A revolução dos dados e as mudanças provocadas pela IA dentro das organizações

Arcserve, Devoteam, Esri, IBM, Keepler e Schneider Electric debateram o impacto que a inteligência artificial tem nos seus negócios e as estratégias encontradas pelas organizações para implementar esta tecnologia nos processos.

A revolução dos dados e as mudanças provocadas pela IA dentro das organizações

Ainda que seja o tema do momento, o verdadeiro impacto da Inteligência Artificial (IA) nos negócios e dentro das empresas ainda é um “work in progress”.

Alguns dos casos reais de estudo já aplicados nas empresas dão conta de contributos valiosos desta tecnologia na melhoria dos processos e dos resultados. Neste contexto, a qualidade e segurança nos dados nunca foi tão importante, uma vez que são estes que alimentam os modelos de IA.

Quais são as oportunidades que a Inteligência Artificial traz para os vários setores? Em que setores específicos preveem que a IA possa ter um impacto maior a curto prazo?

 

“A inteligência artificial, e na componente do backup, tem de perceber quais é que são os dados que existem, quais é que são os valiosos, quais é que são menos valiosos, quais é que é importante salvaguardar e definir um objetivo de tempo de recuperação mínimo”


Vasco Sousa, Channel Account Manager, Arcserve

Vasco Sousa, Channel Account Manager, Arcserve: “Acredito que o ritmo de adoção da inteligência vai ser rápido. Hoje ninguém questiona o impacto que isso trouxe nos negócios. Se formos para o espetro oposto, vimos que levaram 15 anos até os veículos de condução autónoma estarem no mercado; a computação quântica, da qual já se fala há 30 anos, ainda não tem aplicação exaustiva no mercado. Há alguns nichos onde há essa aplicabilidade"

Pedro Matos da Silva, Head of Offering Management Circle, Keepler: “O impacto pode ser transversal e as oportunidades são iguais para todos. Há um setor, que curiosamente não se fala tanto e que pode ter um impacto muito relevante, que é o setor onde eu estou agora, a Keepler… é o impacto que tem nos providers que fazem da vida vender soluções de IA para os clientes. Aqui, e não é de agora, começam a aparecer uma série de roles que estavam muito associados a este tipo de providers como Data Engineering, Data Platform, Data Scientist, Data Analyst"

Mário Pimentel, Key Account Manager, Schneider Electric: “As infraestruturas em que os dados estão assentes, que são os data centers, são claramente um setor que vai sofrer e que vai ser impactado com esta realidade que vamos começar a viver, de uma forma acelerada. Prevê-se que em cinco anos tenhamos de duplicar a capacidade de data centers. A taxa de novos data centers vai passar de 15% para 20%, portanto, a infraestrutura global dos data centers vai crescer de uma forma substancial”

“Temos exemplos muito associados à questão da capacidade computacional, que veio acelerar muitos dos processos, alguns deles até tornam possíveis coisas que antigamente não eram possíveis”


Nuno Leite, Diretor de Negócios, Esri

 

Nuno Leite, Diretor de Negócios, Esri: “Os mesmos recursos vão ser capazes de executar mais, no mesmo tempo. Mas, por outro lado, o alcance dos processos também é fundamental. A IA veio acelerar também a capacidade que temos de análise de dados e de compreensão do que é que está a acontecer, seja no passado ou no presente, mas também de criar cenários e modelar cenários para conseguir identificar quais são os melhores caminhos que temos que adotar no futuro"

Junto dos vossos clientes, quais são os exemplos de sucesso com a Inteligência Artificial na transformação digital?

Patrícia Milheiro, AI Services Director, Devoteam: “Nós testamos bastante e, na particularidade de eu estar como prestadora de serviço, temos ajudado muita gente. Casos de sucesso sim, casos de menos sucesso também porque, de facto, não é determinístico e, portanto, é testar, testar, testar. Saliento a Helena, dos CTT, que é pública e que realmente tem tido um chatbot muito engraçado, em que, de repente, foi imitado, de certa forma, o sentimento e a fala humana"

 

“Isto tem impactos consideráveis porque a IA, com o hype todo que está a trazer, está a puxar o governo de dados quando, efetivamente, e nomeadamente as indústrias mais reguladas como a banca, já têm esse tipo de políticas perfeitamente implementadas”


Gonçalo Joglar, Data & AI Hybrid Cloud SW Sales, IBM

Gonçalo Joglar, Data & AI Hybrid Cloud SW Sales, IBM: “Nós temos uma grande tradição do setor financeiro. Temos, neste momento, um cliente em que nós conseguimos falar diretamente para o telefone através de linguagem natural e fazer seleção de movimentos e apresentar movimentos. Um exemplo muito prático: saber quanto é que eu gastei no supermercado desde o Santo António até ao São João. Portanto, diria que tem a ver com o track record e com o histórico que nós temos neste tipo de ambientes. No setor segurador, no apoio a preenchimento nomeadamente das declarações amigáveis com análise de fotografia, também num ponto de muito alto nível"

Mário Pimentel, Schneider Electric: “Temos grandes players na área dos data centers que usam a gestão técnica centralizada, uma vez que, cada vez mais, o data center é um edifício e não apenas um data center ou um edifício segregado; estamos a falar de algoritmos de IA que ajudam na gestão da refrigeração destes data centers, o que é o grosso da fatura energética. Estamos a trazer valor através das nossas ferramentas de software com a inteligência artificial, sempre com vista a ter uma análise muito massiva dos dados que a infraestrutura está a gerar"

Nuno Leite, Esri: “Temos exemplos muito associados à questão da capacidade computacional, que veio acelerar muitos dos processos, alguns deles até tornam possíveis coisas que antigamente não eram possíveis. Hoje podemos classificar e extrair o estado e manutenção de infraestruturas, sejam de rede viária, de rede ferroviária. Temos muitas experiências de classificar o estado da rede viária para perceber, identificar patologias para suportar os processos de manutenção. Usando a recolha automatizada de imagens e a automatização no processo de interpretação das mesmas, os processos de manutenção tornam-se muito menos dispendiosos"

Como é que a Inteligência Artificial influencia os produtos de backup? São uma oportunidade ou um novo desafio?

Vasco Sousa, Arcserve: “A inteligência artificial, e na componente do backup, tem de perceber quais é que são os dados que existem, quais é que são os valiosos, quais é que são menos valiosos, quais é que é importante salvaguardar e definir um objetivo de tempo de recuperação mínimo e quais é que podem ser transferidos para arquivo. Isto não é algo que seja impossível de fazer hoje nas organizações, agora não temos recursos para isto e, portanto, se conseguirmos transferir essas tarefas para um apoio dado pela inteligência artificial, acho que seria de grande valor"

Quais são as estratégias que as organizações devem ter em conta para integrar a IA nos processos e na cultura da empresa e ter resultados práticos na organização?

“Há aqui uma tendência que é como é que nós alimentamos e mantemos estes ecossistemas, alimentados com dados, que nos permitam funcionar de uma forma eficaz e, depois, só estamos limitados pela nossa criatividade, mas uma criatividade responsável, que é o desafio”


Pedro Matos da Silva, Head of Offering Management Circle, Keepler

 

Pedro Matos da Silva, Keepler: “Podemos discutir estratégia – conceptualmente temos de ter discussões com os nossos clientes –, mas está sempre por trás uma necessidade permanente que é possível implementar, e há aqui coisas que são fundamentais nestas discussões que temos. Uma é o valor: há vários value drivers que levam os clientes a querer implementar data products ou usar os dados dentro da empresa"

Patrícia Milheiro, Devoteam: “Tudo tem sido muito rápido. Falámos de roadmaps em que estamos a ajudar os nossos clientes a implementar e a pensar neles para criação de valor. De certa forma, às vezes passam três meses e já estão obsoletos… qual é o custo disto, qual é a reformação disto e que valor é que realmente se está a criar? Isto é tão engraçado, porque está a pedir-nos para nós nos deixarmos dos ‘repetitivos’ e de cair no conforto. Estamos a romper aqui com grandes coisas que a gente achava que sabia"

Nuno Leite, Esri: “A estratégia das organizações tem de estar, em primeiro lugar, na dimensão humana, os esforços humanos. Por um lado, as competências: para trabalharmos com a inteligência artificial vai ser necessário desenvolver competências e as pessoas têm de saber quais as opções que têm, como utilizar as ferramentas; têm que saber pensar processos, repensar processos. As competências são fundamentais, quer para usar, quer para o pós-implementação dos novos processos”

Quais são os desafios éticos e de segurança na implementação de Inteligência Artificial?

Gonçalo Joglar, IBM: “A IA vem trazer aqui um conjunto de exposição que é incontornável. Não se gosta muito de falar nisso, mas é a verdade sobre o que é o estado atual das empresas e qual é a sua governação de dados. Isto tem impactos consideráveis porque a IA, com o hype todo que está a trazer, está a puxar o governo de dados quando, efetivamente, e nomeadamente as indústrias mais reguladas como a banca, já têm esse tipo de políticas perfeitamente implementadas”

Numa altura em que a transformação digital já é uma realidade em muitas organizações, qual é o papel da IA nos negócios?

 

“Cada vez mais, o data center é um edifício e não apenas um data center ou um edifício segregado; estamos a falar de algoritmos de IA que ajudam na gestão da refrigeração destes data centers, o que é o grosso da fatura energética”


Mário Pimentel, Key Account Manager, Schneider Electric

Mário Pimentel, Schneider Electric: “Há um impacto direto a nível de espaço, mas, de facto, o grande impacto ou o grande desafio é a disponibilidade de energia. Há certas regiões em que os requisitos de energia são muito apertados. Há aqui uma disponibilidade energética que começa a escassear e esta demanda é muito acelerada, mas a inteligência artificial, ao mesmo tempo que é um desafio, também faz parte da solução e poderá fazer parte da solução”

Vasco Sousa, Arcserve: “Se nos perguntassem de que forma é que a Internet vai impactar as organizações, no seu negócio, podemos ver hoje que impactou em todas as áreas; não existe uma única área onde não tenha tido esse impacto. Portanto, nas funções repetitivas o homem será substituído pela inteligência artificial e em outras funções não; continuo a achar que a inteligência artificial vai ser mais uma ferramenta. Será o homem com a inteligência artificial, mas não será substituído em tudo"

“A função que a inteligência artificial pode ter nas organizações depende do nosso conhecimento e também da maneira como a queremos gerir eticamente, estrategicamente, e para que é que a queremos utilizar”


Patrícia Milheiro, AI Services Director, Devoteam

 

Patrícia Milheiro, Devoteam: “Sobre o AI Act, acabaram de lançar uma coisa mais formal, para quem trabalha com AI, em que as empresas têm de dar formação formal às pessoas. A Devoteam fez um questionário a 368 pessoas que representavam várias indústrias e, realmente, as empresas não estão a investir na formação. Portanto, a função que a inteligência artificial pode ter nas organizações depende do nosso conhecimento e também da maneira como a queremos gerir eticamente, estrategicamente, e para que é que a queremos utilizar"

Quais são as tendências futuras para Inteligência Artificial?

Gonçalo Joglar, IBM: “O AI está a acelerar muito e o governo de dados, só por si, é um moving target que demora a ter o seu resultado prático. Eu diria, com algum futurismo, que vamos ter mecanismos de dados sintéticos exatamente para conseguir treinar os modelos porque as políticas de governo de dados não vão conseguir acompanhar este hype que o GenAI está a ter"

Pedro Matos da Silva, Keepler: “Há aqui uma tendência que é como é que nós alimentamos e mantemos estes ecossistemas, alimentados com dados, que nos permitam funcionar de uma forma eficaz e, depois, só estamos limitados pela nossa criatividade, mas uma criatividade responsável, que é o desafio. Depois, a diferença entre a IA tradicional e a IA generativa é que esta se alimenta da nossa criatividade e aquilo em que nós fomos criativos entra para o modelo e pode começar a fazê-lo sozinho. Como é que controlamos isto? Até que ponto é que queremos ir? Acho que o desafio está aqui”

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