Como aumentar a competitividade da Europa

O investimento na tecnologia e a transição energética são essenciais para impulsionar a competitividade no espaço europeu, segundo o Fórum Económico Mundial

Como aumentar a competitividade da Europa

De acordo com o World Economic Forum (WEF), o crescimento económico da Europa está atrasado em relação aos Estados Unidos há décadas, o aumento da produtividade está ficou atrás dos seus pares e a União Europeia (UE) representa 18% do PIB mundial, comparativamente a 27% em 1995. Desta forma, o WEF destaca quatro áreas essenciais em que os decisores políticos devem focar os seus esforços para inverter o declínio relativo da Europa e impulsionar a produtividade: a tecnologia; a energia; o capital; e as competências como base comum em todas as três áreas.


Investir em tecnologia e competências

Apesar de alguns dos computadores mais poderosos do mundo terem nascido na Europa, como o LUMI na Finlândia e o Leonardo na Itália, a região representa a menor percentagem dos 500 melhores computadores a nível mundial. A corrida da computação, porém, pode inverter isto rapidamente, à medida que os investimentos direcionados compensam, defende o WEF. Um exemplo disto é o facto de, em 2016, o Sunway TaihoLight da China liderar com um desempenho de 93 petaflops por segundo e, hoje, o Frontier nos EUA tem um desempenho de 1194 PFlop/s.

Desta forma, o WEF destaca que o número relativo de licenciados em STEM, incluindo ciências da computação, engenheiros e profissionais específicos da Inteligência Artificial (IA), pode ajudar na avaliação do nível de preparação de competências do espaço europeu.

A nível geral, a investigação europeia de topo em matéria de IA e ciências da computação está concentrada fora do mercado único, no Reino Unido ou na Suíça. À escala global, os departamentos de investigação com melhor classificação em IA e ciências da computação estão nos EUA ou na China.

O WEF sublinha que o investimento europeu em IA também está atrás de outras regiões, mesmo no que diz respeito a despesas específicas dos governos. Em proporção do PIB, a Arábia Saudita está na liderança mundial. Na UE, o investimento público em IA é mais significativo em Luxemburgo e na Eslovénia, seguidos de perto pela Alemanha, França e Itália. De acordo com o WEF, a lacuna no investimento privado é de maior dimensão, uma vez que existe uma aversão ao risco maior. Para aumentar os investimentos em tecnologias emergentes, o WEF considera essencial a intensificação dos esforços neste domínio. 

Os baixos níveis de investimento, a menor disponibilidade de profissionais qualificados e o número menor de instituições de investigação de topo, refere o WEF, conduzem ao menor número de start-ups e unicórnios de IA, patentes e citações académicas. No entanto, o WEF indica alguns sinais de que os estados-membros estão cientes destas preocupações: por exemplo, em França, foram anunciados 7 mil milhões de euros para investimentos tecnológicos, que serão redirecionados através de investidores institucionais para inovação e start-ups tecnológicas. 

Além disto, a UE está a liderar a regulação da IA, baseando-se numa abordagem assente no risco. O WEF considera que, embora seja importante o foco na mitigação dos riscos, isto não deverá ser feito à custa das taxas de inovação. Os “sandboxes regulamentares” podem facilitar o financiamento das empresas, a entrada no mercado e aumentar a velocidade de entrada no mercado, reduzindo os custos administrativos e de transação, acrescenta o WEF.


Avançar na transição energética

A crise dos preços da energia do ano passado demonstrou o quão vulnerável é o mercado energético europeu e, ao mesmo tempo, tornou claro que a competitividade na Europa se torna difícil sem um fornecimento de energia estável e competitivo em termos de custos, destaca o WEF. Na Alemanha, os preços da eletricidade são até três vezes mais elevados do que nos EUA e duas vezes mais em França e na Polónia. 

Em particular, o WEF destaca o REPowerEU, que tem o objetivo de acelerar a descarbonização, melhorar a eletrificação e aumentar a capacidade de armazenamento. No entanto, para assegurar a competitividade a longo prazo, o progresso nas tecnologias net-zero é crucial, sublinha.

Relativamente aos eletrolisadores e bombas de calor, a Europa continua a liderar e, para ajudar a aumentar o fornecimento de hidrogénio limpo, os fabricantes europeus eletrolisadores comprometeram-se a aumentar dez vezes a produção até 2025. Ainda assim, o WEF acredita que as questões da cadeia de valor associadas aos novos regulamentos sobre rastreabilidade dificultam o acesso a materiais input. Além disto, o progresso poderá ser colocado em risco face às questões sobre a extensão do financiamento público disponível na Europa, acrescenta.

A UE procura estabelecer parcerias estratégicas com vista a garantir as matérias-primas essenciais necessárias, visando, ajudar a desenvolver infraestruturas críticas nos países em desenvolvimento e colaborar na investigação e inovação. Todavia, a obtenção de novas parcerias tem sido lenta e, para o WEF, é importante priorizar a criação de acordos mutuamente benéficos para construir parcerias duradouras.

Através de mecanismos como o Pacto Ecológico Europeu, o financiamento para a descarbonização atingiu níveis sem precedentes, diz o WEF, mas ainda é necessário encontrar formas de reduzir o risco dos investimentos privados para a tecnologia climática.

O Net-Zero Industry Act visa diversas tecnologias para assegurar um desenvolvimento acelerado com base na sua contribuição para a descarbonização e a competitividade. De acordo com o WEF, a UE tem à sua disposição alavancas como a aceleração dos procedimentos de licenciamento, a utilização de subsídios, o financiamento privado coordenado e a definição de metas para os contratos públicos. A questão, conclui o WEF, é determinar com que rapidez os governos nacionais poderão tomar as rédeas da implementação.

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