os portugueses ainda estão longe de se encontrarem rendidos ao comércio online. No entanto, os indicadores demonstram que as mentalidades estão a mudar.
Temos assistido nos últimos anos a uma mudança de paradigma que tem influenciado, e muito, as formas de consumo. Há uma nova geração em constante ebulição, com diferentes hábitos e necessidades, que está disposta a adquirir bens e serviços quando e onde bem entender. Assim nasce o consumo dos tempos modernos, onde conceitos como “compras online” ou “eCommerce” são bastante familiares. Graças à revolução tecnológica, o eCommerce não é só a compra de um produto ou a adesão a um serviço através da web, é também o acesso a subscrições ou o streaming de música e séries ou filmes. A estes juntamos as redes sociais, que procuram inspirar e facilitar a compra. Diga-se que, e apesar de se registar uma forte adesão dos portugueses, estes canais apresentam ainda uma utilização marginal quanto à realização de compras na Internet, pois apenas 9% afirmam recorrer às plataformas digitais com regularidade. Estas formas de consumir tornaram-se parte do quotidiano de famílias, mas também de empresas que têm procurado acompanhar as mudanças, de forma a continuarem com um papel relevante no seu setor. Se inicialmente os websites das marcas eram menos numerosos e tinham uma aparência estática, na medida em que a sua função era apenas informativa, na época em que vivemos tal já não é suficiente. Graças à Web 2.0 expandiram-se horizontes e, as páginas oficiais, além de informação, começaram a permitir interação entre consumidores e as marcas, e os seus conteúdos tornaram-se mais dinâmicos e variados. Apareceram também os sites agregadores onde as compras por parte de particulares crescem exponencialmente. Dos meios de transporte às formas de pagamento, toda a logística envolvida numa compra online tem sofrido adaptações, com vista à satisfação do consumidor. Os modos de pagamento não foram exceção, como por exemplo o MBway e o Apple pay. Por via móvel ou através de carteiras digitais, estes serviços têm como cerne a capacidade de inovar face às formas de pagamento tradicionais. Entre nós, os portugueses ainda estão longe de se encontrarem rendidos ao comércio online. No entanto, os indicadores demonstram que as mentalidades estão a mudar. Claro que o paradigma tradicional, em que a generalidade das compras se faz através da deslocação a espaços comerciais, não irá perder relevância tão cedo, mas o modo como os players começam a olhar para Portugal, a investir no eCommerce no nosso país, com o crescimento da adesão a este canal, significa que importa seguir e antecipar o futuro. No entanto, a adaptação a este novo meio é um processo contínuo e mantem a dualidade de intenções: para muitos consumidores o hábito ainda é o de pesquisar informação sobre as especificações do produto ou comparar preços online antes de adquirir em loja, ou, pelo contrário, procurar em loja, falar com colaboradores especializados, tocar no produto e realizar a compra online. Em suma, o eCommerce continua a ser um processo em constante mudança e as condições atuais são propícias a que este continue a evoluir. Sem que tal signifique um total e disruptivo abandono dos conceitos clássicos de consumo e de acesso a bens e serviços.
Artigo escrito no âmbito do Observador Cetelem e-Commerce 2018 |