Nas últimas semanas, o WhatsApp tem estado debaixo de fogo por causa da atualização da sua política de privacidade. O acontecimento levou a que muitos utilizadores deixassem de utilizar a aplicação e optassem por serviços concorrentes
Nos últimos tempos, é quase impensável alguém não ter o WhatsApp instalado no seu smartphone. Em 2020, o número de utilizadores da aplicação já ultrapassava os dois mil milhões e o crescimento anual anda à volta dos 500 milhões de utilizadores. No entanto, uma nova atualização da política de privacidade está a fazer com que uma quantidade de utilizadores acima do normal esteja a desinstalar a aplicação. Tudo porque a nova política assume que pode existir partilha de informação entre a aplicação de mensagens e a rede social do mesmo grupo, o Facebook. A empresa detida e fundada por Mark Zuckerberg comprou o WhatsApp em 2014 por 19 mil milhões de dólares e, pouco depois, foi colocada encriptação peer-to-peer dentro da aplicação de mensagens. Dois anos depois, em 2016, o WhatsApp deu a opção aos seus utilizadores de impedir a partilha de informação com a rede social. Agora, segundo o ARSTechnica, a nova atualização tira esta opção aos utilizadores. O meio de comunicação social relembra que o WhatsApp recolhe dados como o número de telefone do utilizador, números de telefone dos contactos dos utilizadores, nomes e fotografias do perfil, mensagens de estado – incluindo quando é que a pessoa esteve online pela última vez – e dados de diagnóstico recolhidos pelos logs da aplicação. De acordo com o ARSTechnica, sob os novos termos, “o Facebook reserva o direito de partilhar os dados recolhidos com a sua família de empresas”, que incluem não só o Facebook e o WhatsApp, mas também a CrowdTangle e a Onavo. Mensagens com empresas“Como parte da família de empresas do Facebook, o WhatsApp recebe e partilha informações com essa família de empresas”, indica a nova política de privacidade. “Podemos utilizar as informações que recebemos deles e eles podem usar as informações que partilhamos com eles para ajudar a operar, fornecer, melhorar, compreender, personalizar, oferecer suporte e comercializar os nossos serviços e as suas ofertas”. Já depois da polémica – e depois dos concorrentes Signal e Telegram terem visto a sua base de utilizadores aumentar exponencialmente –, o WhatsApp atualizou a sua FAQ para explicar a atualização da política de privacidade. “Queremos deixar claro que a atualização da política não afeta a privacidade das suas mensagens com os seus amigos ou familiares de forma alguma. Em vez disso, esta atualização inclui alterações relacionadas ao envio de mensagens a uma empresa no WhatsApp, que é opcional, e fornece mais transparência sobre como recolhemos e utilizamos os dados”, indica o WhatsApp. Para além de salientar que nem o Facebook nem o WhatsApp conseguem ver as mensagens por causa da encriptação ponta-a-ponta, o FAQ realça que há apenas três cenários onde os dados dos utilizadores do WhatsApp podem acabar nos servidores do Facebook, mas que qualquer um dos cenários está limitado a comunicações com negócios através do WhatsApp. Uma dessas opções é publicidade direcionada no Facebook, sendo que o WhatsApp irá informar os utilizadores que uma determinada empresa escolhe utilizar os serviços de hosting do Facebook para o efeito. Outra opção é a funcionalidade Shops, do Facebook, em que as empresas podem mostrar os seus produtos dentro do WhatsApp. Se os utilizadores do WhatsApp optarem por utilizar estas funcionalidades, serão informados de como os seus dados são utilizados. A última opção é através de anúncios no Facebook que incluem um botão para entrar em contacto com a empresa que a mostra através do WhatsApp. De fevereiro para maioOriginalmente, a nova política de privacidade iria entrar em vigor no dia 8 de fevereiro, onde os utilizadores teriam de aceitar a nova política ou deixar de utilizar a aplicação. No entanto, diz o ZDNet, a decisão foi adiada. Numa tentativa de combater a desinformação que rodeia esta atualização, o WhatsApp decidiu que a política de privacidade atualizada só entra em vigor a 15 de maio. Desta forma, os utilizadores “vão ser convidados a rever e a aceitar os termos” e “ninguém vai ter a sua conta suspensa ou apagada a 8 de fevereiro”. Com vista a combater a desinformação, o WhatsApp afirma que irá “fazer muito mais” para explicar “como a privacidade e a segurança funcionam” dentro da aplicação. Depois, “vamos pedir gradualmente aos utilizadores para reverem a política [de privacidade] ao seu ritmo antes das novas opções para empresas ficarem disponíveis a 15 de maio”. |