No pequeno-almoço executivo organizado pela IT Insight e pela Fibratel, especialistas do setor analisaram o crescimento acelerado do mercado de data centers em Portugal, os desafios e as oportunidades que moldam o seu futuro, num momento em que o país consolida a sua posição como um hub digital estratégico.
A manhã de 27 de fevereiro começou no Hotel Pestana Palace, em Lisboa, com um pequeno-almoço executivo organizado pela IT Insight e pela Fibratel, onde decisores da indústria reuniram-se para debater sobre a evolução do mercado de data centers em Portugal. O encontro destacou a crescente relevância dos data centers em Portugal – um setor em plena expansão que está a redefinir a infraestrutura digital e a atrair investimentos de grande escala. Nos últimos três anos, Portugal registou uma inflexão significativa no setor, com uma aceleração expressiva da procura por parte dos principais operadores de data centers. Atualmente, existem vários projetos de média e grande dimensão em fase avançada de desenvolvimento, além de outros investimentos de vulto previstos para os próximos anos. Carlos Paulino, da PortugalDC e Equinix, deu conta da importância dos data centers – ativos fulcrais para a economia digital, que garantem a infraestrutura necessária para tecnologias como inteligência artificial, cloud e Internet das Coisas (IoT). Entre os principais fatores que tornam Portugal um destino atrativo para este tipo de investimentos, estão a continuidade de negócio, segurança, confiabilidade, armazenamento, alta disponibilidade, escalabilidade e eficiência de custos, de acordo com o especialista. Porquê Portugal? “Portugal está no momento certo para investir em data center”, afirmou Pedro Soares dos Reis, também da PortugalDC, dando destaque a uma conjugação de fatores que tornam o país um destino estratégico para este setor.
Pedro Soares abordou também os desafios e oportunidades que moldam a indústria, alinhando-os com a visão governativa para o setor. Entre os setores prioritários para investimento – como Educação, Saúde, PME, Administração pública e Infraestrutura – sublinhou a necessidade de um compromisso contínuo com a inovação e a sustentabilidade, fatores cada vez mais determinantes na tomada de decisão dos investidores. A infraestrutura tecnológica, a localização estratégica e o custo competitivo reforçam a atratividade de Portugal. O investimento de 650 milhões de euros na transição digital, incluindo 350 milhões até 2025/26, impulsiona a inovação e a capacitação digital. Iniciativas como aceleradores de comércio digital, Test Beds e Polos de Inovação Digital fortalecem a competitividade das empresas, alinhando o país a uma economia mais inteligente, verde e conectada. Da infraestrutura à interconexão: as vantagens competitivas de Portugal
De acordo com a apresentação de Carlos Paulino, Portugal reúne um conjunto de fatores que o posicionam como um dos destinos mais atrativos para investimentos em infraestrutura digital. O país destaca-se pela oferta de interligações transfronteiriças, com a Rentelecom a disponibilizar sete ligações para Espanha, a IPTelecom com cinco, e a Altice, que possui a maior rede nacional e duas estações de amarração de cabos submarinos. A conectividade global – conceito amplamente referido pelo especialista – é reforçada pelos investimentos de operadores como Colt, Lumen, Sipartec, Lyntia, EXA, Orange e Arelion, aumentando a oferta e a redundância na ligação de Portugal a mercados internacionais. O país conta ainda com 14 cabos submarinos (ativos e planeados), posicionando- se como uma entrada estratégica para a Europa e facilitando a ligação com a América do Sul, África, Médio Oriente e Ásia. Carlos Paulino destacou que Portugal está cada vez mais posicionado como um hub digital global, sublinhando a conectividade única do país. “Lisboa tem uma ligação direta por fibra ótica para Sidney e Tóquio, algo inacreditável”, afirmou, reforçando que esta infraestrutura impulsiona o investimento e o desenvolvimento de data centers numa escala sem precedentes. Além disso, destacou que Portugal tem “a melhor conectividade do planeta” para servir mercados como a Nigéria e a África do Sul, consolidando-se como um ponto estratégico para o tráfego global de dados. Outro fator determinante é o talento. “Talento… o ponto que falha em quase todo o globo”, refere o especialista, mas realça que Portugal “continua a ser uma fonte de talento incrível”, apesar da dificuldade em “reter talento entre portas” e prova disso é a presença portuguesa nos rankings, com o “terceiro maior índice de graduados em Engenharia na Europa e um centro de inovação para a Nova Economia”. Energia verde e sustentabilidade
“À beira-mar plantado”, Portugal apresenta soluções certas para um mercado sustentável, destacando- se por ter uma das redes elétricas mais verdes e económicas da Europa. Alberto Petermann, Head of Design and Delivery da Start Campus, destacou a importância das energias renováveis para a sustentabilidade dos data centers, sublinhando a necessidade de reduzir a pegada de carbono do setor, sendo que, nos últimos 20 anos, o país reduziu em 73% as emissões de CO2 no setor elétrico, graças ao encerramento de centrais a carvão e ao aumento do investimento em energias renováveis. “A energia renovável em Portugal era, para o ano 2000, perto de 35%. Para 2020, subiu para 60% e, em 2024, já atingiu os 85%. Para 2030, a projeção é de 90%”, afirmou. Destacou ainda o pump storage, tecnologia que armazena energia através do bombeamento de água em barragens, e o baixo custo energético do país, comparável apenas ao dos países nórdicos. “Energia verde, mas também energia muito barata”, frisou. Apontou ainda o projeto Sines DC, que aposta no arrefecimento com água do mar para aumentar a eficiência energética sem comprometer os recursos hídricos. Além disso, realçou a certificação LEED e a monitorização de emissões como estratégias essenciais para mitigar o impacto ambiental e otimizar a operação dos data centers. Portugal: um polo estratégico para data centers e investimento estrangeiro Com uma projeção de crescimento para dez mil milhões de euros até 2030, o mercado de data centers em Portugal reforça a sua posição como um polo estratégico de investimento. A conjugação de fatores como localização privilegiada, segurança, políticas de sustentabilidade e uma força de trabalho altamente qualificada impulsiona esta evolução. O país já figura no top dez dos destinos europeus para investimento estrangeiro direto (FDI), segundo a EY, e mantém indicadores positivos de crescimento económico e exportações, consolidando-se como um ambiente competitivo e atrativo para o setor tecnológico. “Estamos a traçar o caminho e, daqui a um ano, teremos números ainda mais positivos, refletindo um ecossistema ainda mais atrativo”, concluiu Carlos Paulino. A mensagem que fica é clara: Portugal tem potencial para se tornar uma das principais localizações para data centers na Europa.
Conteúdo co-produzido pela MediaNext e pela Fibratel |