Cultura data-driven: como decidir com base em dados?

Os dados assumem um papel fundamental na estratégia das organizações. A capacidade de os interpretar e aplicar de forma eficiente é o que distingue as empresas competitivas e ágeis daquelas que não conseguem acompanhar o ritmo e as constantes transformações do mercado.

Cultura data-driven: como decidir com base em dados?

Cada vez mais, as decisões estratégicas relevantes são (ou devem ser) baseadas em dados, histórico e previsibilidade. Adotar uma cultura orientada por dados é mais do que ter um sistema de reporting, business intelligence ou dashboards que acompanham alguns indicadores de negócio. Ser data-driven implica definir uma estratégia de dados clara e um modelo de data governance bem definido e estruturado, que nos permita obter insights mais valiosos sobre as nossas operações, clientes e tendências do setor.

É neste contexto que temos assistido a uma significativa evolução do Business Intelligence (BI). Uma tecnologia indispensável para as organizações, que, atualmente, é capaz de integrar Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning, adicionando uma layer de análise preditiva que antecipa erros, deteta falhas e permite, por exemplo, a produção de forecasting. Hoje, é possível transformar dados brutos em conhecimento acionável, contribuindo para uma tomada de decisão ainda mais informada e baseada em análises de dados detalhados, estatísticas e algoritmos preditivos.

Mas será que a automização de insights pode substituir a intervenção humana na hora de tomar decisões?

Diria que substituir não é a palavra certa, mas sim complementar. Estas tecnologias são extremamente eficazes na identificação de tendências e, com base nesses padrões – de consumo, comportamento, entre outros – é possível “prever” o futuro com alguma fiabilidade. Mas, a estes modelos preditivos falta (sempre) a componente humana que interpreta, contextualiza e considera outros fatores, até imponderáveis, impossíveis de aferir pela tecnologia. Trabalhar no equilíbrio, potenciando o uso destas ferramentas e, mantendo a necessidade de validar as previsões, requer transparência e melhoria contínua, eliminando inconsistências, recorrendo a especialistas e estando atento às alterações de mercado, além de comparar as previsões através de benchmarking, por exemplo.

Desde o aumento da competitividade à redução de custos e mitigação de riscos, adotar uma abordagem estratégica e flexível oferece inúmeros benefícios às organizações. O primeiro passo é investir em ferramentas que permitam armazenar grandes quantidades de dados sem comprometer a performance das operações. Outro fator crítico é construir um sistema de data governance robusto, organizado e fidedigno, de forma a garantir políticas claras de qualidade, segurança e acessibilidade, garantindo a conformidade com os diversos regulamentos da Indústria.

E por falar em conformidade, a implementação de BI, tal como outras ferramentas, não está isenta de desafios. Assim, destaco três dos principais obstáculos que as organizações enfrentam:

  1. Uso indevido de dados
    Com o crescimento absurdo da quantidade de dados disponível, algumas empresas acabam por cair na tentação de explorar as informações que recolhem para finalidades que não correspondem ao propósito original. Estas práticas ultrapassam as fronteiras éticas, comprometendo a privacidade e o direito dos cidadãos. Além disso, a utilização indevida de dados afeta a relação entre organização e cliente e pode prejudicar o seu sucesso a longo prazo.
  2. Dependência da tecnologia e confiança excessiva nos algoritmos
    Confiar cegamente na tecnologia pode levar a decisões erradas. É importante ter em conta de que as ferramentas de Business Intelligence são baseadas em padrões estabelecidos, ou seja, não estão preparadas para contratempos ou imprevistos. Há qualidades humanas essenciais para os momentos decisivos, como é o caso da criatividade, intuição e capacidade de inovação, que asseguram a visão estratégica e a eficiência operacional das empresas.
  3. Manutenção e escabilidade
    À medida que o volume de informação cresce e as exigências do mercado evoluem, as organizações devem garantir que a infraestrutura tecnológica não falha e que é flexível face à constante mudança do setor. Atualizar e otimizar as bases de dados, ao longo do tempo, pode (e deve!) ser o pontapé de saída para assegurar o bom funcionamento do sistema. Não querendo correr o risco de se tornarem obsoletas, as empresas devem apostar em soluções de BI compatíveis com tecnologias emergentes.

Para que tudo isto funcione, é mandatório que as empresas promovam uma cultura data-driven extensível a todos os níveis da organização. Falar em BI sem falar de cultura data-driven, é como ter uma enorme biblioteca e não saber ler – ou seja, a informação está disponível, mas não a sabemos interpretar. Este pode, também, ser considerado um dos grandes desafios das organizações e para mudar esta realidade, a aposta na formação, para que as equipas estejam a par das novas tecnologias e metodologias, deve ser um processo contínuo, capacitando os colaboradores, não só a justificar as suas escolhas/ decisões com base em dados, como também a desenvolver um pensamento analítico mais sólido, incorporando as melhores práticas no dia-a-dia.

O sucesso de uma estratégia baseada em dados depende tanto da tecnologia quanto das pessoas que a utilizam.

 

Conteúdo co-produzido pela MediaNext e pela Noesis

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