Lenta, mas seguramente, o dinheiro como o conhecemos, tende a desaparecer. As moedas, durante séculos associadas à noção de dinheiro, cederam lugar às notas, com as moedas passando para segundo plano, até olhadas como um incómodo
Depois, foi a vez das notas, substituídas por cartões de plástico com bandas magnéticas, circuitos integrados, sistemas de radiofrequência, até que já nem os cartões são necessários, bastando uma aplicação num telefone. Esta é a parte visível, a interface de utilizador, digamos, do dinheiro. Nos sistemas de “backend”, há muito que o dinheiro se desmaterializou em bits. Em boa verdade, a primeira transformação digital foi, precisamente, a do dinheiro, precedendo, de algumas dezenas de anos, os restantes processos de negócio. Mas esta centralização, se é necessária para assegurar a estabilidade do sistema financeiro, até a sua credibilidade, está sob assalto de novas aproximações, as criptomoedas, que prometem evitar o problema do “duplo gasto” usando métodos criptográficos sofisticados. Mas estamos apenas no início. As Bitcoin, as Ethereum, outras que surjam, são apenas soluções provisórias. De pouco, ou nada, servem os métodos criptográficos usados para as gerar contra o poder de um computador quântico – e que não existam dúvidas que estes serão usados para atacar as criptomoedas atuais, e para gerar novos sistemas monetários. Em dez anos, ou menos, as Bitcoin atuais poderão valer tanto quanto as notas com denominação em escudos que ainda poderão restar nalgumas caixas de recordações. Retomando o tema inicial, o dinheiro, como o conhecemos, tende a desaparecer. Todas as formas dele – até as mais recentes, ou sobretudo essas. O que, francamente, abre portas formidáveis. Quem resolver o problema da próxima iteração do dinheiro, ficará tão rico que provavelmente fará inveja a Jeff Bezos ou a Elon Musk – se não for nenhum deles a descobrir a solução para tal problema.
Henrique Carreiro | Docente de Cloud Computing e Mobilidade Empresarial na Nova |