaça do ransomware. A campanha "No More Ransom" teve início a 25 de julho de 2016, na sequência de um acordo entre a Polícia Nacional da Holanda, a Europol, a Intel Security e a Kaspersky Lab, cujo objetivo era melhorar o nível de cooperação entre a polícia e o sector privado na luta contra o ransomware. O seu maior objetivo é oferecer um recurso útil às vítimas, através de um portal, onde podem encontrar informação sobre o que é o ransomware, como funciona e como se podem proteger dele. “A presente iniciativa insere-se na aposta que deve ser feita no combate ao cibercrime, e a assinatura de parceria constitui-se como uma iniciativa importante da Policia Judiciária no tema da cooperação internacional, sempre norteada por objetivos muito claros e diretamente ligados às necessidades da investigação criminal, ou seja: acautelar a possibilidade de identificação de autores de crimes “on-line” cuja ameaça é crescente, e por outro lado, contribuir para uma informação esclarecida das vítimas de Ransomware, nomeadamente recuperando a sua informação e dados pessoais, protegendo e acautelando futuros ataques e informando que não devem participar, ainda que inadvertidamente, no financiamento de grupos de crime organizado”, comenta o Dr. José Almeida Rodrigues, diretor Nacional da Polícia Judiciária. Esta iniciativa conseguiu já, em apenas três meses, ajudar 2.500 vítimas a decifrarem os seus dados com êxito, sem terem de pagar aos atacantes e utilizando as principais ferramentas de descodificação da plataforma (CoinVault, Wildfire e Shade). Segundo avança a Kaspersky, o resultado foi que os hackers deixaram de cobrar resgates com um valor total estimado em mais de 900 mil euros. “A Europol está totalmente comprometida em fazer crescer o apoio ao projeto No More Ransom tanto na U.E. como a nível internacional, para responder ao ransomware de uma forma eficaz e concertada,” afirma Steven Wilson, diretor do Centro Europeu de Crimes Online. “Apesar de o desafio ser cada vez maior, a iniciativa tem demonstrado que o esforço coordenado para a aplicação da lei na U.E. pode dar lugar a êxitos importantes na luta contra este tipo de crimes online, centrando-se nas áreas chave da prevenção e da sensibilização. Tenho a certeza de que o portal online vai continuar a melhorar nos próximos meses”. O portal está a trabalhar em melhorias de acessibilidade, tais como várias versões linguísticas, de modo a conseguir facultar suporte ao maior número de pessoas. Numa segunda etapa, o projeto dará as boas-vindas às novas empresas do setor privado que solicitaram a participação no “No More Ransom”. “A luta contra o ransomware será ainda mais bem sucedida quando as forças de segurança e o sector privado se unirem. Os analistas podem oferecer uma pesquisa ainda mais ampla do malware e também serviços como a exploração da Internet, ajudando a encontrar ligações entre os vários elementos dos dados. Isto permite à polícia localizar os servidores utilizados para executar o ataque. Em alguns casos, a visão dos investigadores também pode ajudar a localizar e apanhar os hackers responsáveis. Os servidores apreendidos podem conter chaves de descodificação e, quando partilhados com empresas do sector privado, isto pode-se transformar em ferramentas que ajudem as vítimas a desbloquear os seus dados sem ter de pagar aos hackers. Basicamente, a troca de informação é a chave para uma colaboração eficaz entre os investigadores policiais e de segurança. Conseguir mais agências policiais de diferentes países a bordo do projeto melhorará a troca de informação operacional, de forma a tornar o combate ao ransomware mais eficaz”, afirma Alfonso Ramírez, diretor-geral da Kaspersky Lab Ibéria. |