De acordo com os especialistas, a grande variedade de casos de uso de negócios 5G exigirá uma maior divisão de rede, o que irá diversificar o mercado e originar grandes benefícios
A natureza das redes 5G é diferente das gerações anteriores da tecnologia celular, graças à sua elevada largura de banda, baixa latência e ao facto gerir as ligações a um grande número de dispositivos de forma mais eficiente do que o 4G LTE e outras alternativas. Isto permite que os casos de utilização sejam finalmente criados com potencial para diferentes utilizações, desde a automatização de fábrica a veículos autónomos e Smart Cities, entre muitos outros. De acordo com a mais recente pesquisa publicada pela ABI Research, a importância da divisão de redes 5G (5G Network Slicing) na área do negócio, impulsionada principalmente pelas verticais da indústria pesada, está a aumentar. A pesquisa sublinha ainda que só a produção, o automóvel (através do conceito C-V2X) e a logística irão somar um mercado de 12 mil milhões de euros até 2026, representando uma parte substancial do mercado global, estimado em mais de 20 mil milhões de euros até esse ano. Como explica Don Alusha, analista sénior da 5G Core & Edge Networks da ABI Research, "esta pesquisa destaca a importância do 5G Slicing como facilitador para a criação de novos valores porque os prestadores de serviços de comunicações (CSPs) reforçam as suas capacidades para ir além das receitas de conectividade". Uma vez ultrapassada a pandemia, os planos do setor passam por acelerar as implementações de computação de ponta para desenvolver ainda mais casos de utilização de baixa latência, alargar a cobertura 5G e chegar a um consenso da indústria sobre como os telefones e dispositivos podem suportar a divisão 5G. Don Alusha afirma também que, "em geral, a indústria percebe que, para extrair o valor em jogo, é necessário melhorar a forma tradicional de fazer negócio e articular claramente os condutores comerciais e a utilidade comercial da divisão para os parceiros verticais". Os especialistas destacam três principais impulsionadores para esta futura segmentação das redes 5G. A primeira é que novos serviços podem ser implementados com pouca ou nenhuma perturbação dos serviços existentes. Isto é ainda mais difícil se não houver uma divisão clara das redes, uma vez que a complexidade da implementação requer a reconfiguração das redes subjacentes, o que pode levar a interrupções. O segundo fator a ter em conta é que, através desta segmentação, os verticais podem otimizar a eficiência da rede a custos mais baixos porque as redes partilhadas com outros parceiros do setor permitem melhorar a utilização dos recursos sem interferência de parceiros com diferentes interesses e necessidades. Além disso, isto pode reduzir a complexidade da implementação e integração. Por fim, esta quota de redes 5G permitirá aos parceiros verticais lançar um leque mais alargado de serviços com base em acordos personalizados e mais fáceis de cumprir (SLA). Embora os especialistas salientem que ainda há tempo para emergir um ecossistema maduro preparado para a divisão do 5G, especialmente com as dificuldades económicas que estão a ocorrer devido à pandemia. Assim sendo, serão precisos alguns anos para levar a cabo a prova de conceito e implementação tecnológica necessária para construir este novo ecossistema de redes segmentadas. Alusha conclui o seu relatório dizendo que "colher todos os benefícios da divisão de rede 5G é um esforço a longo prazo que deve começar pouco a pouco, através de implementações semelhantes ao campus do mesmo provedor. As implementações multi-fornecedores materializar-se-ão com mais alinhamentos da indústria no suporte terminal, modelo de negócio e colaboração entre integradores de sistemas, fornecedores e CSP". |