O novo mundo do as-a-Service

A necessidade de transformação digital das organizações levou a que muitas soluções passassem a ser consumidas como um serviço, trazendo vários benefícios para as operações das empresas. Bravantic, Lenovo, Microsoft e Noesis partilham a sua opinião sobre o mercado de cloud e de XaaS – tudo como um serviço

O novo mundo do as-a-Service

Nos últimos anos, o IT teve de dar resposta a rápidas e imperativas mudanças na forma como as organizações operam, levando a verdadeiras alterações do negócio. Tanto os mais tradicionais SaaS, PaaS e IaaS como os não tão comuns Comunications-as-a-Service ou mesmo Device-as-a-Service viram um crescimento exponencial na sua adoção.

A tecnologia em cloud passou de um objetivo de futuro para uma necessidade urgente de ininterrupção de negócios. A cloud mantém as organizações a operar remotamente neste tempo de confinamento, providenciando um local de trabalho, mantendo o alinhamento de fornecedores e Parceiros, e, sobretudo, permitindo dar seguimento às receitas com os atuais e novos clientes, alterando, desta forma, o cenário dos negócios para sempre.

Depois dos anos da pandemia, em que ponto é que está o mercado de as-a-Service? Está mais consolidado?

José Gomes, Associate Director IT Operations, Cloud & Security, Noesis: “O mercado de as-a-Service está bem e recomenda-se. O ambiente da pandemia levou a um boost gigante deste tipo de aplicações e deste tipo de modelos. Esse boost deveu-se, basicamente, à rapidez que as organizações tiveram para se adaptar aquele novo normal. Por outro lado, e percebendo esta dinâmica de mercado, a comunidade de IT soube identificar essa oportunidade e adaptou-se a essa nova realidade”

Rui Veloso, Cloud Solution Specialist, Microsoft: “Viu-se uma aceleração do que já era uma tendência na adoção destes modelos as-a-Service. Viu-se, também, uma maturação do ponto de vista de mercado e das organizações na utilização deste tipo de soluções e já começam a ver estas soluções como peças e não como soluções completamente 360º que endereçam todas as necessidades; começam a ver como peças das suas arquiteturas de negócio e tecnológicas”

Luciano Zoccoli, Solution Architect, Lenovo: “O salto tecnológico que foi dado durante a pandemia foi muito grande; é um salto tecnológico quase de dez anos por parte das empresas que o fizeram. A única forma de fazer este tipo de salto tecnológico através de soluções as-a-Service; era algo que estava disponível e que podia criar estas vantagens. A única forma de responder às exigências do mercado era através do as-a-Service”

Mário Acúrcio, CTO, Bravantic: “O mercado está agora mais consolidado. Temos de olhar para o mercado e ir de encontro às necessidades dos clientes. Contratando algo as-a-Service tem de se garantir níveis de serviço, não só da transformação de CapEx para OpEx ou da resiliência e alta disponibilidade, mas o nível de serviço que se contrata e está adjacente a esse mesmo as-a-Service”

Por esta altura, as empresas têm a perceção dos benefícios que a adoção de um modelo as-a-Service pode trazer para a sua operação ou ainda se reduz apenas ao custo das soluções?

Luciano Zoccoli, Lenovo: “Neste momento, a maioria das empresas tem uma noção clara, é consciente, até porque foram, de alguma forma, obrigadas a pensar no assunto; a pandemia fez, pelo menos, a consciencialização. Os cadernos de encargos atuais mostram que os clientes estão conscientes de que o as-a-Service pode ser para eles, quais são as vantagens e, também, quais são as limitações, questionando- se sobre a resiliência das soluções que têm”

José Gomes, Noesis: “Se ficar comprovados alguns requisitos mandatórios para o negócio como a redundância, a alta disponibilidade, algo que – devido a esta nova arquitetura – permita não parar o negócio, o cliente opta por uma solução SaaS. Na realidade, isto significa que essa barreira foi claramente ultrapassada, que existe hoje uma apetência natural para este tipo de modelos porque, no fim do dia, é encaixar esta peça na sua arquitetura”

Rui Veloso, Microsoft: “O time-to-market é, claramente, um valor que as organizações procuram ao adotar este tipo de modelos. As organizações querem focar-se no core business, em acrescentar valor, diferenciar-se no mercado e endereçar rapidamente as suas necessidades. Muitas organizações veem mais valor nas soluções as-a-Service mesmo que prefiram o on-premises por causa da panóplia de tecnologias que envolvem estas soluções”

Como se mede o ROI das soluções agora fornecidas como um serviço?

 

“A adoção de algumas soluções as-a-Service procurou garantir que, rapidamente, as pessoas podiam continuar a trabalhar a partir de casa”


Mário Acúrcio, CTO, Bravantic

Mário Acúrcio, Bravantic: “Estes cálculos de retorno de investimento sempre foram feitos mesmo com as soluções tradicionais. Com uma solução as-a-Service, não podemos fazer uma comparação direta com o custo do hardware; temos de olhar não só para a componente de hardware, como para equipas técnicas e todo o ecossistema que está por trás. Quando adquirimos algo as-a-Service, estamos a contratar um nível de serviço, competência técnica, toda a redundância, toda a resiliência”

Rui Veloso, Microsoft: “O que as organizações veem e medem, tipicamente, não representa o todo do que é o TCO, de gerir as soluções ou a infraestrutura. Isto é um tema comum que, quando vamos para alguns cenários – como Office 365 – já não se coloca tanto. Quando começamos a olhar para cenários de data center, este tema volta a surgir onde o tema do retorno do investimento é algo que é sempre um tema que é preciso provar”

Quando as organizações procuram soluções como um serviço, qual é o principal ponto motivador para essa procura? É a facilidade de gestão, o aumento de produtividade ou a redução dos custos?

Mário Acúrcio, Bravantic: “A procura varia de organização para organização. Muitas vezes, vemos que as empresas optam por estas soluções para simplificar a gestão porque não têm equipas devidamente qualificadas ou não têm recursos suficientes. Mesmo com a crescente onda de ciberataques, as empresas não têm equipas e equipamentos devidamente certificados na área de segurança. Isto leva a que se contrate como um serviço, por exemplo, a proteção de perímetro”

O modelo as-a-Service pode ser uma alternativa para as infraestruturas de computação e armazenamento?

“Quantos mais pontos colocamos para serem analisados, mais vantagens conseguimos mostrar para as empresas que estas soluções podem trazer”


Luciano Zoccoli, Solution Architect, Lenovo

 

Luciano Zoccoli, Lenovo: “Sem dúvida nenhuma que é uma alternativa. No entanto, podemos ir um bocadinho mais além e pensar nas soluções híbridas utilizadas como cloud. A Lenovo tem uma solução que permite adquirir todos os produtos que podem ser comprados, podem ser comprados como as-a-Service, mesmo os PC, servidores, storage… tudo. Depois, podem ser integrados com serviços e soluções por parte do parceiro”

Hoje, existe uma alargada panóplia de soluções as-a-Service. O que é que os clientes mais procuram na sua jornada de transformação digital?

Rui Veloso, Microsoft: “Existem clientes com diferentes necessidades, diferentes graus de maturidade e diferentes constrangimentos. A oferta híbrida torna o processo de transição transparente para as organizações e com uma oferta bastante holística, incluindo multicloud. Há clientes que têm regulação própria ou necessidades particulares do ponto de vista de latência ou proximidade; isso são temas muito relevantes”

A digitalização do negócio representa uma oportunidade única para as organizações ganharem vantagem competitiva num mercado em constante disrupção. Quais são as principais necessidades que sentem por parte dos vossos clientes?

José Gomes, Noesis: “Se, num primeiro momento, as organizações procuraram sobreviver num contexto adverso e inesperado, hoje o tema mudou. As empresas procuram ganhar vantagem competitiva em mercados onde os paradigmas são completamente diferentes e onde se valorizam as capacidades digitais. Essa aceleração da digitalização da economia trouxe vantagens imediatas, mas também alguns desafios”

O aumento da produtividade das equipas - sejam ou não de IT - é um ponto tido em conta na altura de adotar uma nova solução na cloud?

 

“Quando começamos a olhar para cenários de data center, este tema volta a surgir onde o tema do retorno do investimento é algo que é sempre um tema que é preciso provar”


Rui Veloso, Cloud Solution Specialist, Microsoft

Rui Veloso, Microsoft: “Claramente que sim e é um dos fatores diferenciadores, quer desde a implementação do projeto, quer da forma como se gere; estamos a falar de IT e de negócio. A capacidade de evolução e das features vão surgindo à medida que se vai usando. Se andarmos uns dois ou três anos para trás, havia organizações onde as pessoas, para fazer algum do seu trabalho, tinham que se deslocar fisicamente aos escritórios das organizações e, hoje, está democratizado a forma de trabalhar remotamente”

Mário Acúrcio, Bravantic: “A produtividade é importante, seja no IT ou não. Contudo, o maior fator foi a continuidade do negócio, ou seja, garantir que o negócio continua a proliferar da maneira que já estava; se puder haver um aumento, excelente. A adoção de algumas soluções as-a-Service procurou garantir que, rapidamente, as pessoas podiam continuar a trabalhar a partir de casa. Muitos de nós trabalhamos mais em casa, trabalhamos para além da hora, e acaba por haver mais produtividade”

Luciano Zoccoli, Lenovo: “Voltamos à questão do ROI e aos pontos que temos sempre de olhar. Quantos mais pontos colocamos para serem analisados, mais vantagens conseguimos mostrar para as empresas que estas soluções podem trazer. Podem levar a vantagens também em termos de produtividade. As empresas têm hoje dificuldade em adquirir pessoas e skills e pôr uma solução as-a-Service facilita esse tipo de adoções, de utilizações de serviços”

Dada a complexidade e a falta de recursos humanos na área, as soluções de cibersegurança são, muitas vezes, adotadas como um serviço. Qual é a principal razão para a adoção deste tipo de serviços?

“As empresas procuram ganhar vantagem competitiva em mercados onde os paradigmas são completamente diferentes e onde se valorizam as capacidades digitais”


José Gomes, Associate Director IT Operations, Cloud & Security, Noesis

 

José Gomes, Noesis: “Temos tido um salto quântico naquilo que é a consciencialização dos temas de segurança e isso obriga a estar na agenda dos CEO. O tema dos recursos humanos é um tema central e é uma das principais barreiras na adoção de capacidades de cibersegurança e isso significa que é um problema de escala. O que é preciso é encontrar soluções mais ou menos criativas que consigam determinar, face ao que é a arquitetura e a cada ponto específico da organização”

Mário Acúrcio, Bravantic: “As ofertas as-a-Service na componente de segurança são procuradas pelas empresas por causa da escassez de recursos e pela falta de informação na tecnologia – porque com o crescente número de ameaças, é importante conhecermos os melhores mecanismos para nos protegermos. Na área da segurança os recursos são caros. Ao trabalhar em escala, é possível ter equipas que dão um nível de suporte de forma global, com um conhecimento mais alargado e estão mais preparadas para qualquer tipo de ameaças”

Luciano Zoccoli, Lenovo: “É um fator importante porque, em cibersegurança, a atualização das metodologias e a evolução dos ataques obriga a uma capacidade de know-how do que se quer defender. A única forma que as empresas têm para estar atualizadas nesta vertente é entregando a alguém que tem o nicho de mercado, que tem uma capacidade de know-how e resposta que podem ajudar de facto as empresas. É muito difícil para as próprias empresas terem a capacidade de estarem constantemente atualizadas com esta tipologia de serviço internamente”

Como será o futuro do mercado de as-a-Service? As organizações vão continuar a apostar nestes modelos?

Mário Acúrcio, Bravantic: “O futuro é algo incerto, no entanto, se formos olhar para as tendências de mercado, sem dúvida que as organizações vão continuar cada vez mais a olhar para este tipo de soluções. Cada vez mais é importante que as empresas consigam estar mais atentas ao mercado e junto aos clientes para criar pacotes que cumpram os objetivos e consigam acompanhar os desafios que as organizações vão tendo diariamente”

Luciano Zoccoli, Lenovo: “Do lado do fabricante temos um ponto de vista interessante. Vemos que está a ser feito um grande investimento na vertente de as-a-Service, não só em infraestrutura, de pegar em toda a sua oferta e disponibilizá-la ao mercado como um serviço. Quase todo o software é fornecido como as-a-Service, que significa que o cliente paga por aquilo que está a utilizar. A partir do momento em que o cliente entra neste conceito, acho difícil que isso volte atrás”

Rui Veloso, Microsoft: “O mindset das pessoas e das organizações tem estado a mudar e acho que vai continuar a evoluir. Estamos a falar de software e tecnologia e é um dos mais fáceis [de consumir como serviço] e está com um grau de maturidade maior, uma aceleração maior. O contexto ajudou esta aceleração, mas acho que isso vai continuar a evoluir na mesma medida, a acelerar exponencialmente, e, inclusivamente, expandir-se para negócios e mercados onde não estávamos habituados a ver este tipo de modelos”

José Gomes, Noesis: “As tendências atuais levam a que quem disponibiliza serviços tenha essa própria tendência de disponibilizar esses serviços nessa lógica. O próprio IT é um serviço, mesmo um interno – é um meio para atingir um fim, que é o sucesso empresarial. A oferta vai continuar a diferenciar; isso passa pelos fabricantes entenderem que o futuro próximo passa por estes modelos. Pelo lado dos integradores, passa por encontrar, face às adversidades, soluções imaginativas e criativas numa lógica de verdadeira parceria com os clientes”.

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