“Existe falta de compreensão por parte de algumas organizações sobre o que é que os candidatos procuram”

O mercado de IT enfrenta vários desafios: falta de profissionais qualificados, desalinhamento entre as empresas e a realidade do mercado e uma falta de conhecimento do mesmo. Assim, é importante perceber qual é a realidade, como é que as organizações se podem adaptar para atrair o melhor talento e, ao mesmo tempo, como é que os candidatos podem maximizar as hipóteses de serem contratados

“Existe falta de compreensão por parte de algumas organizações sobre o que é que os candidatos procuram”

Um estudo recente da Adecco aponta que o setor de IT é um dos que lidera em termos de salários mais elevados, com as posições de topo a poderem atingir os 120 mil euros anuais. Segundo o estudo, “a necessidade de ajustar pacotes de compensação torna-se essencial para atrair e reter talento” nas organizações.

Em declarações à IT Insight, Nuno Rodrigues, Manager IT Adecco Permanent Recruitment, especifica que, dentro do IT, os perfis que têm sido mais trabalhados são de data, de cibersegurança e de DevOps.

No entanto, explica, a Adecco especializa-se por cluster para “melhor distinguir as principais áreas para os seus clientes”, áreas essas que podem ser detalhadas por desenvolvimento – que abrange o desenvolvimento de backend e frontend, assim como full stack, com diversas tecnologias envolvidas –, qualidade e gestão – que inclui perfis de gestão como project managers, products owners e scrum masters –, data – com perfis de data science, data engineers ou data analytics, entre outros –, segurança – com administração de redes ou engenharia de software, avaliação de vulnerabilidades e exploração de falhas, entre outros – e cloud computing – que continua a ser uma tendência e uma necessidade para grandes empresas.

Naturalmente que as competências técnicas são importantes quando falamos do mercado de IT. No entanto, as organizações dão cada vez mais valor às soft skills. Neste ponto, as empresas procuram “pessoas com um elevado sentido de responsabilidade, que tenham compromisso e alguma flexibilidade de adaptação àquilo que são as diferentes culturas empresariais”.

O impacto da inteligência artificial

Nuno Rodrigues menciona que os perfis de data estão muito ligados à Inteligência Artificial (IA), uma vez que esta tem de ser alimentada por dados. Assim, “estes perfis têm sido muito mais procurados e têm apresentado um grande crescimento em termos de expectativas salariais”.

O representante da Adecco menciona que são as grandes empresas as mais avançadas na área da inteligência artificial, enquanto as PME se mostram interessadas, mas “ainda precisam de definir melhor as suas necessidades de fazerem grandes investimentos nessas tecnologias”.

Sobre a utilização de IA nos próprios processos de recrutamento, Nuno Rodrigues especifica que a Adecco tem “apostado em ferramentas internas para otimizar o trabalho”, mas que “o conhecimento do mercado e a sensibilidade humana são insubstituíveis no recrutamento, especialmente para avaliar as soft skills e a adequação à cultura das empresas”.

Os desafios do mercado

Falando “de forma genérica”, Nuno Rodrigues indica alguns dos principais desafios que o setor de IT enfrenta, nomeadamente “falta de conhecimento do mercado por parte de alguns parceiros”, principalmente no que diz respeito aos “valores salariais e às expectativas dos profissionais”. Assim, “existe uma falta de compreensão por parte de algumas empresas sobre o que é que os candidatos procuram em termos de condições de trabalho e remuneração”.

Ao mesmo tempo, existem expectativas irrealistas das empresas, como “procurar um único profissional que combine diversas valências”, como por exemplo desenvolvimento, suporte e análise de dados, o que “não corresponde à especialização dos profissionais no mercado”.

Existem, também, “questões salariais mal definidas” ou “abaixo dos valores praticados pelo mercado” que, explica Nuno Rodrigues, “dificultam a atração e retenção do talento”.

Por fim, refere, existe uma “tensão entre o desejo das empresas” por um modelo de trabalho mais presencial e a “preferência dos profissionais por modelos mais flexíveis ou remotos”. Salientando que “alguns perfis não têm essa flexibilidade pelo dia-a-dia em si, como técnicos de suporte ou de primeira linha”, Nuno Rodrigues menciona que “algumas empresas não reconhecem a importância da flexibilidade como fator de atração de talento”.

Como se destacar no mercado de IT

Nuno Rodrigues elenca os aspetos que um profissional deve ter em conta para se destacar no mercado de IT, tanto no seu perfil online como na sua apresentação e competências.

O representante da Adecco começa por mencionar que “um ponto crucial” é ter “um LinkedIn muito bem trabalhado” que não resume apenas “as empresas onde trabalhou”, mas deve permitir perceber as tendências do mercado. Os profissionais devem utilizar a terminologia correta e comum – como, por exemplo, “developer” em vez de “desenvolvedor”, uma vez que “aumenta a visibilidade nas pesquisas”.

É, também, importante incluir nas competências do LinkedIn e no currículo os certificados renovados que o profissional possui, um resumo prático do que alcançou em cada experiência profissional e, principalmente, as tecnologias utilizadas. “Seja um developer, um tester ou um profissional de cibersegurança, a segmentação clara das competências é fundamental”, afirma.

Depois, no momento da entrevista, o LinkedIn deve ser um espelho do CV, apresentando um resumo prático das atividades da empresa atual, os principais objetivos alcançados e as competências tecnológicas. Nuno Rodrigues especifica que é vital que o CV seja trabalhado e alinhado com as expectativas do mercado.

Por fim, os profissionais devem “desenvolver e evidenciar as suas soft skills”. Ao seguir estes pontos, os profissionais de IT podem “aumentar a sua visibilidade e atratividade no mercado de trabalho”. 

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