Estima-se que, até ao final desde ano, os investimentos em cibersegurança e soluções na nuvem em Portugal devem crescer significativamente, com um aumento de 15% no mercado de segurança
A IDC avança que o mercado de soluções de cibersegurança em Portugal deverá crescer mais de 15%, em 2024, totalizando 250 milhões de euros. Em paralelo, o mercado de cloud ultrapassará um aumento de 20%, aproximando-se de mil milhões de euros no mesmo período. Estes números, diz a IDC, refletem um crescimento significativo nos investimentos em tecnologia pelas organizações portuguesas, impulsionado por uma combinação de fatores como cibersegurança, regulamentação e introdução de novas tecnologias, incluindo a Inteligência Artificial (IA) generativa. Apesar do crescimento do mercado, o setor enfrenta um desafio persistente e cada vez mais crítico: a escassez de profissionais qualificados para suprir a procura em áreas essenciais. Este défice de talento impacta diretamente a capacidade das empresas em expandir e otimizar as suas operações, uma vez que a procura por especialistas em tecnologia e cibersegurança supera a oferta. “A procura por profissionais especializados aumentou, especialmente nas áreas de desenvolvimento de software, cibersegurança e análise de dados, mas a falta de talentos qualificados continua a dificultar a expansão das equipas”, destaca Gabriel Coimbra, Group Vice President e Country Manager da IDC Portugal, em comunicado. Esta escassez não só desacelera projetos estratégicos como também coloca em risco a competitividade e inovação das empresas, que precisam de profissionais com competências técnicas atualizadas para responder às novas exigências digitais e de segurança. Segundo a IDC, a pressão por talentos qualificados deverá continuar a intensificar-se nos próximos anos, com áreas como análise de dados, cibersegurança e desenvolvimento de software a crescerem, em média, 11%, 10% e 8% ao ano, respetivamente, entre 2024 e 2026. A lacuna entre a procura e a oferta nestas áreas representa, assim, um dos maiores desafios estratégicos para as empresas, especialmente num cenário de rápida digitalização e aumento das ciberameaças, onde a necessidade de segurança, inovação e competitividade é mais urgente do que nunca. Com o crescente impacto dos ciberataques, as empresas portuguesas enfrentam uma pressão cada vez maior para garantir a segurança dos dados e a conformidade regulatória. A implementação da diretiva NIS2, que visa reforçar a segurança digital e a resiliência das infraestruturas críticas na União Europeia, será um dos principais motores de investimento em tecnologia em Portugal. Esta nova legislação exige que empresas de setores essenciais, como energia, transporte, saúde e financeiro, cumpram rigorosos requisitos de cibersegurança, o que implica investimentos em sistemas de proteção avançados e na formação de equipas especializadas para garantir a conformidade. Os Estados-membros tinham até 17 de outubro de 2024 para incorporar os princípios fundamentais da diretiva NIS2 nas suas legislações nacionais. No entanto, Portugal não cumpriu o prazo estabelecido. Em resposta, o governo português aprovou recentemente dois diplomas na área da cibersegurança: a proposta de transposição da diretiva NIS2 e a criação de um novo regime jurídico de cibersegurança. Este novo regime será submetido a consulta pública no próximo mês, refletindo o compromisso do governo em fortalecer a proteção contra ameaças cibernéticas e assegurar a segurança dos sistemas críticos em Portugal. No entanto, a intensificação dos ciberataques e a necessidade de conformidade regulatória, especialmente em cibersegurança e proteção de dados, estão a motivar as empresas portuguesas a investir em tecnologia e infraestrutura robusta. A introdução da IA generativa representa uma inovação crucial, conferindo capacidades avançadas de deteção de ameaças e respostas de segurança, mas também ao apresentar novos desafios. As organizações estão a equilibrar o potencial da IA generativa com a necessidade de uma governação robusta dos dados e uma supervisão contínua para garantir a segurança e confiança. A IDC prevê que a integração da IA generativa com tecnologias emergentes, como a IoT e os sistemas autónomos, trará também uma nova era para a infraestrutura de nuvem. As empresas que liderarem estas transformações estarão mais preparadas para manter a competitividade e explorar novas oportunidades. Com a adoção de arquiteturas híbridas de nuvem quântica-clássica e sistemas de gestão autónomos alimentados por IA, os ambientes na nuvem tornar-se-ão auto-organizados e auto-otimizados, reduzindo a complexidade e aumentando a fiabilidade. À medida que as soluções baseadas em IA e computação na cloud se consolidam nas estratégias de segurança e infraestrutura digital, a confiança, transparência e a colaboração entre humanos e máquinas serão elementos-chave para o sucesso. A IDC destaca que o futuro da tecnologia em Portugal estará moldado pela forma como as empresas conseguem alinhar a inovação com a responsabilidade de proteger e otimizar os seus ambientes digitais. |