Para 2025, a IDC prevê que o mercado nacional de tecnologia continue a demonstrar resiliência e crescimento, mais concretamente um crescimento de 8,8% face a 2024
Este crescimento deve-se principalmente a dois fatores: a contínua necessidade das organizações portuguesas transformarem os seus processos, canais e modelos de negócio, para se manterem competitivas numa economia cada vez mais digital, e o processo de modernização impulsionado pelo PRR na Administração Pública. Em resumo, a transformação digital acelerada pela Inteligência Artificial (IA) e das infraestruturas tecnológicas continuam a ser os principais motores do investimento em tecnologia em Portugal. A cibersegurança e a conformidade regulatória continuarão também a ser um dos principais motores do crescimento, em particular com a implementação da diretiva NIS2 que obrigará a milhares de organizações públicas e privadas a aumentarem significativamente o seu investimento nesta área. Para além destes fatores específicos do mercado nacional, em termos globais, a IDC identifica todos os anos os fatores externos críticos, que incluem fatores políticos, económicos e sociais, que irão influenciar o mercado de TI e os negócios de forma geral nos próximos 12 a 24 meses. Para 2025 e 2026, a IDC identificou os seguintes fatores críticos que irão influenciar o mercado global e também Portugal: 1. Modelos de negócios impulsionados por IA - da experimentação à monetização da IAÀ medida que a hype em torno da Inteligência Artificial Generativa se estabiliza numa nova realidade empresarial digital, torna-se crucial para compradores e fornecedores de tecnologia demonstrarem que a IA é viável e pode ser monetizada, contribuindo para um impacto empresarial concreto e fluxos de receita. É essencial capitalizar os investimentos em IA de 2023-2024, transformando as provas de conceito em contratos multianuais e desbloqueando a monetização exponencial da IA. 2. O impulso para automatizar - rumo a um futuro orientado a dadosA automação está a expandir-se e é hoje um dos principais casos de uso de IA, abrangendo tarefas que exigem julgamento humano e tomada de decisão. Neste contexto, a qualidade e governança dos dados são fundamentais, assim como o armazenamento eficiente de grandes conjuntos de dados, de forma a chegar a híper-automatização. 3. Proteção futura contra riscos ambientais - operacionalização e gestão de riscos ESGApesar de ser um tópico muito politizado, o reconhecimento dos riscos ambientais, como as alterações climáticas extremas, é visto, cada vez mais, como crucial para a estratégia de gestão de riscos das empresas. Neste contexto a operacionalização do ESG, incluindo a contabilidade da pegada de carbono informada por IA, será crítica para o sucesso dos negócios. 4. Transformação do local de trabalho impulsionada por IA - construir a força de trabalho de amanhã, hojeAs empresas enfrentam desafios como a escassez de talentos qualificados e mudanças demográficas. Neste contexto, o crescimento empresarial dependerá cada vez mais da capacidade de requalificação dos colaboradores, em conjunto com as capacidades de IA e automação. A inovação e a produtividade dependerão de uma mudança organizacional que promova uma cultura de colaboração, confiança e o desenvolvimento dos colaboradores. 5. Fluxo regulatório - navegar os desafios de conformidade em um ambiente de política em mudançaCom tecnologias disruptivas, como a IA generativa, e as preocupações geopolíticas, o cenário regulatório está em rápida evolução. A conformidade torna-se mais complexa com leis que variam entre regiões e estão sujeitas a mudanças políticas, desafiando as empresas a permanecerem resilientes e proativas. Só na Europa temos novidades como a NIS 2, DMA, DAS, AI Act, entre outras. 6. Expansão das fronteiras digitais - fortificação contra múltiplas ameaçasO aumento da interconectividade significa uma vulnerabilidade maior a ataques cibernéticos sofisticados. Neste sentido, as organizações devem ser proativas na sua ciber-resiliência para antecipar, resistir e recuperar-se de ataques, garantindo a segurança de dados e sistemas. 7. Reordenação geoeconómica - repensar a globalização, cadeias de abastecimento e desafios macroeconómicosDesafios como inflação persistente e tensões geopolíticas impactam cadeias de abastecimento globais, a economia e especificamente a indústria de TI. As empresas de todos os setores estão a repensar as estratégias de abastecimento num contexto geopolítico incerto que pode afetar as operações e custos globais. 8. Tecnologias responsável e centrada no humano - ética nas empresasCom o crescente destaque de tecnologias emergentes, como a IA, as questões éticas tornam-se cruciais. A ética em IA é essencial para manter a confiança e garantir uma inovação responsável e sustentável dentro das empresas. 9. Luta contra a dívida técnica - como superar os obstáculos à modernização tecnológicaA dívida técnica é um desafio crescente que aumenta os custos de manutenção e bloqueia a inovação tecnológica. Gerir de forma eficaz essa dívida é crucial para manter a eficiência operacional e capacidade de inovação. 10. Experiência do cliente ao quadrado - expectativas dos consumidores e cidadãos para serviços digitaisEmpresas estão a reimaginar como se relacionam com clientes, com o objetivo de oferecer experiências de serviço personalizadas e eficientes. A humanização do atendimento ao cliente e a utilização de tecnologias como AI e automação, estão no centro dessa transformação. Em resumo, para 2025, prevê-se que o mercado de TI em Portugal cresça mais do que em 2024, influenciado pelos fatores externos globais, e em particular pela necessidade de transformação digital de todo o tecido empresarial, acelerada pela inteligência artificial (IA), assim como devido a atualização das infraestruturas tecnológicas e crescente pressão ao nível da cibersegurança e conformidade regulatória. |