Os smartphones e tablets com plataforma Tango, projeto desenvolvido pela Google, poderão vir a revolucionar o modo como interagimos com o mundo, proporcionando a estes dispositivos uma noção de espaço
Espera-se que, ainda este ano, a sensação do espaço trazida pelos dispositivos moveis seja integrada em smartphones e tablets, o que poderá mudar a forma como interagimos com estes dispositivos e com a própria realidade no nosso dia-a-dia.
O projeto Tango esteve durante vários anos em desenvolvimento, tendo sido liderado por Johnny Lee, da Microsoft Kinect, e integra o grupo ATAP (Advanced Technology and Projects) da Google, uma empresa de I&D que a Google adquiriu aquando da compra da Motorola (e que não foi vendida à Lenovo).
Os protótipos começaram a ser desenvolvidos há mais de um ano, com os projetos Peanut e Yellowstone, tendo ambos necessitado de milhares de dólares de investimento para estarem prontos a ser utilizados pelos developers e a serem lançados para o consumidor, o que deverá acontecer durante o próprio CES, já que os fabricantes de hardware deverão começar a lançar agora dispositivos baseados na tecnologia Tango. Caso da Lenovo (a empresa que ficou com a Motorola), que poderá revelar uma nova linha de produtos Tango, em Las Vegas.
A lista de empresas que estão a trabalhar em produtos ou em designs Tango incluem a Qualcomm e a Intel, bem como a Nvidia e a LG.
Que aplicações?
O Tango carateriza-se por uma combinação de uma ampla gama de sensores que processam dados e os transformam em informação atualizada que é devolvida ao utilizador de forma imediata. Funciona através de um emissor de infravermelhos em forma de radar e de uma câmara infravermelha que capta a luz refletida em nosso redor. Ao mesmo tempo que capta as imagens, a câmara está sempre a procurar sinais visuais que forneçam dados de localização espacial ao utilizador.
Na prática, o Tango recorre a muitas das capacidades core que já existem nos smartphones, melhorando-as substancialmente - permite que o dispositivo móvel não só mapeie espaços interiores (para perceber onde está o chão, as paredes, o teto e a mobília), mas também que este saiba a sua localização exata dentro desse espaço, bem como a sua orientação.
É como se o smartphone passasse a funcionar como um Kinect ou um comando da Wii, em simultâneo. Atualmente, os sensores dos smartphones conseguem já detetar a orientação deste com base no seu próprio movimento. O que o Tango acrescenta é a capacidade de o dispositivo se orientar constantemente no espaço envolvente.
E se tudo isto ainda soa bastante abstrato, vale a pena considerar que um dispositivo móvel Tango poderá, inclusive, ser utilizado com um drone, para garantir que nunca existem colisões.
Mais importante que tudo: permite que realidade e realidade virtual se misturem através de dispositivos de realidade virtual.
As possibilidades de utilização são infinitas e, como sempre, assim que a tecnologia começar a chegar aos dispositivos, uma miríade de aplicações serão certamente criadas por developers que colocarão em prática ideias inimagináveis que revolucionarão a nossa interação com o que nos rodeia.