Diversidade 4.0: quando a tecnologia abre caminho para a inclusão

Porque é que a diversidade é tão importante? Porque as equipas diversificadas não só são mais criativas, como também mais produtivas e capazes de se adaptar a novos desafios. De acordo com um relatório da McKinsey, as empresas com maior diversidade de género têm 21% mais probabilidade de alcançar melhores resultados, enquanto as que promovem a diversidade étnica têm 33% mais probabilidade de superar os concorrentes. Estes números não mentem: a diversidade, quando acompanhada de uma verdadeira inclusão, leva a uma maior inovação e melhor desempenho. E, prova disso, é que quando colocamos equipas multidisciplinares e diversificadas em grupos de trabalho para tratar um tema relevante para a empresa, vemos como surgem ideias e planos muito mais ricos!

Uma das áreas, da nossa atividade, mais visivelmente impactadas pela tecnologia é o recrutamento. A Inteligência Artificial (IA) tem vindo a revolucionar a forma como se identifica e seleciona talento. Se antes, os preconceitos inconscientes podiam influenciar as decisões de contratação, agora, a IA garante que as escolhas são feitas com base em competências e experiências, incorporando os candidatos que mais se aproximam das necessidades, eliminando práticas que podem ser limitadoras na escolha do melhor profissional. Este tipo de recrutamento, focado na necessidade e eliminando aspetos de imparcialidade e de discriminação, ajuda as empresas a construir equipas mais ajustadas e diversificadas, ampliando o espectro de perspetivas e soluções.

Mas a transformação tecnológica não termina por aqui. As ferramentas de IA e algoritmos de seleção têm também o poder de personalizar o processo de recrutamento, identificando candidatos que antes poderiam ser ignorados. Este nível de personalização e precisão é fundamental para garantir que cada pessoa, independentemente da sua origem ou experiência, tenha uma oportunidade justa, fazendo corresponder os candidatos que mais se adequam às necessidades.

Para além de assegurar um suporte importante nos processos de recrutamento, a tecnologia continua a desempenhar um papel vital na criação de um ambiente de trabalho inclusivo e flexível. Exemplo disso, foi a pandemia global que provou que o trabalho remoto e híbrido não são apenas uma tendência temporária, mas sim uma nova realidade. Através das ferramentas de teletrabalho e plataformas de comunicação digital, os colaboradores que, por razões geográficas, físicas ou familiares, antes não conseguiam participar de forma plena nas suas empresas, agora encontram um ambiente de trabalho flexível e inclusivo.

No contexto de outsourcing, a tecnologia torna-se ainda mais relevante. À medida que equipas externas são geridas remotamente, as ferramentas digitais garantem que a inclusão não se limita apenas aos colaboradores internos. A gestão de equipas distribuídas, comuns no outsourcing, requer uma abordagem tecnológica que promova a colaboração inclusiva, assegurando que todos, independentemente de onde estão, têm as mesmas oportunidades de contribuir e crescer.

De acordo com o estudo da Global Workplace Analytics, 76% dos profissionais veem a flexibilidade como um fator decisivo na sua satisfação profissional. Esta nova realidade em trabalhar remotamente, permite contratar de forma mais global, aumentando a diversidade de perfis disponíveis para cumprimento das suas necessidades e elevando a necessidade de adaptação das empresas para dar resposta a esta multiculturalidade.

Em paralelo, a tecnologia desempenha um papel transformador na inclusão de colaboradores com necessidades especiais, dado que as soluções de acessibilidade digital, como software de leitura de ecrã para pessoas com deficiência visual ou legendas automáticas em videoconferências, permitem que as barreiras sejam eliminadas. Desta forma, todos os colaboradores podem desempenhar as suas funções com eficácia, promovendo um ambiente de trabalho equitativo. Ferramentas de tradução, de transformação de texto para voz e vice-versa, permitem reduzir as barreiras de comunicação multiculturais e melhorar a integração. No setor de outsourcing, estas soluções são igualmente cruciais. A gestão de profissionais com diferentes necessidades é frequentemente facilitada por plataformas tecnológicas que permitem acompanhar o progresso e garantir que os colaboradores, independentemente de onde estão localizados, tenham acesso aos mesmos recursos. Esta abordagem não só melhora a eficiência, como também garante que a inclusão é uma prática transversal em todas as operações, reforçando o compromisso com equipas diversificadas e inclusivas.

Porém, a formação dos colaboradores é outra área que beneficia bastante da tecnologia, por exemplo, as plataformas de e-learning permitem que cada colaborador aceda a conteúdos personalizados e ao seu próprio ritmo, o que é vital para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades para crescer dentro da empresa. De acordo com o LinkedIn Learning, 94% dos colaboradores afirmam que permaneceriam mais tempo numa empresa se esta investisse no seu desenvolvimento. Assim, ao oferecer um plano de carreira contínuo e inclusivo, as empresas conseguem não só manter os seus colaboradores, como também garantir que estes se sintam valorizados e motivados.

Neste sentido, para garantir que as suas políticas de inclusão estão a ser eficazes, as empresas podem agora recorrer a ferramentas de monitorização digital, que permitem a análise em tempo real da perceção e desempenho dos colaboradores. Esta monitorização constante assegura que as políticas de inclusão não ficam apenas no papel, mas são ajustadas e melhoradas com base em resultados concretos, promovendo um ambiente de trabalho cada vez mais justo.

Deste modo, a tecnologia já não é apenas uma ferramenta de eficiência, mas um alicerce crucial para a promoção de diversidade e inclusão no local de trabalho. E as organizações que integrarem estas soluções tecnológicas não estão apenas a seguir uma tendência, mas a garantir a sua relevância e competitividade num futuro onde a inclusão será a norma, e não a exceção.