A cloud híbrida e a multicloud permitiram às organizações tirar partido do melhor de dois mundos. Arcserve, Cisco, Keepler, Logicalis, Redshift, Schneider Electric e Securnet apresentam a sua visão sobre as oportunidades e estratégias deste mercado
Flexibilidade e agilidade. Os diferentes modelos de cloud – cloud híbrida e multicloud – oferecem características que permitem colmatar e responder às necessidades dos diferentes negócios. As organizações necessitam, em primeiro lugar, de delinear uma estratégia que tenha em conta os detalhes do seu próprio negócio, aliando as várias clouds disponíveis com o on-premises. Nesta avaliação devem ser ainda tidas em conta questões como a segurança e o papel dos workloads relacionados com machine learning e inteligência artificial. Muitas organizações decidiram manter parte dos seus workloads on-premises. São decisões já amadurecidas e, por vezes, são mesmo o regresso a casa para cloud privada. Como é que está a ser feito este equilíbrio de manter on-prem versus na cloud e quais os motivos que levam os clientes a este tipo de decisão?
André Ribeiro, Data Center Services Sales Engineer, Schneider Electric: “Sentimos que parte da infraestrutura está a voltar para dentro do controlo das organizações, mesmo por causa da estratégia do seu negócio, para onde está a tendência da evolução até da tecnologia, num amadurecimento muito maior da indústria 4.0, que é aquilo que eu me estou agora aqui a referir e, de facto, se esse movimento já começou há uns anos, agora está a ficar cada vez mais maduro e com uma forte implementação em massa” Miguel Barreiros, Sales & Marketing Director, Securnet: “Aquilo que me parece é que hoje as organizações estão a criar um equilíbrio maior. Já perceberam que a cloud não é a solução para todos os problemas, mas a cloud pública ou, mais longe do edge, digamos assim, é a solução para muitos problemas. Diria que é no equilíbrio que estão as coisas e não deixa de ser curioso: se formos perguntar onde é que vão investir as organizações, nos próximos anos, e há estudos feitos sobre isso, há aqui um grande equilíbrio entre os on-prem e as clouds públicas” Pedro Morgado, Head of Cybersecurity & Cloud Solutions, Redshift: “Aquilo que temos visto é alguns movimentos de regresso a casa, para workloads mais complexos, para workloads associados ao big data, a segurança, ao arquivo de informação, também pressionados por alguma legislação que existe e que obriga a ter mais controlo sobre alguns dados. E, como tal, nós, integradores, temos de nos adaptar a isso e ajudar as organizações e as empresas a ter o melhor dos dois mundos: a elasticidade que a cloud nos dá e a escalabilidade” Nelson Fernandes, Datacenter & Hybrid Cloud Business Unit Manager, Logicalis: “Uma organização, quando decide fazer uma migração, seja ela de que ordem for, precisa, em primeira instância, de definir uma estratégia clara em consonância com os desafios e objetivos que o negócio coloca ou que, pelo menos, antecipa colocar. E, a partir daqui, deverá compreender onde é que a cloud, ou não, poderá acrescentar valor. Portanto, ponderando os benefícios e os riscos para se desenvolver, a partir daí, uma estratégia clara de implementação” Vasco Sousa, Channel Account Manager, Arcserve: “Vejo muitas empresas que antigamente pretendiam ou preferiam ter o servidor de email dentro de portas; agora, uma startup nem pensa duas vezes em colocá-lo na cloud, porque acho que faz sentido avaliar regularmente qual é que é a melhor opção e, essencialmente, até verificar, aqui falando um bocadinho contra nós próprios fabricantes, se não há entraves que são colocados a estes movimentos futuros de repatriação de soluções e de dados de um lado para o outro” A cloud híbrida e a multicloud dependem de uma grande interconetividade entre locais. Aplicações como IoT e outras que precisam de baixa latência estão a levar a computação até ao edge. A computação será cada vez mais descentralizada. Como é que os fornecedores estão a responder a estes desafios?
Miguel Barreiros, Securnet: “Depois das migrações por acidente ou por catástrofe, como foi o caso da pandemia, agora estão a fazer-se adaptações, e os próprios fornecedores também estão a adaptar os seus modelos a isso mesmo. Nós vemos os fornecedores de cloud pública a oferecerem soluções no edge, com hardware próprio ou com hardware de terceiros, e estamos a ver os tradicionais fabricantes de hardware a fazerem o contrário: a entregarem uma experiência de cloud baseada nas suas infraestruturas” André Ribeiro, Schneider Electric: “Depende de uma grande interconetividade entre sites, robustez e disponibilidade. E é mesmo nesse sentido que, enquanto fabricante, a Schneider Electric concebe e tem desenhado até ultimamente soluções e produtos que dão resposta a esta necessidade, que é manter uma taxa de disponibilidade muito próxima dos 100%, se não mesmo de 100%, e com a robustez que é conhecida pelos produtos que nos caracterizam também” Nuno Brás, Solutions Engineer, Cisco: “Quando há esta descentralização, às vezes também é necessária uma flexibilidade. Eu acho que o mercado está a ir nessa direção cada vez mais rapidamente, e está a maturar o facto de poder ter os workflows tão facilmente num edge, como poder tê-los centralmente numa cloud, ou quem diz numa cloud diz em multicloud. Seja Azure, seja AWS, seja Google, há essa flexibilidade e a tendência é para isso” Pedro Matos, Principal Business Development, Keepler: “Há aqui um paradigma, na parte de data, na arquitetura de dados, que começa a aparecer, e muita gente que está ligada ao mundo já começa a ouvir falar do conceito data mesh e as aproximações, também usando data fabric. Tanto uma como outra são aproximações que aparecem. Já há muitos vendors, tanto os hyperscalers, como outras soluções no mercado, que já aparecem com soluções deste género” O armazenamento é, para muitas empresas, a forma inicial da adoção de cloud. Como é que está a evoluir a adoção da cloud como backup ou outras formas de storage?
Vasco Sousa, Arcserve: “Olhamos para a cloud como um recurso. Depois, começamos a aperceber-nos de outras vantagens da sua utilização, não só em termos dos próprios serviços, porque se calhar a questão de termos um Backup-as-a-Service depois começamos a perceber que, se calhar, ao invés de ter só um Backup-as-a-Service até posso ter Disaster Recovery-as-a-Service, ou seja, poder levantar as minhas máquinas mais críticas na cloud para poder ter ali uma continuidade de negócio em caso de algum desastre” Pedro Matos, Keepler: “Claramente que a cloud veio trazer uma capacidade que era economicamente difícil de replicar num ecossistema on-prem. E, naturalmente, olhando para aquilo que os hyperscalers hoje estão a fazer, por exemplo, a Amazon com o S3, a Azure com o Data Lake ou o Big Data da Google, são sistemas de armazenamento que estão preparados para este paradigma do Analytics. E, ao mesmo tempo, todos eles, ao terem estes ecossistemas focados para Analytics, estão ligados a soluções de backup” Pedro Morgado, Redshift: “Aquilo a que temos assistido é que cada vez mais existem soluções que utilizam o agente do próprio posto de trabalho ou de soluções muito próximas do utilizador final para fazer também o backup da informação que o cliente utiliza no dia a dia para a cloud. Está a ser visto quer pela Microsoft, com a entrada do mundo 365, mas também assistimos a outros fabricantes que fazem e adotam posições semelhantes e que procuram trazer para a proteção do trabalho desenvolvido pelo utilizador este conceito de backup direto” Qual é o impacto que os workloads relacionados com machine learning e com inteligência artificial têm na estratégia de cloud/multicloud nas empresas?
Pedro Matos, Keepler: “Este fenómeno de machine learning e inteligência artificial e, claramente, a generative AI, são tudo fenómenos e use cases que puxam claramente a utilização da cloud e foi este o driver, mais o machine learning e a inteligência artificial, que levou muitas empresas a pensarem como é que poderiam implementar isto, como é que poderiam tirar valor dos dados e levou-os a ter essa componente na cloud” Nuno Brás, Cisco: “Quando eu falo em cloud é sempre importante multicloud, claro, para ter uma flexibilidade sobre onde colocamos as coisas, mas on-prem tem os seus desafios e as suas vantagens. Mais uma vez: depende de caso a caso. A cloud veio efetivamente dar uma flexibilidade, em que se é preciso uma solução, dar um spin mais rápido, se calhar com uma adaptação de custos, consoante o uso, dependendo do negócio” André Ribeiro, Schneider Electric: “As organizações, tendencialmente, estão a aplicar e, se não estão a aplicar, vão aplicar nos próximos tempos e, portanto, isso vai exigir muito consumo energético e era isso que eu gostava de referir, que é um dos principais impactos que vai ter nas empresas que têm de estar conscientes de como é que vão conseguir, pelo menos, adotar modelos de eficiência energética e na parte dos consumos desses workloads e dessas adoções, desses modelos, porque, de facto, vão contribuir muito para o consumo energético” Nelson Fernandes, Logicalis: “Quando falamos e quando enquadramos machine learning e inteligência artificial na estratégia de cloud nas organizações, eu acho que revela, desde logo, o nível de maturidade em que essas organizações se encontram, pelo que optar por uma abordagem híbrida ou multicloud pode sinceramente ajudar a mitigar riscos, aumentar a resiliência e, inclusivamente, aumentar custos, que é sempre uma questão que está sempre presente em qualquer discussão com os clientes” Estes workloads lidam muitas vezes com os dados mais sensíveis das organizações e é difícil, se não impossível, manter as barreiras colocadas até agora em torno de dados críticos. Onde é que entra aqui a cibersegurança?
Nelson Fernandes, Logicalis: “A segurança deve ser vista como parte de um pacote para uma AI responsável e segura, com transparência. As organizações devem ser capazes de também explicar como é que os sistemas de AI operam; falar-se de privacidade e segurança – os developers devem adotar práticas robustas de segurança de dados e garantir que todas as questões e as políticas de regulamentação ao nível do GDPR são tratadas devidamente” Pedro Morgado, Redshift: “É preciso, de facto, fazer uma avaliação muito concreta das necessidades do cliente, das suas características específicas de negócio, inclusive da sua pegada digital dentro da Internet, porque não basta só segurar aquilo que são os seus ativos, mas temos de perceber o que existe e aquilo que está a ser feito ou a ser consumido do cliente fora da sua infraestrutura, aquilo que é público e está exposto” Nuno Brás, Cisco: “A segurança não é um tópico, não é um add-on, já não é um silo, não é algo que se põe on top, não é algo que se põe no perímetro; é algo que está nativo em todo o lado e cada vez mais deixou de ser tanto perímetro e cada vez mais vemos as soluções a irem mais perto das aplicações. Obviamente, com a AI, é preciso ter em atenção uma coisa, mas, ao mesmo tempo, podemos usá-lo: a escala é completamente diferente com AI, tanto pode usado para o bem como para o mal” Vasco Sousa, Arcserve: “Temos de fazer backup aos dados porque não é por estarem na cloud que deixamos de ter essa responsabilidade de ter de fazer backups aos dados e, portanto, com a questão do perímetro aqui muito difuso, já não é uma questão de termos aqui o nosso castelo com uma boa fechadura na porta de entrada. Passa por procedimentos, estratégias de zero trust” Miguel Barreiros, Securnet: “Os dados têm de estar, desde a nascença, de mãos dadas com a cibersegurança. A própria criação dos dados, a angariação dos dados, a recolha dos dados e o armazenamento tem de ter intrínsecas às questões da cibersegurança ou então isto vai correr tudo muito mal, precisamente porque o perímetro muda a cada instante” A gestão dos custos de ambientes complexos de multicloud, o lock-in e a atualização ou descontinuidade de apps por parte dos cloud providers são alguns problemas com que as organizações têm de lidar. Como simplificar esta gestão e que soluções existem?
Nuno Brás, Cisco: “Temos de usar a escalabilidade das ferramentas, que vão fazer este trabalho por nós, nomeadamente em termos dos custos, algo que facilmente se liga numa dada empresa, num dado ambiente, que se liga a qualquer uma e que obtenha toda essa informação, que está disponível por API” Pedro Matos, Keepler: “Na gestão de recursos de cloud e multicloud há uma coisa que é fundamental: a gestão eficiente de recursos. Em qualquer cloud provider, qualquer vendor, quando estamos na cloud, têm ferramentas que permitem gerir os custos”
Pedro Morgado, Redshift: “Importante é ter alguma previsibilidade sobre aquilo que são os custos na cloud. Para isso já existem realmente algumas plataformas que podem ser utilizadas para gestão de multicloud” André Ribeiro, Schneider Electric: “Cada organização é única e, portanto, cada abordagem para simplificar a gestão desta multicloud também pode variar, mas, ainda assim, passam sempre por aplicações baseadas agora atualmente em inteligência artificial e machine learning, que vão tomar depois as melhores decisões com base na informação” Miguel Barreiros, Securnet: “Uma boa estratégia é ter uma solução integrada. Essa integração permite fazer uma gestão da complexidade multicloud que existe, otimizar recursos, ajudando-nos a reduzir as questões relacionadas com a segurança, através da criação de políticas muito restritivas” Vasco Sousa, Arcserve: “Na componente de backup e de disaster recovery acabamos por ter aqui a vida um bocadinho mais facilitada. Obviamente temos conectores para clouds públicas para alojamento de backups, mas também temos as nossas próprias soluções cloud e aqui a questão de podermos ter a temática de backup e disaster recovery dentro de um fabricante pode, de alguma forma, simplificar este tema” Nelson Fernandes, Logicalis: “Fazer aqui o enfoque ao serviço que hoje a Logicalis apresenta aos seus clientes – o Production Ready Cloud FinOps – que, na prática, providencia ao cliente todas estas questões através, naturalmente, de uma plataforma inteligente baseada em inteligência artificial e machine learning” |