Empresas reforçam cláusulas de proteção à mudança nas funções de direção

A Page Executive Portugal lançou um estudo empresarial sobre as principais funções de direção e tendências de recrutamento no país

Empresas reforçam cláusulas de proteção à mudança nas funções de direção

A Page Executive Portugal – marca do Page Group exclusivamente dedicada ao recrutamento de executivos – lançou um estudo salarial sobre principais funções de direção e as tendências de recrutamento destes quadros em Portugal.

Num ambiente profissional cada vez mais competitivo, incerto e globalizado, de mudança acelerada e fenómenos não controláveis, o capital humano afirma-se como o elemento verdadeiramente diferenciador. Para a retenção do talento sénior nos vários setores, destacam-se a sofisticação das políticas remuneratórias (com cada vez mais variáveis – qualitativas e quantitativas), do reconhecimento – pessoal e profissional – e da progressão de carreira, no sentido de atrair (e reter) os melhores profissionais C-level.

O estudo conclui ainda que a crescente preocupação com a segurança do emprego é transversal aos vários setores. Os profissionais de direção valorizam a estabilidade salarial, mas também benefícios complementares ao salário fixo e variável, como bónus de saída e bónus garantidos que minimizam o efeito da incerteza. Entre os benefícios mais comuns, surgem ainda o automóvel (incluindo combustível, portagens, estacionamento, manutenção), seguros de vida, de saúde e regalias associadas à saúde e bem-estar (tais como ginásio e atividades desportivas), além de subsídios destinados à educação dos filhos, formação, habitação, férias e alimentação. No pacote remunerativo é também valorizado o “salário emocional“ associado a fatores como a flexibilidade, diversidade, inclusão e responsabilidade social corporativa.

José Peixoto, Principal, Page Executive Portugal, declara que “uma organização cujo propósito se baseie em colocar as pessoas no centro da sua estratégia, procurando flexibilizar e acomodar diferentes culturas, referências e valores, será encarada como um empregador mais atrativo no mercado de trabalho. A longo prazo, as empresas que consigam atrair e reter os melhores talentos, irão alcançar certamente um melhor posicionamento relativamente aos seus concorrentes. A remuneração — fixa e variável— em conjunto com os benefícios sociais e o salário emocional continuam a ser, atualmente, os fatores essenciais para a construção de uma equipa de excelência em termos de rendimento e motivação”.

Entre as principais conclusões por setor, destacam-se:

  • Banking & Insurance: São mercados estáveis, sustentados por uma profunda alteração em resposta à era digital e mantendo a sua competitividade na forma exímia com que se relacionam com os seus clientes. Uma das principais tendências é a diversificação para as atividades e negócios não tradicionais, o que tem aumentado a atração de talento e perfis mais transversais. A digitalização e inovação, obrigam as instituições financeiras a procurar profissionais que ofereçam conhecimentos técnicos aliados a uma clara orientação para o mundo digital. Embora sejam setores com um padrão mais conservador, os executivos deste setor valorizam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, demonstrando um grande interesse em opções de trabalho flexíveis e boas oportunidades para o desenvolvimento de carreira. Por este motivo, aposta-se num ambiente de trabalho dinâmico, em planos de carreira bem definidos, na mobilidade interna e noutras políticas que promovam a retenção de talento. Do ponto de vista salarial, observa-se uma redução nas remunerações variáveis, mas os salários fixos mantêm-se estáveis. Como referência, nas empresas com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, para a função de CEO, a remuneração fixa situa-se a partir de 195 mil euros e variável entre 15-35%;
  • Finance: O setor caracteriza-se pela presença de profissionais versáteis e polivalentes, em que a competividade salarial é um fator decisivo para a retenção do talento. As empresas procuram, nos perfis financeiros, parceiros de negócio estratégicos, com proximidade às operações e aos desafios de gestão de forma cada vez mais integrada. É também de destacar a procura por determinadas competências como a experiência em gestão de equipas e capacidade de trabalhar sob pressão. Os melhores profissionais do setor não procuram apenas um salário competitivo e benefícios, mas valorizam fatores como o desenvolvimento profissional, a mobilidade internacional e a proximidade ao negócio e à tomada de decisão. Nos perfis de direção mantêm-se como prioridade, a estabilidade no longo prazo, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e a projeção nacional e internacional proporcionada pelos projetos transversais que tendem a participar. A procura por estes perfis tem-se traduzido no aumento ligeiros da compensação destes executivos. Como referência, nas empresas com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, a função de CEO tem uma remuneração salarial fixa de 180 mil euros e variável entre 20-40%;
  • Sales & Marketing / Retail: Ambos os setores – e certas funções - encontram-se numa fase de ajustamento. As posições de desenvolvimento de negócio, seja a nível nacional ou internacional, continuam a ser bastante procuradas, principalmente funções com base em Portugal. Por sua vez, os perfis de Marketing aumentaram consideravelmente o seu scope tradicional – mais ligados à comunicação e ativação - para desempenhar um papel, atualmente, fundamentalmente estratégico, analítico e de parceria com o negócio. Quanto ao Retalho, esta já era uma indústria em plena fase de redefinição e os últimos anos apenas vieram acelerar este processo. A pandemia obrigou este setor a acelerar massivamente os projetos de digitalização, enquanto as empresas passaram a dar ainda mais atenção à proximidade e experiência do cliente (o que por si só aumenta a complexidade do recrutamento associado a este setor). No período de pós-pandemia, a forte aposta no Marketing e E-Commerce, mantem-se. A procura dos perfis executivos deste setor, foca-se no posicionamento e visão estratégica, bem como no “know-how” técnico, específico de cada área. A digitalização continua a expandir-se e a presença online é imprescindível. Sendo esta uma área relativamente nova e com grande procura de talento, exige-se que os candidatos adquiram competências específicas através de programas de formação especializados, enquanto os ajustam ao seu contexto profissional. Os pontos chave na diferenciação de candidatos assentam nas competências comunicacionais, argumentativas e de persuasão, alinhadas com uma excelente gestão de tempo. Para atrair os melhores candidatos, as empresas têm de ser competitivas tanto ao nível salarial como de benefícios, como o trabalho flexível e o teletrabalho. Como referência, nas grandes empresas, com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, a função de CEO tem uma remuneração salarial fixa a partir de 280 mil euros e variável entre 20-40%;
  • Healthcare & Life Sciences: Este setor assumiu especial relevância nos últimos anos e continuará com a projeção mediática. Após um período em que as Farmacêuticas trabalharam arduamente para aumentar a produção de medicamentos, acelerar os ensaios clínicos e encontrar novas vacinas e soluções para eventos futuros, o setor está em fase de ajustamento, tanto ao nível de processos, procedimentos e formas de trabalhar, assim como do próprio negócio. Os centros de investigação, empresas de biotecnologia e start-ups souberam adaptar-se e movimentar-se agilmente para colaborar e continuar a fazer crescer o setor, no pós-pandemia. Quanto às empresas de Diagnóstico e Dispositivos Médicos, acompanham também estas tendências. Ao nível dos perfis de Direção, o perfil comportamental tem sido bastante importante face à liderança que estas funções têm de assumir atualmente, num contexto de crescimento controlado, planeado e tendencialmente com ciclos mais alargados. As relações entre os profissionais de saúde continuarão a transformar-se, exigindo novos tipos de competências. Devido à grande procura por profissionais mais séniores, estes conseguiram alavancar essa mais-valia nas negociações salariais. Um pacote salarial atrativo, a reputação da empresa e o trabalho flexível são fatores decisivos na atração e retenção dos talentos do setor. Para funções mais estratégicas, tem-se assistido a um aumento do pacote salarial base, dada a dificuldade de atração deste tipo de perfis. Como referência, nas empresas com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, a função de CEO tem uma remuneração salarial fixa a partir de 240 mil euros e variável entre 40-50%;
  • Human Resources: Num período extremamente desafiante para todas as empresas, as equipas de Recursos Humanos assumem-se cada vez mais como cruciais para uma rápida adaptação a novos contextos e desafios, tanto ao nível de procedimentos como no ajuste/dimensionamento das estruturas internas face às novas dinâmicas/exigências. Além disso, os desafios impostos pela prática do teletrabalho, levaram estes profissionais a desenvolverem, adaptarem e implementarem novos processos, procedimentos e formas de trabalhar, em curtos espaços de tempo (esta será uma tendência no futuro também). As empresas estão a investir cada vez mais na gestão e desenvolvimento dos seus talentos, com políticas avançadas de recursos humanos onde o foco está numa abordagem analítica e interdisciplinar. A tecnologia promove a procura de perfis transversais que contribuam com conhecimentos especializados como por exemplo finanças, análises de dados e tecnologias de informação. Os profissionais orientados para objetivos e para o cliente interno são os mais procurados e, neste contexto, as competências de comunicação, organização e trabalho sob pressão são elementos importantes para o sucesso destes profissionais. O pacote salarial continua a ser um fator importante, mas não decisivo. Outros benefícios como a cultura e clima organizacional, oportunidades de formação, desenvolvimento e crescimento, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são cada vez mais importantes na tomada de decisão. Como referência, nas empresas com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, a função de CEO tem uma remuneração salarial fixa a partir de 150 mil euros e variável entre 20-40%;
  • Information Technology: Vivemos um período de crescente procura de profissionais estratégicos e especializados na área das Tecnologias de Informação, que combinem o conhecimento técnico das TI e experiência/conhecimento de negócio. A “transformação digital” veio acelerar esta necessidade, exigindo uma maior combinação das hard skills com as soft skills, reforçando a importância das competências de liderança, comunicação, empatia e orientação para a resolução de problemas. Independentemente da área de atuação ou dimensão das empresas, esta é uma área de aposta de importância tal que nenhum negócio é, hoje em dia, concebido sem a influência e aplicação de tecnologia. Embora o pacote salarial ainda seja crucial para os candidatos deste setor, existem outros fatores que influenciam a sua decisão para aceitar um novo desafio: a natureza do projeto, o ambiente tecnológico, as próprias responsabilidades da função e a possibilidade de trabalhar 100% remotamente. No último ano, os perfis deste setor viram o seu salário aumentar proporcionalmente à procura destes talentos no mercado. O setor das Tecnologias de Informação é definido por uma verdadeira guerra de talentos e, por esse motivo, naturalmente os salários do setor serão superiores ao de áreas menos solicitadas. Como referência, nas empresas com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, a função de CEO tem uma remuneração salarial fixa a partir de 140 mil euros e variável entre 20-40%;
  • Engineering & Manufacturing: O período pós-pandemia trouxe grandes mudanças no setor, com empresas a terminarem as suas atividades, a mudar totalmente os seus processos e, até mesmo, a sua produtividade. Tem existido um aumento na procura de profissionais de Logística e Supply Chain, onde a procura passa a ser superior à oferta. Os salários ao nível de direção mantiveram-se ao longo do último ano, e assim se deverão manter durante 2023. As empresas procurarão diferenciar-se através de uma forte cultura empresarial, com planos de carreira bem definidos e possibilidade de mobilidade interna, no sentido de atrair os executivos mais bem preparados, para a concretização dos seus objetivos. Com a integração de Portugal num mercado cada vez mais global, assistimos a uma maior competitividade ao nível do pacote salarial, criando uma tendência de disputa de talento, principalmente nas funções de gestão de topo. Como referência, nas empresas com um volume de negócios superior a 250 milhões de euros, a função de CEO tem uma remuneração fixa a partir de 160 mil euros e variável entre 30-50%;
  • Tax & Legal: O volume de pedidos por parte de empresas cresceu significativamente face ao volume de pedidos por parte de Sociedades de Advogados, numa ótica de redução de custos com a externalização de serviços. Por parte das Sociedades, a aposta continua a ser na incorporação de perfis bastante séniores, com carteira de clientes relevante e com o objetivo de desenvolver ou criar departamentos de raiz. Relativamente às áreas de prática, destacam-se com maior movimentação as de Direito Imobiliário, Corporate e M&A, Laboral, Contencioso Civil e Comercial, Fiscal e Direito Público. No momento de atração destes talentos, denota-se uma tendência para a preferência de integração em Cliente Final e é de extrema importância um plano de carreira claro. Relativamente aos pacotes salariais, estes mantiveram-se estáveis, ainda que tenha existido alguma alteração na remuneração variável.

Como referência, num escritório nacional, a remuneração fixa de um profissional situa-se entre os 96-160 mil euros e variável entre 20-30%, enquanto num escritório internacional, a remuneração oscila entre 144-192 mil euros, mantendo-se a idêntica percentagem da parte variável.

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