COBOL: O dinossauro que ainda domina a selva digital

COBOL: O dinossauro que ainda domina a selva digital

Num momento em que novas linguagens de programação surgem e se impõem como mais atrativas, torna-se cada vez mais relevante falar sobre Common Business-Oriented Language (COBOL), uma linguagem criada em 1959 que continua a demonstrar a sua importância e o quanto é fulcral para o funcionamento da sociedade como a conhecemos

Para muitos o código é algo distante, sendo apenas uma combinação de números que formam o mundo digital como o conhecemos. Nos últimos anos, com a intenção de transformar a programação numa profissão mais atrativa, têm surgido novas linguagens, gradualmente mais visuais e que ajudam a afastar aquela imagem do programador a escrever em letras verdes num ecrã de fundo preto. Apesar do surgimento de linguagens de programação mais modernas, a verdade é que a presença de COBOL no setor de TI é inegável. Criada há mais de 60 anos, com o foco de responder às necessidades dos setores da banca e das finanças, bem como de assegurar o processamento de grandes volumes de dados, esta linguagem é ainda responsável por 70% a 80% das transações comerciais globais, com mais de 220 mil milhões de linhas de código em utilização.

Além de ser uma linguagem de leitura e compreensão simples, as características que a distinguem são a segurança e a fiabilidade, fundamentais quando pensamos que COBOL é, diariamente, utilizado para responder a ações como o processamento de salários, transferências bancárias, cálculos de empréstimos bancários e milhões de outras transações.

Ainda assim, apesar da sua robustez e confiabilidade, COBOL enfrenta um problema significativo: a escassez de programadores qualificados. A verdade é que a realidade do mundo académico é distante daquela que é a necessidade do mercado de trabalho.

Há mais de 20 anos que não se leciona COBOL nas universidades e tal têm repercussões sérias na disponibilidade de profissionais. Se ainda hoje mais de três quartos da programação nos setores da banca e finanças é em COBOL, como podemos garantir que no futuro teremos profissionais habilitados a compreender e escrever nesta linguagem de forma a suprir as necessidades do mercado de trabalho?

Formar novas gerações de profissionais em COBOL não é apenas uma questão de preservar uma habilidade, mas também de garantir a estabilidade dos sistemas que movem a economia global. 

Quando comecei a minha carreira, após concluir o curso de Matemática e Informática, surgiu uma oportunidade porque existia uma lacuna no mercado. Atualmente, mais de duas décadas depois, a urgência mantém-se e continuam a ser as empresas a reconhecê-la, disponibilizando os seus recursos para formar e certificar profissionais.

Apesar de COBOL ser uma linguagem com mais de seis décadas, a sua relevância não diminuiu. Pelo contrário, a sua importância só cresce à medida que o mundo depende cada vez mais de sistemas digitais para operações críticas. Formar novas gerações de programadores em COBOL é uma necessidade estratégica para garantir a continuidade de serviços fundamentais em todo o mundo.

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