Cloud XaaS

XaaS: onde tudo é um serviço

Atualmente, quase tudo é um serviço. Os tempos do modelo transacional estão a ficar para trás e as organizações procuram soluções que permitam escalar quando necessário, a qualquer momento. Os modelos as-a-Service permitem exatamente isso. Alcatel-Lucent Enterprise, CGI, Claranet, Microsoft, Noesis, OVHcloud e Schneider Electric dão a sua opinião sobre o estado do as-a-Service em Portugal.

XaaS: onde tudo é um serviço

O as-a-Service continua a crescer. No ano passado, mais de 80% dos líderes de IT estavam a adotar modelos as-a-Service nas suas organizações, mesmo existindo alguns desafios técnicos e de recursos humanos.

A cloud permite que todos estes serviços sejam adotados pelas empresas. A possibilidade de escalar a qualquer momento é um dos benefícios que as organizações encontram, deixando de estar restrito aos equipamentos adquiridos e que, agora, fazem parte do legado da empresa.

 

A IT Insight reuniu mais uma vez os participantes numa round table virtual.

 

 


“Os clientes procuraram garantir uma capacidade de resposta aos seus projetos mais críticos e com estratégias alinhadas à transformação digital” 

- André Coelho, Cloud Solutions Architect, CGI


 

Mercado em Portugal

O mercado português ainda está muito povoado por empresas que vendem no modelo mais tradicional, o transacional. No entanto, são cada vez mais aqueles que juntam algum tipo de serviço ao negócio e, aos poucos, vão ganhando negócio recorrente.

Depois, as organizações em si começam a apostar cada vez mais na opção as-a-Service. Os vários fornecedores de serviços cloud permitem que, através de um conjunto de cliques, qualquer organização possa usufruir de um determinado serviço que vai ao encontro das suas necessidades.

André Coelho, Cloud Solution Architect na CGI, indica que, “no panorama geral, os clientes continuam a procurar garantir uma capacidade de resposta aos seus projetos mais críticos e com estratégias alinhadas à transformação digital”.

No entanto, refere o representante da CGI, “existem duas velocidades”. É um facto que “a adoção de tecnologias cloud e os modelos inerentes tem vindo a ganhar terreno em Portugal de forma bastante consistente” nos últimos anos, por causa dos benefícios que o modelo apresenta.

Tipicamente, refere André Coelho, “as empresas com menor capacidade de investimento inicial são as que mais avançam neste tipo de tecnologias, porque o modelo de cobrança pay-as-you-go acaba por ser uma vantagem imediata”. Depois, as grandes organizações veem o tema a estender-se, muito por causa de outros fatores, como a dependência de sistemas legacy, por exemplo.

João Batalha, Partner Sales Lead da Microsoft, diz que é notório que existe uma adoção muito grande de soluções através de modelos as-a-Service. Com a rapidez de adotar soluções para os colaboradores trabalharem a partir de casa, a escolha recaiu, sobretudo, em modelos de subscrição e fez com que as organizações percebessem que, afinal, o modelo não é “um bicho de sete cabeças”. Com a questão do legacy, as soluções são mais híbridas nas grandes organizações; “nas pequenas organizações vemos uma vontade de adotar soluções as-a-Service, até porque tem um time-to-market muito mais rápido, principalmente se as soluções em si já estiverem desenvolvidas”, explica.

 


“Nas pequenas organizações vemos uma vontade de adotar soluções as-a-Service, até porque tem um time-to-market muito mais rápido”

- João Batalha, Partner Sales Lead, Microsoft


 

John Gazal, VP Sales & Marketing, Southern Europe & Brazil da OVHcloud, indica que “há dados interessantes da IDC que dizem que o mercado de cloud em Portugal está à volta de cem milhões de euros, num mercado de IT de oito mil milhões de euros. A cloud é uma parte pequena disso, mas é a de crescimento mais rápido, está a crescer a 20%”. Apesar de Portugal, assim como todo o mundo, estar a viver um momento difícil e diferente do habitual, as empresas perceberam que os recentes acontecimentos foram, provavelmente, “dos maiores impulsionadores da migração para a cloud e as-a-Service porque as empresas precisam disso”.

Aqui, diz Gazal, há algo que as organizações têm vindo a escolher: a multicloud. “As empresas decidiram recorrer a vários fornecedores e encontrar aquele que se adapta melhor às necessidades” e depois a cloud híbrida, a “solução perfeita que se ajusta a tudo isso”.

Pedro Dias, Country Manager da Alcatel-Lucent Enterprise, afirma que a estratégia que a empresa definiu comporta opções on-premises, para dar resposta à base instalada e soluções legacy, mas também ter uma oferta híbrida ou full cloud, algo que se mostrou como a opção “mais correta e flexível perante o atual cenário”.

No caso da Alcatel-Lucent Enterprise, “a obrigatoriedade de adoção de teletrabalho por parte das empresas” no início deste ano “veio acelerar a adoção de soluções híbridas ou full cloud”. Isto resultou numa “explosão do número de utilizadores da nossa plataforma Unified Collaboration-as-a-Service, o Alcatel-Lucent Rainbow”.

Rita Lourenço, Key Account Manager Secure Power Division Iberia da Schneider Electric, refere que a empresa tem um “portfólio muito vasto” que vai desde a energia até à parte de soluções para data center. “Na área de serviços, toda a gestão de data center é muito mais simplificada através da cloud e de forma remota”. A responsável acrescenta que o mercado de as-a-Service tem evoluído “muito bem”, e não só por causa dos últimos três meses.

Valter Fernando, Infrastructure Solutions Senior Manager na Noesis, explica que “o mercado vai evoluindo” e “todas as perspetivas são válidas”. No caso da Noesis, os clientes procuram soluções integradas, onde as soluções são entregues “como um serviço completo”.

O Infrastructure Solutions Senior Manager refere que não tem existido “nenhuma preferência de IaaS, SaaS ou PaaS; depende muito das necessidades que os clientes têm e das arquiteturas que temos de desenhar para cada um deles”. Atualmente, é preciso ter atenção ao facto de que “nem todos os workloads podem transitar para a cloud”.

Vasco Afonso, Head of Cloud na Claranet, afirma que o mercado de as-a-Service em Portugal depende “de quem consome o serviço”. “Se nos focarmos no end user, então o SaaS tem sido aquilo que mais cresce, olhando muito para as ferramentas de colaboração; esta pandemia contribuiu para um crescimento – se calhar a três digitos – de muitas destas plataformas”, diz.

O representante da Claranet explica, também, que, olhando para a área do negócio, “há as tais duas velocidades: a velocidade do legacy – onde as empresas estão a perceber que é muito difícil manter sistemas legados; no caso dos novos projetos, há situações onde o core corre em cima do legacy, mas depois tudo o que é digital, os canais para os clientes, corre praticamente tudo em cloud”. Em conclusão, Vasco Afonso refere que “os novos projetos já nascem na cloud e a tendência continua a ser essa”.

 


“Na área de serviços, toda a gestão de data center é muito mais simplificada através da cloud e de forma remota” 

- Rita Lourenço, Key Account Manager Secure Power Division Iberia, Schneider Electric


 

Efeito COVID-19

No início de 2019 – ou, mais tardar, no início de 2020 –, as organizações fizeram as suas previsões de negócio para este ano. Com a pandemia causada pelo novo Coronavírus, as empresas tiveram que rever – para melhor ou para pior – essas previsões.

Valter Fernando afirma que “o impacto da pandemia foi significativo” e a Noesis sentiu esse impacto “particularmente nos clientes”. No entanto, “a pandemia acabou por vir dar uma outra perspetiva que nos ajudasse a olhar para o disaster recovery ou business continuity de uma outra forma”.

Assim, “houve uma adoção destes modelos as-a-Service e hoje são percebidas pelas várias organizações as vantagens práticas que trazem estes modelos e como é que eles podem ajudar numa adaptação que hoje tem de ser muito rápida”, refere Valter Fernando. Por outro lado, muitas organizações “não conseguiram fazer exatamente essa adaptação porque não implementaram estes modelos de agilidade”. Hoje, as organizações encontram-se neste paradigma de necessitarem de o fazer e de adotar cloud e as-a-Service, mas acabam por restringir o seu investimento pela incerteza que atualmente se vive.

John Gazal refere que a maioria das empresas presentes na mesa redonda tem soluções significativas para alguns dos maiores desafios que as populações e organizações têm vindo a enfrentar nestes tempos. A OVHcloud assistiu a uma procura significativa de “empresas que estavam offline e, de repente, tiveram que ficar online, criar a sua página web, o seu site, e começar a oferecer o que quer que conseguissem online”.

Pedro Dias refere que o hardware sofreu um impacto negativo; por outro lado, os modelos híbridos ou full cloud foram “claramente melhores”. Segundo o Country Manager da Alcatel-Lucent Enterprise, vários clientes foram rapidamente obrigados a mudar “todos os seus agentes que faziam o atendimento para teletrabalho e isso obrigou a manter todos os sistemas que existem on-premises, e apenas a dotar os funcionários que estavam em teletrabalho de ferramentas de software ou, simplesmente, através de VPN e terem os seus telefones em casa”.

“O impacto que achamos mais importante de todos é aquele que chamamos de obrigatoriedade de utilizar ferramentas cloud ou as-a-Service, até pela simplicidade e rapidez de adoção, que permitiu às empresas e colaboradores um maior e melhor contacto com estas soluções”, explica Pedro Dias. “Dessa experiência de utilização, derivou uma maior consciencialização de que as ferramentas não são todas iguais; existem opções que não são adequadas aos mercados empresariais, seja pelas funcionalidades, seja pela segurança e confidencialidade dos dados”.

 


“A obrigatoriedade de adoção de teletrabalho por parte das empresas veio acelerar a adoção de soluções híbridas ou full cloud” 

- Pedro Dias, Country Manager, Alcatel-Lucent Enterprise


 

IaaS

Ainda que o Infrastructure-as-a-Service (IaaS) faça parte dos modelos mais conhecidos, há outros que não são habituais no dia a dia das empresas, como é o caso de comunicações ou networking como um serviço.

John Gazal refere que a OVHcloud trabalha “de perto com os clientes e com os parceiros porque a Infrastructure-as-a-Service é apenas o começo de uma jornada de transformação digital”. “O mercado de IaaS é muito interessante, particularmente nestes tempos em que as empresas assumem o CapEx; deste modo, os clientes podem converter os seus custos para custos operacionais e focarem-se no seu core business”. Depois, importa referir que o IaaS tem “uma dimensão muito importante de preços onde os custos “têm de ser transparentes; os clientes têm que compreender quanto lhes vão custar os próximos três a seis meses”.

Pedro Dias explica que, por questões históricas, a Alcatel-Lucent Enterprise “não é fundamentalista” da cloud ou de modelos as-a-Service e acredita que deve ser o cliente a escolher a solução que melhor responde às suas necessidades. Assim, a empresa está a trabalhar para complementar o portfólio com a inclusão de uma solução full cloud. Na área das infraestruturas, as empresas podem implementar e gerir através da cloud todos os acessos VPN e Wi-Fi de todos os seus colaboradores que estão em teletrabalho, algo que deverá continuar em muitas empresas, mesmo após este tempo de pandemia.

André Coelho (CGI) explica que “o que acontece com o IaaS é o risco de não lhe serem retirados os melhores proveitos com a implementação, ou seja, a otimização de custos, o dinamismo de recursos de computação, com tecnologias de auto-scaling sem interrupção”. Para isto, diz, “tudo depende da estratégia aplicada e as tecnologias desenvolvidas”.

João Batalha (Microsoft) refere que o Infrastructure-as-a-Service tem um “papel fundamental na adoção de cloud como um todo”. “É importante dar a confiança ao cliente, mesmo que no início não tirem o máximo partido da tecnologia. O IaaS é fácil de fazer, pode ser feito com soluções mais pequenas e que se vão fazendo máquina a máquina, e isso dá a confiança aos clientes de que funciona, ganham confiança nas comunicações, na segurança, algo que é fundamental para depois evoluir para soluções mais complexas”.

 


“Infrastructure-as-a-Service é apenas o começo de uma jornada de transformação digital”

- John Gazal, VP Sales & Marketing, Southern Europe & Brazil, OVHcloud


 

Soluções nacionais

Se é verdade que várias empresas internacionais começaram a fazer negócio em Portugal, é igualmente verdade que as organizações nacionais podem fazer o mesmo.

Qualquer empresa pode vender em qualquer lugar. Uma organização que antes se restringia ao território nacional pode, agora, vender os seus produtos num modelo as-a-Service a qualquer cliente de outro país, por mais distante que este esteja.

O Infrastructure Solutions Senior Manager da Noesis refere que “definitivamente há lugar para plataformas e serviços que são desenvolvidos em Portugal serem exportados para o resto do mundo”, até porque Portugal “é uma referência na produção de IT e temos uma grande capacidade de know-how técnico”.

A Noesis faz exatamente isso diariamente, exportando serviços e desenvolvimento de algum software para o resto do mundo, onde estas soluções são exportadas “quase de forma diária”. É preciso ter em conta, também, que o mercado nacional não tem capacidade para absorver tudo o que é produzido no país, sendo necessário para muitas empresas exportarem os seus produtos para o estrangeiro.

 


“Há lugar para plataformas e serviços que são desenvolvidas em Portugal serem exportadas para o resto do mundo”

- Valter Fernando, Infrastructure Solutions Senior Manager, Noesis


 

“Há algumas empresas, sobretudo startups que se tornaram rapidamente unicórnio, que tiveram sucesso porque o seu mercado não é nacional, é internacional”, refere o Head of Cloud da Claranet. Dando como exemplo a Farfetch e a Feedzai, Vasco Afonso refere que estas empresas tiveram sucesso porque o seu mercado é mundial; “se dependessem do consumo nacional, não teriam certamente um futuro muito brilhante”. Assim, “há claramente uma resposta positiva”; “os portugueses, mais pela necessidade, inovam bastante e conseguem fazer a diferença no resto do mundo”.

No caso da Claranet Portugal, e apesar de 95% dos serviços serem endereçados ao mercado nacional, alguns dos serviços desenvolvidos em Portugal para, por exemplo, gerir plataformas multicloud, são utilizados em todos os países onde a Claranet está presente.

“A Internet e a capacidade de comunicar globalmente torna o mercado mundial”, afirma João Batalha. “A cloud e as suas soluções trouxeram um boost enorme”. No caso da Microsoft, há um esforço para que os parceiros se possam internacionalizar e chegar a outros mercados. A questão de “onde é que vocês estão”, diz o Partner Sales Lead, só aparece muito mais à frente na negociação, exatamente porque “a cloud permite que o mercado seja global” e torna a questão da nacionalidade da empresa numa questão secundária. Se a solução for boa, as organizações adquirem a solução, independentemente de onde tiver sido desenvolvida.

 


“Os portugueses, mais pela necessidade, inovam bastante e conseguem fazer a diferença no resto do mundo”

- Vasco Afonso, Head of Cloud, Claranet


 

A Key Account Manager Secure Power Division Iberia da Schneider Electric refere que a empresa tem um portfólio a nível mundial, mas que há projetos-piloto que são desenvolvidos a nível local, nas várias regiões. A Schneider Electric conta com serviços de monitorização cloud que funcionam a partir da península Ibérica para mercados selecionados, como a América do Sul, onde são desenvolvidos um conjunto de serviços primários e secundários em português e espanhol que são treinados para monitorização de sistemas e infraestruturas críticas.

André Coelho explica que, na génese da CGI, está o desenvolvimento de soluções que depois são utilizadas para vários países onde o grupo está presente. Nessas soluções estão também algumas desenvolvidas em território nacional e que passam a ser consumidas tanto por clientes em todo o mundo, como pela própria CGI, internamente. Uma das soluções garante a operacionalidade e colaboração remota assistida por vídeo, onde toda a assistência é feita de uma forma colaborativa e em que não é necessário levar grandes equipas para fazer a reparação no local.

 
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