A Gartner destaca as três áreas principais afetadas pelo risco soberano digital e o que fazer para evitar perdas de receitas, danos à marca ou ações legais
A Gartner apresentou as suas previsões sobre o impacto da soberania digital, revelando que 30% das multinacionais serão fortemente afetadas pelo risco soberano digital não gerido até 2025. O vice-presidente analista da Gartner, Brian Prentice, afirma que, “nos últimos 30 anos, as multinacionais têm gerido operações de negócios tendo como pano de fundo a avaliação de riscos dos ambientes económicos e políticos dos países. Eles agora precisam de expandir o risco soberano para incluir o digital, a fim de evitar quaisquer consequências potenciais, à medida que ele se fragmenta cada vez mais ao longo das linhas nacionais e regionais”. De acordo com a Gartner, o conceito de soberania digital remete para a capacidade de um governo realizar políticas sem a imposição de impedimentos pelas regulamentações digitais de países estrangeiros diretamente aos seus cidadãos e às empresas domiciliadas, incluindo aquelas que são exercidas através de gigantes digitais sob controlo regulatório. Com a adoção de estratégias digitais soberanas por cada vez mais países, tem-se verificado o surgimento de “um conjunto complexo de obrigações regulamentares transjurisdicionais, restrições tarifárias, proibições de importação/exportação, protocolos tecnológicos específicos de cada país e requisitos de conteúdo local”, explica Prentice. “Dado o papel crítico do digital nas operações comerciais, os executivos devem compreender o risco soberano digital e o seu impacto nas condições empresariais”. Neste contexto, a Gartner indica as três áreas principais que são afetadas pelo risco soberano digital e que deverão ser geridas para evitar potenciais perdas de receitas, danos à marca ou ações legais. Em primeiro lugar, o número crescente de estratégias digitais soberanas poderá levar a fluxos de risco soberano digital para clientes multinacionais de fornecedores de tecnologia, explica a Gartner. Os setores e fornecedores de tecnologia estão a sofrer um aumento da concorrência entre as grandes potências, o que pode ter sido motivado pela pressão regulamentar crescente, pelas mudanças na política nacional e pelas respostas a acontecimentos geopolíticos súbitos. Um exemplo disto são as restrições a fornecedores de 5G como a Huawei ou a Nokia. Os fornecedores de tecnologia devem avaliar e mitigar de forma proativa o seu risco soberano digital, uma vez que poderá afetar significativamente as operações dos clientes multinacionais, de acordo com a Gartner. Para além disto, também as iniciativas de produção digital serão prejudicadas sem uma localização eficaz. Desta forma, a Gartner recomenda às empresas digitais a implementação de medidas para a gestão do risco soberano digital associado a cada produto digital, fazendo a localização contínua dos produtos e adaptando-os às regulamentações e às preferências locais, incluindo o idioma e a cultura dos clientes num mercado específico. As diferenças em padrões tecnológicos nacionais, bem como protocolos e estruturas governamentais afetam igualmente as decisões que são tomadas no âmbito da produção de produtos digitais para múltiplos mercados. A Gartner, por fim, indica que as empresas digitais serão apanhadas no meio da competição geopolítica digital. Para se destacarem no mercado digital e gerirem riscos geopolíticos, as empresas devem ter diretores de risco (CROs) que compreendam a tecnologia digital e as implicações dos fatores de risco soberanos digitais na sua organização, dada à crescente complexidade sobre esta matéria. |