David Grave, Senior Cybersecurity Consultant da Claranet Portugal, fala do potencial da tecnologia Blockchain para vários setores de atividade e do seu valor para a cibersegurança.
Na sua opinião, qual será o principal setor a beneficiar de blockchain? A resposta mais óbvia seria o setor financeiro, mas temos assistido a projetos inovadores nas áreas de IoT, Supply Chain, Saúde, Energia, Direitos de autor e Cybersecurity. A Blockchain é uma tecnologia disruptiva que tem o potencial para alterar completamente algumas indústrias, permitindo adicionar valor a qualquer organização. Blockchain é algo recente e uma novidade para muitas organizações. Como é que as empresas podem implementar esta tecnologia nas suas operações? A blockchain, até pela sua associação às criptomoedas, não é totalmente compreendida pelos gestores de empresas. No entanto, o interesse em descobrir as suas potencialidades é cada vez maior. Como em qualquer tecnologia, a blockchain é uma ferramenta. Há primeiro que entender a tecnologia e os seus pontos fortes, para podermos efetivamente olhar para a nossa organização e ver em que é que ela nos pode ajudar a melhorar. Escolher implementar uma solução de blockchain na nossa organização não deverá ser uma decisão impulsiva, do tipo “temos de estar neste comboio o mais rapidamente possível”. Primeiro que tudo é necessário responder à pergunta: “porquê implementar esta tecnologia?” Deste modo, o passo inicial deverá passar sempre por entender o que é e como funciona a blockchain. Naturalmente que depende de empresa para empresa, mas é preferível uma organização adotar uma solução de blockchain mais abrangente ou mais específica para um determinado setor dentro da organização? Para tirar partido desta tecnologia não temos de substituir todas as nossas bases de dados pela blockchain. Uma blockchain é uma base de dados, mas uma base de dados não é uma blockchain – ou seja, não são permutáveis, no sentido em que ambas armazenam informações, mas diferem no design e no propósito. Temos assistido cada vez mais à utilização da blockchain em soluções específicas dentro das organizações, em projetos muito bem direcionados que tiram realmente partido dos pontos fortes desta tecnologia. Isto permite adicionar transparência, confiança e eficiência às operações, essencialmente pelas propriedades de imutabilidade e integridade de dados garantidas pela blockchain. As organizações nacionais já estão a olhar para blockchain? Já começam a implementar este tipo de soluções? Existem já várias empresas em Portugal que disponibilizam serviços ou têm projetos baseados em blockchain em várias fases de implementação, desde o setor financeiro, ao setor da energia e aos serviços públicos. São projetos que iriam de certeza apresentar várias dificuldades de concretização caso fossem usadas tecnologias mais tradicionais, mas que neste caso tiraram partido dos pontos fortes e disruptivos da blockchain. Isto significa a oferta de serviços que garantem de forma eficaz interoperabilidade entre bases de dados, integridade, imutabilidade, provas criptográficas e até descentralização, se assim for pretendido. O que se está a fazer em termos de blockchain associado especificamente à cibersegurança? A blockchain pode ser implementada de forma descentralizada e é, por isso, ideal para ambientes onde a redundância e a segurança são críticas. Uma vez que toda a informação armazenada numa blockchain é verificada e criptografada, consideramos que tem o potencial de impactar, de forma significativa, a área de cibersegurança. Por exemplo, permitindo a introdução de melhorias na integridade dos dados e na identidade digital, ou permitir a implementação de serviços resilientes a ataques DDoS. Neste momento temos em aberto a investigação de várias aplicações da blockchain à cibersegurança, concretamente: • Secure distributed DNS • Assinatura digital de documentos, com prova criptográfica • Identidade digital, baseada em chaves Privadas Biométricas • Gestão de ativos e IoT. Mais do que apostar no desenvolvimento desta tecnologia e das suas capacidades, o desafio atual passa sobretudo por estudar formas de trazer para o mercado estas novas soluções como um produto, de forma escalável, de fácil compreensão e utilização nas organizações.
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