Estudo da Gartner aponta que apostar no potencial dos funcionários pode aumentar quase duas vezes a eficácia no desempenho
As organizações que exigem que os funcionários demonstrem domínio total de competências em todos os requisitos antes de transferi-los para funções críticas podem estar a comprometer ganhos significativos de desempenho. De acordo com uma pesquisa da Gartner, “os funcionários contratados com base no seu potencial têm 1,9 vezes mais chances de ter um desempenho eficaz do que aqueles contratados pelo domínio total de competências”. A rápida evolução das exigências de novas competências desafia as estruturas e processos de talento das empresas. Segundo um estudo da Gartner realizado em outubro de 2024, “48% dos 190 líderes de RH inquiridos concordaram que a procura por novas habilidades está a evoluir mais rápido do que as estruturas e processos de talentos existentes podem suportar”. “Muitas organizações estão a transformar as suas capacidades tão rapidamente que não conseguem adquirir todas as habilidades de que precisam – o talento não existe ou é muito caro”, afirmou Meaghan Kelly, Director da Gartner HR Practice. “Isso coloca mais pressão sobre as organizações para desenvolver habilidades internamente, mas, infelizmente, a maioria das organizações não está a desenvolver habilidades com rapidez suficiente para preencher funções críticas”, acrescentou a especialista. Um dos maiores desafios na mobilidade interna é a exigência de capacidade total antes da transição para novas funções. “A abordagem atual de exigir que os funcionários sejam proficientes em todas as habilidades antes de fazer a transição para novas funções está a atrasar o desempenho e a dificultar o crescimento”, alerta a Gartner. Como alternativa, a consultora recomenda que os líderes de RH passem a focar-se no “desenvolvimento do potencial”, definida como “uma vontade e capacidade de aprender novas habilidades a partir de uma base mínima”. No entanto, de acordo com um inquérito da Gartner realizado em outubro de 2024 com mais de 3.200 funcionários, “apenas 28% relataram que a sua organização dá importância ao desenvolvimento do potencial”. Identificar funcionários promissores continua a ser um desafio. O estudo revela que “51% dos gerentes concordaram que solicitam aos recrutadores que se concentrem apenas no recrutamento de funcionários com todas as habilidades desejadas ao recrutar internamente”. Sobre essa abordagem, Annika Jessen, diretora de RH da Gartner, explica que “esperar para encontrar um funcionário com todas as habilidades exatas listadas para uma função reduz significativamente o grupo de candidatos em potencial”. Para contornar esta limitação, defende que “os gerentes devem concentrar-se na definição de requisitos de função simples e fundamentais para alcançar um grupo mais amplo de candidatos”. Além disso, apoiar os funcionários contratados com base no potencial é essencial, mas atualmente há “uma dependência excessiva dos gerentes para esse suporte, apesar dos seus altos níveis de esgotamento”. Para aliviar essa pressão, a Gartner sugere a implementação de “redes de aprendizagem baseadas em habilidades, que incluem o funcionário, o gerente, formação e desenvolvimento, gestão de talentos e um especialista no assunto”. Segundo o estudo, “a implementação de uma abordagem de suporte de rede quase dobrou o impacto na preparação de habilidades em comparação com a abordagem de suporte 1:1”. |