O mercado do trabalho está a mudar e, pela primeira vez, há cinco gerações em simultâneo nas empresas. Quais os principais desafios e as oportunidades que se colocam aos gestores? André Ribeiro Pires, Chief Digital and Information Officer do Grupo Multipessoal, aponta alguns dos caminhos a seguir
O capital humano é cada vez mais importante para as empresas. Considera que mantê-lo é hoje um dos grandes desafios nas organizações? Sem dúvida que sim! A importância das pessoas nas organizações tem sido cada vez mais clara e de nada valem as últimas tecnologias e os melhores processos se não existirem profissionais preparados para o mercado de trabalho. Quais os principais desafios atuais, no que se refere aos talentos, para as empresas? Acredito que os desafios que encontramos consideram dois principais factos do contexto organizacional atual: temos várias gerações a interagir no mesmo local de trabalho e temos também um mercado cada vez mais candidate driven. Associadas às diferenças geracionais, estão também as diferenças de métodos de trabalho, de prioridades estabelecidas, de interesses e necessidades. Neste momento é importante que os elementos seniores percebam o seu papel nas organizações, mesmo quando estas estão a viver mudanças, e que lhes seja permitido um re-skilling quando necessário. Por outro lado, é necessário assimilar a ideia de que as prioridades das novas gerações são diferentes das – até então – mais habituais. Condições como a possibilidade de trabalho remoto podem ser priorizadas a um salário mais elevado, por exemplo. No setor das TI, a escassez de recursos é um problema há já alguns anos. Como podem as empresas ultrapassar este desafio? Primeiro, devemos focar-nos na formação académica para esta área, que tem estado em crescimento, mas ainda não assegura resposta às necessidades efetivas do mercado. Além disso, é preciso conseguirmos garantir, em Portugal, as condições que são asseguradas no estrangeiro para os profissionais de TI. A fuga de cérebros é uma realidade, e estes colaboradores seguem as oportunidades que lhes permitem uma maior margem de crescimento e aprendizagem, e que garantem uma melhor qualidade de vida. A requalificação de recursos será cada vez mais importante. De que forma devem as empresas olhar para este desafio? A formação em matérias novas, ou mesmo a atualização de conhecimentos já adquiridos é cada vez mais uma prioridade para os colaboradores, em variadas áreas. As empresas devem olhar para isto como um fator de extrema importância e, até, bastante positivo! A velocidade a que as alterações acontecem no mercado de trabalho torna quase uma obrigatoriedade esta requalificação, mas os próprios profissionais têm-se mostrado cada vez mais interessados em saber mais e manter-se atualizados. Qual a importância de ter uma Employer Branding forte na atração e retenção de talentos? Se o mercado é candidate driven e existe realmente maior procura do que oferta de profissionais, os empregadores têm de criar notoriedade fundamentada para a sua marca, para que esta seja considerada por quem procura emprego e por quem já integra a própria organização. Para se destacarem e captarem a atenção dos candidatos as empresas precisam de se posicionar no mercado e comunicar constantemente a sua oferta, não só a nível de bens ou serviços disponibilizados, mas também enquanto marca e empresa empregadora. Como vê o futuro do trabalho em Portugal? Vejo o futuro do trabalho em Portugal como promissor. O país tem vindo a ganhar visibilidade, em áreas variadas. Se, por um lado, continuamos a ser uma importante potência no setor primário; por outro lado, as nossas capacidades de adaptação, o espaço para desenvolvimento e a aposta de investidores tornam-nos um curioso destino tecnológico.
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