O Futuro das Aplicações e Plataformas de Negócio

As aplicações e plataformas empresariais estão a moldar os negócios e, numa altura em que tudo muda tão rapidamente, posicionar eficazmente a organização para o futuro é crucial para a sua rentabilidade a longo prazo. Claranet, Generix, Microsoft, Pagero e Pontual partilham a sua visão e experiência do mercado de plataformas e aplicações de negócio.

O Futuro das Aplicações e Plataformas de Negócio

As plataformas e soluções de software empresarial têm procurado acompanhar as transformações dos últimos anos. Com o objetivo de gerir operações, melhorar a eficiência e facilitar a tomada de decisões, as aplicações de negócio integram os mais diversos contextos e as plataformas de negócio garantem o apoio à criação, integração e gestão de várias aplicações, fornecendo a infraestrutura necessária para um funcionamento integrado e eficiente.

Neste contexto, e com o surgimento de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA), as aplicações e plataformas de negócio oferecem uma maior capacidade de automatizar processos, analisar grandes volumes de dados e escalar operações que vão ao encontro das necessidades da empresa.

O software empresarial tem sofrido alterações nos últimos anos. Ainda faz sentido falar em software de gestão, ou, atualmente, o software utilizado já vai para lá da simples gestão da empresa? Quais são as principais evoluções que notaram no mercado?

Nuno Paiva, COO & ERP Units Manager, Pontual

 

Nuno Paiva, COO & ERP Units Manager, Pontual: “Sentimos que as soluções empresariais evoluíram significativamente e hoje já vão muito para além daquilo que era o vulgar sistema de gestão, muito virado para aquilo que era o apoio a cumprir os prazos legais, a cumprir as questões fiscais. Temos sentido uma evolução grande, mas, ao mesmo tempo, e olhando para a nossa realidade nacional, para um tecido empresarial composto maioritariamente por pequenas e por microempresas, ainda sentimos que ainda está muito virado para aquilo que é cumprimento da obrigação legal e fiscal. Nas empresas de maior dimensão sentimos já uma procura por soluções verticais para resolver problemas mais específicos”

Hugo Gonçalves, Head of Business Development Enterprise Applications, Claranet: “Mais do que um software de gestão, hoje quase que é um software de transformação. Muitas das vezes são os integradores ou fabricantes das plataformas que desafiam as próprias organizações e a trazer inovação àquilo que poderá ser a forma de olharem para os processos, de olharem para a colaboração e de interagir com a informação. Hoje existe uma velocidade muito grande do ponto de vista de evolução, que obriga a acompanhar as novas ferramentas e novas componentes que podemos integrar dentro daquilo que são as soluções para depois desafiar as próprias organizações a olharem de forma diferente para a forma como hoje operam, para a forma como hoje colaboram. Claro que hoje está a ser muito impulsionada e acelerada pelo que é a adoção e implementação da inteligência artificial”

Eduardo Bentes, Business Development / Alliance & Channel Manager, Generix: “Atualmente, diria, estamos a sofrer a explosão da transformação digital, que chamaria de aceleração digital. Aquilo que notamos no mercado em termos de evolução do software vai muito para além de evoluir a tradicional ferramenta de gestão, o conceito dos ERP em si, e cada vez mais entra o tema da integração de sistemas como algo de extrema relevância e estratégico para as organizações porque cada vez mais se trabalha em cima de plataformas. É na interligação entre estas plataformas que se consegue obter os dados em tempo real para nos ajudar a tomar decisões”

Os silos de informação e a falta de formação dos colaboradores continuam a ser um problema para a adoção de novo software nas empresas? Que estratégias sugerem para superar estes obstáculos e garantir uma implementação eficaz?

 

Rute Cardoso, Sales Manager for Modern Work and Business Applications, Microsoft

Rute Cardoso, Sales Manager for Modern Work and Business Applications, Microsoft: “A existência de silos de informação e a falta de formação de colaboradores continuam a existir e são, muitas vezes, inibidores de adoção, mas, curiosamente, são um motivo para a adoção de algumas tecnologias. Vemos este cenário várias vezes em empresas que crescem muito de repente ou que tentam diversificar o seu portfólio de soluções para o mercado e depois junta-se informação que fica só dentro daquele departamento e isto depois cria a dificuldade de partilha uniformizada com outras unidades de negócio. Isto coloca um desafio até ao crescimento e à resposta informada das empresas nas decisões que tomam. Os efeitos negativos são diversos também para as pessoas, na produtividade das organizações e, nomeadamente, na duplicação de esforços”

Hugo Gonçalves, Claranet: “A adoção tem de ser um tema que tem de se trazer logo no início, quando se está a trabalhar aquilo que são os vetores de inovação e de implementação de novas soluções e envolver as pessoas na fase inicial pode ser um fator importante naquilo que poderá ser mais tarde a adoção dessas próprias plataformas. Acho que se cometeram alguns erros no passado de focarmos mais no como fazer e como utilizar e muitas vezes não explicamos o porquê; não demos a visão global do porquê que era necessário adotar e implementar um determinado tipo de tecnologia e não tivemos essa reciprocidade das pessoas no final”

Duarte Machado, Key Account Manager, Pagero: “Os softwares hoje são softwares de transformação e a velocidade dessa transformação é muito grande, quase diária. Acredito que uma das principais estratégias de superação é envolver os colaboradores, mas, sobretudo, envolver as lideranças. É muito importante, em processos de cada vez mais superação e estratégias de superação no que toca à formação, ter sponsors de projetos que façam parte da liderança, garantindo assim que exista um apoio nessa transição e que promova a mudança cultural. Temos de entender que as empresas vivem de uma cultura imposta que está em constante mutação e as empresas cada vez mais se tornam ambiciosas em termos de objetivos, quantitativos e qualificativos”

Nuno Paiva, Pontual: “O Excel continua a estar muito disseminado. Mesmo em grandes organizações encontramos o Excel a gerir pequenas questões, mas que são grandes desafios que as empresas têm dentro das suas operações. Isso é um desafio enorme e é preciso envolver as pessoas desde o início, olhar para os processos não como processos as is, mas olhar de forma a transformá-los também. O desafio que temos é olhar para um processo e perceber onde é que o podemos melhorar e como podemos acrescentar valor”

Como é que o software que oferecem se integra com as plataformas de dados existentes nas organizações? Qual tem sido o impacto de tecnologias como a Inteligência Artificial e o Machine Learning na estratégia de transformação digital dos vossos clientes?

Duarte Machado, Key Account Manager, Pagero

 

Duarte Machado, Pagero: “Hoje, a integração é um fator bastante importante para o cenário de plataformas que as empresas adotam e é verdade que existe um enorme desafio nas organizações em ter uma integração total. Não podemos descurar todo o ecossistema envolvente nas empresas – seja stakeholders ou clientes. Tem de haver uma capacidade de adaptação para que sejam todos integrados neste processo e acredito que um dos principais desafios é permitir a capacidade de adaptabilidade não da empresa em si, mas sobretudo, mas com os seus fornecedores e os seus clientes no seu negócio”

Eduardo Bentes, Generix: “É estratégico, ou seja, a integração dos softwares ou plataformas empresariais com a IA é algo extremamente estratégico quando está na estratégia da empresa uma transformação digital. É através deste tipo de ligação e deste tipo de integrações que conseguimos recolher um conjunto de dados e de insights valiosos que permitem, depois, aos decisores tomarem os rumos certos nas alturas adequadas”

Rute Cardoso, Microsoft: “À medida que as organizações se têm tornado mais orientadas a dados – porque tem sido uma transformação dos últimos anos –, tentar integrar softwares que já existem ou softwares com plataformas de dados que já existiam, mas que não estavam integrados, tornam-se desafios complexos. A nossa abordagem passa por criar plataformas que facilitem essa integração e que seja uma transição suave e eficaz dentro das ferramentas”

Qual é o impacto que a Inteligência Artificial está a ter e vai ter no seio das organizações e em que áreas notam uma maior procura de soluções que integrem IA? A IA está a alterar ou poderá alterar o vosso próprio software?

 

Hugo Gonçalves, Head of Business Development Enterprise Applications, Claranet

Hugo Gonçalves, Claranet: “É o tema que está a ter mais prioridade e estamos numa fase de exploração de potencialidades e há um grande potencial na avaliação e na implementação dentro das organizações. O que mudou é que hoje não há nenhuma conversa que se tenha do ponto de vista de software em que a IA não apareça do ponto de vista de integração. Quase que me atrevo a dizer que hoje é quase uma commodity e tem de fazer parte, do ponto de vista de qualquer aplicação ou software, ter uma experiência de IA. Estamos num momento muito interessante porque se democratizou e hoje qualquer empresa consegue ter acesso, efetivamente, a um conjunto de plataformas”

Rute Cardoso, Microsoft: “Todas as plataformas têm de ter inteligência artificial e estamos certamente num ponto de inflexão. A inteligência artificial já existe há muito tempo; o que temos vindo a ouvir falar nos últimos anos é inteligência artificial generativa e a utilização de linguagem natural em cima da IA. Isto está a mudar o software e das organizações e a moldar o futuro de alguns setores. Nos recursos humanos, por exemplo, posso automatizar processos de recrutamento, de seleção, acelerar o tempo de onboarding numa organização estamos a melhorar as operações da organização”

Com o aumento do número de aplicações, a integração e a interoperabilidade entre elas tornam-se essenciais. Na vossa visão, este é um dos critérios centrais na escolha de software pelas empresas? Como garantem essa compatibilidade nas vossas soluções?

Eduardo Bentes, Business Development / Alliance & Channel Manager, Generix

 

Eduardo Bentes, Generix: “O tema da interoperabilidade e da capacidade de fazer interagir o sistema ou os sistemas da empresa com o mundo exterior é de facto uma preocupação. As empresas evoluíram no sentido de deixarem de ter por si só um sistema de gestão que geria stocks e contabilidade para passar a interagir com um conjunto de sistemas que atualmente, diria, quase que é preciso um dicionário para os identificar: ERP, CRM, MED, e muitos outros. Neste sentido, a interoperabilidade e esta capacidade de interligação entre sistemas é cada vez mais vital para que consigamos ter de forma centralizada e consolidada quase que um cockpit de tudo o que é a realidade da empresa em si e depois, com essa base, colocar em prática aquilo que são as decisões e as estratégias mais adequadas”

Nuno Paiva, Pontual: “Não há implementação hoje que não tenha essa questão incluída. No passado, as empresas concentram aquilo que era a sua operação num único sistema, o chamado ERP monolítico; o software de gestão desenvolvia-se em cima desse sistema, acrescentavam-se campos, tabelas e processos para que tudo estivesse no mesmo sistema. Hoje, há cada vez mais esta questão de procurar aquela solução que é específica para aquela área, que vai resolver o problema de forma mais objetiva e que é uma solução que trabalha focada naquela função específica”

Duarte Machado, Pagero: “O nosso conceito é um conceito de rede, ou seja, o cliente não tem de se preocupar com qual o tipo de conexão que tem de efetivar com o seu cliente, esteja em Portugal ou na Ásia. Cada vez mais temos de pôr esta equação também nas plataformas governamentais; não é só um cenário português, é um cenário mundial. A União Europeia caminha para um projeto de uniformização de tax reporting. Se não houver essa capacidade de interoperabilidade com as empresas, é impossível haver comunicação standardizada”

A automatização de processos está a libertar os colaboradores de tarefas repetitivas. Como é que as vossas soluções estão a evoluir nesse sentido? Quais são as principais apostas do mercado nesta área?

Hugo Gonçalves, Claranet: “Hoje temos uma maturidade diferente. As organizações estão a ser pressionadas para serem mais velozes, um conjunto de KPI que, entretanto, foram incluídos também na sua análise de gestão de forma a colocar os seus produtos e as suas ofertas no mercado e que implica a serem muito mais rápidas naquilo que são a execução das suas próprias atividades e olhar para dentro da forma como têm de repensar, automatizar e olhar com um pouco mais de detalhe em todos os fluxos e processos de negócio”

Eduardo Bentes, Generix: “A integração entre parceiros de negócio, o tal EDI, é algo que automatiza, que retira as pessoas do processo em si e permite interligar sistemas e comunicar entre sistemas no que diz respeito às encomendas, às faturas, avisos de expedição. Também trabalhamos muito ao nível da interligação dos sistemas dos clientes com os robôs dentro dos armazéns onde não têm pessoas, como ao nível de processos de otimização de rotas para que conseguir suportar a distribuição do produto seja feito de forma mais eficiente e menos onerosa possível”

Rute Cardoso, Microsoft: “Estamos a falar de evoluir rapidamente as funções de robotic process automation e de inteligência artificial e existem plataformas que ajudam a automatizar processos e a eficiência das organizações. Não podemos dissociar a inteligência artificial daqui; vemos o tema dos copilots, sejam eles mais virados para a produtividade ou os associados a estas ferramentas de gestão e de automação, são fundamentais para acelerar a produtividade e para libertar as pessoas para o core da sua função”

Duarte Machado, Pagero: “Acreditamos que a automatização de processos de eficiência traz às empresas uma gestão proativa, em vez de reativa, ao processo. Isto é bastante importante porque quando incluímos nos processos internos das empresas, independentemente da forma como operam internamente, processos vindos do exterior, torna-se bastante difícil uma gestão alinhada e proativa, tanto em termos de benefícios para a empresa que o utiliza, como para o stakeholder ou fornecedor que nela envia informação”

Nuno Paiva, Pontual: “Fazemos esta componente de automatização de processos seja por RPA, seja através da utilização de tudo aquilo que as marcas que representamos já incluem nas suas operações. Dando um exemplo prático, na comunicação com a administração fiscal, é um processo que surgiu por uma questão legal, de fiscalização daquilo que as empresas fazem e que hoje é usado, por exemplo, nos gabinetes de contabilidade e não só para automatizar todo o processo de registo de compras e registo contabilístico dessas mesmas compras”

Com o crescimento da necessidade de software, como observam a mudança no modo de consumo das soluções, especialmente entre o licenciamento tradicional e o modelo SaaS? As organizações nacionais estão a procurar mais um ou outro? E preferem gerir essas soluções internamente ou confiar essa gestão a terceiros?

Eduardo Bentes, Generix: “Hoje já não há grandes formas para reinventar o negócio em si e, no que diz respeito à competitividade do mercado, as empresas deparam-se com um grande desafio que é não poderem colocar só margem no produto ou no serviço que vendem, mas sim têm de olhar para a organização e ver como é que conseguem racionalizar e otimizar custos internos, de modo que a sustentabilidade em si se garanta por essa diferença entre o custo e o incoming. O conceito de Softwareas- a-Service tem ganho bastante terreno e o usufruir do software como um serviço traz vantagens no que diz respeito à flexibilidade, à escalabilidade e à própria eliminação de custos com infraestruturas de alojamento do software”

Em termos de escalabilidade, como é que as vossas soluções suportam o crescimento contínuo das empresas? A sustentabilidade das plataformas tecnológicas a longo prazo tem sido uma preocupação dos clientes?

Duarte Machado, Pagero: “A escalabilidade é um fator particularmente importante atualmente, principalmente em empresas que, pela sua razão de negócio e a sua presença geográfica assim o obriga. Atualmente, temos um processo dentro da nossa área de negócios que tem a ver muito com o compliance, onde cada vez mais novos países estão a requerer novos requisitos legais no envio de documentos eletrónicos, baseados em modelos diferentes, ou seja, existe uma grande diversidade de vários modelos de comunicação para as plataformas governamentais. Na Europa cada vez mais se caminha para a uniformização e a forma de enviar documentos em formato eletrónico”

Qual é o futuro a curto e médio prazo do mercado de software empresarial? Que tendências e inovações podemos esperar ver nos próximos anos?

Rute Cardoso, Microsoft: “Se olharmos a longo prazo, há uma coisa que sei: a inteligência artificial vai lá estar porque vai abrir as portas a um novo período de evolução também no software empresarial. Essa é uma tendência que continuará para potenciar a capacidade humana e trazer inteligência aos negócios. O tema de computação na cloud já se fala há muitos anos, mas acho que se vai continuar a falar e ser uma tendência dos próximos tempos para permitir soluções escaláveis e seguras para qualquer tipo de empresa”

Nuno Paiva, Pontual: “Olhando para o curto prazo, falamos sobre os sistemas de gestão, mas creio que vamos ter de começar a falar sobre os sistemas de inteligência da empresa porque vão passar a ser um pouco isto de pegar em toda a informação e volume de dados que armazenamos nas nossas organizações e usá-la para trazer inteligência àquilo que são as nossas decisões e passar a ter decisões muito mais informadas”

Hugo Gonçalves, Claranet: “O tema do Agile é muito importante porque rapidamente os requisitos mudam. O que é um requisito importante que os clientes nos pedem hoje, se for preciso daqui a um mês ou dois já está a ser repensado. Do ponto de vista de integradores, temos de ter essa capacidade e flexibilidade para irmos acompanhando aquilo que é a evolução rápida do negócio e termos a capacidade de ir ajustando ao longo do percurso o que poderá ser uma necessidade de implementação para dar resposta a um use case”

Tags

REVISTA DIGITAL

IT INSIGHT Nº 52 Novembro 2024

IT INSIGHT Nº 52 Novembro 2024

NEWSLETTER

Receba todas as novidades na sua caixa de correio!

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.