De acordo com um recente relatório, reinventar o core business, adquirir novos negócios e modernizar o modelo operacional são as chaves para o êxito das transformações empresariais
O atual ambiente empresarial volátil continua a apresentar desafios às empresas. No entanto, os negócios resilientes veem nos momentos de crise ou incerteza uma oportunidade para se transformarem e gerar mais valor, tanto em períodos de crescimento como de recuperação. Nesse sentido, reinventar o core business, desenvolver ou adquirir novos negócios, modernizar o modelo operacional, estabelecer metas ambiciosas, renovar o pipeline, criar uma cultura que promova a mudança, atuar em vários níveis ao mesmo tempo e focar em iniciativas de diversas dimensões são características comuns para alcançar transformações empresariais bem-sucedidas, de acordo com a McKinsey & Company, pois têm um impacto extraordinário nas organizações, gerando 4,5 vezes mais valor. Em consonância com esta realidade e para ajudar as organizações a alcançar essas transformações, a consultora lançou o “McKinsey Transformation Index”, um método que avalia o sucesso das transformações empresariais, abrangendo, paralelamente, o impacto holístico e a reinvenção do negócio com base em 10 categorias de ações. O impacto holístico envolve ações que vão desde a performance financeira, saúde organizacional, talento e capacidades, até à experiência do cliente e o impacto social e meio ambiental (ESG), enquanto a reinvenção do negócio está relacionada com a transformação do modelo operacional, portfólio, ações estratégicas e capacidades digitais e analíticas. “Realizar transformações empresariais bem-sucedidas representa um desafio considerável. Na verdade, cerca de 70% dessas transformações não conseguem atingir os seus objetivos. Entre as que têm sucesso, apenas uma pequena fração consegue gerar um valor verdadeiramente extraordinário, uma categoria a que chamamos ‘transformações renovadoras’”, afirma José Pimenta, Managing Partner da McKinsey em Espanha e Portugal. “Estas ‘transformações renovadoras’ destacam-se pela sua capacidade de combinar, eficazmente, a melhoria do impacto holístico com a reinvenção do modelo de negócios, alcançando resultados excecionais em ambas as dimensões”, destaca. Para medir a maturidade da transformação, a McKinsey desenvolveu uma ferramenta, o Transformation Speedometer, que permite analisar o grau de maturidade no contexto específico do negócio com base no McKinsey Transformation Index. A escala de maturidade - de zero a cem – considera as dez categorias dentro do impacto holístico e da reinvenção do negócio. Além de avaliar a taxa metabólica e transformacional, a ferramenta identifica os chamados ‘ângulos mortos’ da organização e fornece orientações sobre como alocar recursos de forma eficaz entre o negócio existente e os novos negócios, o que irá ajudar a determinar o tipo de transformação necessária (escalar rapidamente ou transformar de forma sequenciada) e a criar valor com base em critérios ESG, servindo como guia para um crescimento mais sustentável e inclusivo. Seguindo este método, os executivos das empresas atribuem uma pontuação de zero a dez a cada uma das dez categorias mencionadas anteriormente. Numa escala de 100 pontos, as empresas que estão atrasadas no progresso de transformação têm pontuações abaixo de 60; as empresas com transformações sólidas situam-se entre 60 e 80; e as transformações bem-sucedidas obtêm uma pontuação superior a 80. A McKinsey cita como exemplo uma empresa multinacional do setor de retalho que obteve resultados financeiros superiores aos dos seus pares e práticas de experiência do cliente e ESG semelhantes. Apesar dos bons resultados financeiros a curto prazo, a administração percebeu que o negócio correria riscos se não desenvolvesse melhor as capacidades de reinvenção da empresa. As suas capacidades digitais e de comércio eletrónico eram limitadas, o que reduzia a sua eficiência e inovação num contexto de loja. Além disso, o seu modelo operacional também era muito tradicional, com um formato em cascata que reforçava a tomada de decisões hierárquicas em vez da flexibilidade. Portanto, os responsáveis da empresa decidiram que os processos, sistemas e gestão de talentos precisavam de passar por uma reformulação completa, com atenção especial ao investimento em capacidades analíticas e digitais. Esta avaliação da McKinsey pode revelar noções importantes para as empresas. Em primeiro lugar, é quase impossível alcançar a excelência nas dez categorias. Fazer pequenas melhorias em todas elas não levará aos melhores resultados; agir rapidamente e de forma arrojada em algumas dimensões, sim. Em segundo lugar, a avaliação pode apoiar as decisões dos CEOs e das equipas de gestão a definir prioridades para os próximos meses e anos. A ferramenta não avalia a qualidade ou profundidade da gestão, mas estimula o debate entre os altos executivos sobre a maturidade das suas transformações e identifica possíveis “ângulos mortos”. Em terceiro lugar, a McKinsey destaca que estas discussões são fundamentais para criar um consenso entre os responsáveis sobre como alocar recursos e definir metas objetivas para medir o impacto e avaliar o progresso. Além disso, estabelecer metas ambiciosas e uma visão partilhada ajuda a manter um nível elevado de compromisso com o trabalho a ser realizado. |