Filipe Costa é o novo diretor de negócio de Cloud da SAP Portugal. O responsável liderava o negócio da SAP para pequenas e médias empresas desde 2016
Como está a evoluir o negócio da Cloud em Portugal, em números? Bastante bem e, em algumas linhas de negócio, acima das nossas expectativas. No ano passado, o negócio de Cloud representou mais de 25% do total das vendas de software. Se analisarmos sobre o prisma de novos projetos, então a percentagem é muito superior.
Quando foi o ponto de viragem na adoção de soluções Cloud? Quando é que passou definitivamente a ser um ativo para as empresas? A adoção de soluções Cloud começou a ser mais expressiva há cerca de dois anos e meio. A rapidez com que as empresas obtêm valor destes investimentos é, provavelmente, o maior ativo.
O que é que as empresas, mediante a sua estrutura e dinâmicas, pedem hoje quando vos procuram? Para a SAP, com mais de 5.600 organizações em Portugal a utilizarem as nossas soluções, é muitíssimo diversificado o perfil de desafios que estas nos colocam. Mais recentemente, a área com maior dinamismo tem sido a de Customer Experience, em qualquer uma das suas vertentes: vendas, commerce, marketing e serviços. Também com muito ritmo, identificamos a área de gestão de capital humano (avaliação de desempenho, gestão de carreira, e-learning, entre muitas outras componentes).
As empresas também nos têm procurado para melhorar os processos de sourcing, procurement e gestão de contratos da área de compras e aprovisionamento. Neste sentido, temos acompanhado projetos muito inovadores, que têm trazido elevados níveis de eficiência e transparência para as organizações.
Multicloud, Cloud híbrida, Clouds públicas e privadas... ouvimos falar de todos estes termos diariamente. Qual é ambiente mais favorável para cada tipo de negócio? A Cloud é hoje um conceito muitíssimo abrangente. O mais relevante não é o tipo de Cloud. O que importa, sim, é a realidade específica e o contexto de negócio do próprio cliente. É a partir deste ponto que os fabricantes/operadores devem modelar a sua oferta ao mercado.
Para que modelo estamos a evoluir hoje, a nível nacional? Há um favorito? Cloud híbrida. De momento, esta é a mais consensual.
Em comparação com outros países, encontramo-nos mais ou menos à frente na adoção destas soluções? Portugal sempre foi um país “early adopter” de tecnologia e a Cloud não é exceção. Não sendo, todavia, o país que vai na liderança, estamos seguramente no pelotão da frente dos países europeus.
O que falta no ambiente português para uma adoção plena da Cloud? Que desafios existem? O caminho está a ser percorrido e a bom ritmo. Talvez o maior desafio ainda seja a mentalidade empresarial em alguns segmentos de mercado.
A falta de talentos que acompanhem a evolução tecnológica é um problema falado em vários setores de atividade das IT. Também é um problema aqui? Como? Sim, é um desafio. Para mitigá-lo temos desenvolvido, com particular sucesso em Portugal, o programa SAP Next Gen com várias universidades e outros organismos académicos. Há já algumas disciplinas que são lecionadas em plataformas SAP, com cenários virtuais empresariais, o que permite uma aprendizagem rápida e efetiva. À data, é a NOVA IMS que tem conseguido tirar maior partido desta parceria. Os nossos clientes e, principalmente, os nossos parceiros têm tirado grandes benefícios desta iniciativa, absorvendo a quase totalidade destes estudantes. É fulcral continuar a amplificar esta iniciativa. Paralelamente, Portugal está a viver um momento fantástico na sua imagem internacional. Resultado desta nova realidade, estamos a ser capazes de atrair recursos de vários pontos do mundo que elegem o nosso país para estudar e depois para viver. Sendo a maioria jovens com apetência tecnológica, podem encontrar na SAP ou nos nossos parceiros a sua primeira experiência profissional.
Quais são as principais tendências que a SAP identifica para o próximo ano, no que diz respeito à Cloud? Claramente na área de Customer Experience. A maioria das empresas necessita de conhecer e interpretar em tempo real o comportamento, as tendências e os desejos dos seus clientes. Só desta forma podem interagir e caminhar para a hiperpersonalização, e não apenas em cenários B2C. A solução da SAP para esta categoria de mercado reveste-se de um portfólio inovador, robusto e alargado, que permite às empresas uma adoção progressiva e a monetização desses investimentos.
É um negócio que poderá estagnar a breve trecho? Porquê? Não creio, bem pelo contrário. Todos os estudos e indicadores a que temos acesso apontam para a existência de muita margem de crescimento nos próximos anos. A transformação digital passa pela adoção rápida da Cloud e é totalmente transversal aos vários departamentos das empresas, independentemente do setor de atividade em que operam. |