Contradições e teste ao stress: os impactos do teletrabalho na Europa

O “Survey Attack: Relatório de Bem-Estar Teletrabalho 2022” apresenta dados sobre a relação entre trabalho e lazer desde o início da pandemia até ao presente

Contradições e teste ao stress: os impactos do teletrabalho na Europa

A pandemia da Covid-19 obrigou a uma nova realidade para milhões de pessoas: o teletrabalho.

De que forma é que esta nova forma de trabalhar está a impactar os trabalhadores? A NFON, em conjunto com a Statista Q, analisou dados referentes ao impacto da pandemia da Covid-19 e do teletrabalho com o estudo “Survey Attack: Relatório de Bem-Estar Teletrabalho 2022”.

Com mais de mil participantes por país – Portugal, Alemanha, Áustria, Itália, Espanha, Grã-Bretanha, França e Polónia – o estudo revela um cenário parcialmente contraditório na relação entre trabalho e lazer.

Na questão sobre o que é que mudou desde o arranque do teletrabalho, 28% dos inquiridos revelaram que a carga de trabalho aumentou e 25,2% destaca o aumento das horas de trabalho.

Sobre o equilíbrio vida pessoal/vida profissional, 36% revelaram que têm mais tempo para a família e amigos e 29,4% admitem que passam mais tempo a fazer exercício físico e a comer de forma mais saudável.

A saúde nesta nova realidade

Contudo, o cenário de teletrabalho provocou por vezes episódios de stress – 37% dos inquiridos revelou mesmo ter experienciado vários níveis. A fraca ligação à internet, estar contactável a qualquer hora, a ausência de limites entre o trabalho e o lazer e a falta de interação social com colegas são apenas alguns dos fatores de stress destacados.

Segundo o professor Dr. Christian Montag, autor e especialista na influência das tecnologias digitais na psicologia humana, “a amostra global evidencia que 20,5% sofrem de tecnostress, que inclui, por exemplo, problemas técnicos como falhas no router, falta de bateria, equipamento inadequados, entre outros. O tecnostress em casa surge para cerca de um quinto dos participantes”.

Neste seguimento, o estudo revela que o teletrabalho fez emergir uma nova tendência de automedicação entre os colaboradores de forma a melhorar o bem-estar. 34,4% dos participantes tomaram suplementos sem receita médica – uma parte para aumentar os níveis de concentração e a outra para recuperação. O uso de produtos legais como o canábis, por exemplo, quase duplicou desde o início da pandemia – 24,9% (pré-pandemia) para 43,3% (desde o início).

“28,9% dos inquiridos afirmou que a sua satisfação com a vida se deteriorou face ao período pré-pandemia”, revelou o professor Christian Montag.

As novas realidades

21,7% dos inquiridos no ‘Relatório de Bem-Estar Teletrabalho 2022” admitiram que já planearam a demissão perante a situação de teletrabalho que viveram. 9,9% deixaram mesmo os trabalhos, justificando a decisão com a falta de oportunidades para desenvolver a carreira, salário mais baixo, estar contactável a todas as horas, entre outras.

O teletrabalho trouxe ainda uma outra realidade: a predisposição para trabalhar mesmo doente ou durante períodos de férias: 38,3% consideram esta forma de trabalho uma vantagem, uma vez que podem trabalhar doentes. Já 26,2% afirmam que não estarão disponíveis durante as próximas férias.

Quando falamos do espaço de trabalho em casa, 12,1% mudou o espaço de trabalho para o quarto, mas a grande maioria dos participantes trabalha a partir da sala de estar (35,7%). 31,8% tem mesmo um escritório.

“O ‘Relatório de Bem-Estar Teletrabalho 2022’ mostra que temos de enfrentar uma nova realidade: cuidar do bem-estar e da satisfação com a vida das pessoas em teletrabalho tem de ser o foco. O escritório em casa está a transformar-se na nova realidade, e esta situação necessita de uma atenção e de um cuidado constantes, para que o novo modelo de trabalho na Europa não acabe a ser a razão principal de uma ida à terapia”, afirmou o professor Christian Montag.

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