Estudo coloca Portugal como o quinto país do mundo com mais dificuldades em contratar e os perfis tecnológicos são os mais procurados pelos empregadores
Muito embora em ligeira redução desde 2022, as dificuldades das empresas nacionais e globais em preencherem as vagas que lançam para o mercado mantêm-se em valores muito elevados em 2024. Segundo dados do “Talent Shortage Survey 2024”, estudo do ManpowerGroup, 65% dos empregadores portugueses revelam alguma dificuldade em encontrar profissionais com os perfis de que necessitam e 16% sentem mesmo muita dificuldade. De acordo com o estudo, apenas 17% das empresas revela não sentir qualquer desafio em encontrar o talento desejado. Assim, a escassez de talento alcança 81%, valor com ligeira descida face a 2023, quando este se revelava em 84%. Com este resultado, Portugal encontra-se na quinta posição entre os países com maior escassez de profissionais, acima da média global, que se situa nos 75%. No mesmo patamar estão também a Irlanda e da Índia, e com mais dificuldades encontra-se o Japão, com 85%, seguido da Alemanha, Grécia e Israel, que se fixam nos 82%. “A acelerada transformação digital, aliada às crescentes preocupações socioambientais e à aposta numa maior incorporação de valor nos modelos de negócio, têm vindo a acelerar os ciclos de renovação nas competências que as empresas mais necessitam, sem que haja uma evolução equivalente no lado da oferta de talento. A este cenário unem-se fatores como as alterações demográficas, com o envelhecimento da população e a emigração, e a crescente concorrência global por profissionais qualificados, e encontramo-nos hoje com Portugal na quinta posição do ranking de países com maior escassez de talento, traduzindo assim as dificuldades de contratação sentidas pelos empregadores nacionais”, explica em comunicado Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal. “Para responder a este desafio, é essencial que as organizações apostem na capacitação do talento, de forma a dotar os profissionais das competências desejadas, ao mesmo tempo que promovem a sua empregabilidade futura. É igualmente importante que continuem a apostar em responder às atuais preferências dos profissionais, também elas em forte evolução nos últimos anos. O estudo mostra-nos isso mesmo, com as empresas a apostar na oferta de maior flexibilidade nos modelos de trabalho, bem como aumentos salariais por forma a tornarem as suas propostas mais competitivas num cenário de elevada concorrência pelo talento”, conclui. Embora todos os setores nacionais analisados no estudo revelem dificuldades na contratação, é o setor da Saúde e Ciências da Vida que apresenta uma escassez de talento mais acentuada, com 86% das empresas do setor a revelarem dificuldades na contratação. Seguem-se os setores da Indústria Pesada e de Materiais, com 84%, e o de Bens e Serviços de Consumo, que contempla as atividades de Retalho, Distribuição, Hotelaria e Indústria de Bens de Consumo, com um valor de 82%. Nos setores dos Serviços de Comunicação – que incluem telecomunicações e media -, Finanças e Imobiliário e Energia e Utilities, a escassez de talento fixa-se nos 81%, surgindo, de seguida, o setor das Tecnologias da Informação, a registar um valor de 80%. Finalmente, com uma escassez de talento de 74%, encontra-se o setor dos Transportes, Logística e Automóvel, que registou o abrandamento mais expressivo da escassez de talento, face ao verificado em 2023, quando esta foi de 86%. A nível regional, é na Região Sul e Grande Porto que os empregadores têm mais dificuldades na contratação de profissionais, com valores a situarem-se nos 87% e 86%, respetivamente. Segue-se a Região Centro, com uma escassez de talento de 82%, e a Região Norte, a fixar-se nos 79%. Por fim, 77% das empresas da Grande Lisboa assumem sentir também estes desafios. Todas as categorias de dimensão de empresa analisadas afirmam ter dificuldades em contratar o talento necessário em 2024. São as Grandes Empresas até mil trabalhadores e as Médias Empresas as que registam uma escassez de talento mais elevada, a situar-se nos 87% e 84%, respetivamente. Seguem-se as Grandes Empresas entre mil e cinco mil trabalhadores, e as com mais de cinco mil trabalhadores, ambas com 82% dos empregadores a revelarem dificuldades em encontrar os perfis desejados. Com valores ainda elevados, embora menos acentuados, os empregadores das Pequenas e as Microempresas registam uma escassez de talento de 80% e 73%, respetivamente. Nos que respeita às competências técnicas em falta, 26% dos empregadores portugueses voltam a referir os perfis tecnológicos e especializados em Data, mantendo a tendência que se tem vindo a registar desde 2022. Além destas, destaca-se, em 2024, a necessidade por profissionais na área do Marketing e Vendas, relatada por 21% dos empregadores inquiridos, e ainda com competências na área da Engenharia, destacada por 20% das empresas inquiridas. Em vagas relacionadas com o Atendimento e a Relação com o Cliente, a escassez de talento demonstra-se também uma realidade, com 19% dos empregadores a destacarem a necessidade por profissionais com as competências técnicas nesta área. Destaca-se ainda a procura por competências técnicas nas áreas de Operações e Logística e Indústria e Produção, ambas referidas por 18% dos empregadores. Num panorama cada vez mais digital e com constantes avanços tecnológicos, as competências humanas são cada vez mais importantes no mundo do trabalho. Na verdade, segundo o estudo “O Futuro do Trabalho tem huManpower”, da Manpower, 46% dos empregadores refere que as soft skills são os atributos mais importantes a considerar durante o processo de recrutamento. Dentro destas competências, é a capacidade de Colaboração e Trabalho em Equipa que mais se destaca, sendo procurada por 46% das empresas, seguida da Resolução de Problemas, referida por 34% dos empregadores nacionais. Também muito procuradas pelos empregadores encontram-se a Resiliência e Adaptabilidade (32%), a Responsabilidade e Fiabilidade (27%) e ainda a Capacidade de Iniciativa, referida por 22% dos inquiridos. Tendo em conta o atual cenário de dificuldade na contratação, os empregadores estão a desenvolver novas estratégias para irem ao encontro das preferências de candidatos e trabalhadores e assim reforçarem a sua capacidade de atração de talento. Oferecer uma maior flexibilidade sobre quando e onde é realizado o trabalho surge, assim, como a principal prioridade das empresas para tornar a sua proposta mais atrativa, sendo referida por 50% dos inquiridos, mantendo a tendência verificada no ano passado. Os empregadores procuram, desta forma, promover a autonomia e o equilíbrio e bem-estar do seu talento, respondendo à sua preferência crescente por modelos híbridos e horários mais flexíveis. A par desta estratégia, segue-se o aumento dos salários, medida destacada por 30% dos empregadores que procuram, assim, responder ao contexto de inflação e ao impacto no poder de compra dos trabalhadores, e a diversificação das bases de talento, recorrendo por exemplo a talento sénior, destacada por 26%. Além destes é referida ainda a oferta de bónus de integração na empresa, e a manutenção de colaboradores que são parcialmente redundantes, ambas as estratégias mencionadas por 22% dos inquiridos. |