Bem-estar e equilíbrio entre vida e trabalho são as prioridades dos trabalhadores portugueses

Um estudo da Michael Page revela que o mundo do trabalho sofreu mudanças na relação dos trabalhadores com o emprego, que valorizam o bem-estar em detrimento da lealdade

Bem-estar e equilíbrio entre vida e trabalho são as prioridades dos trabalhadores portugueses

O relatório Global Talent Trends, realizado pela Michael Page, analisou os testemunhos de 70 mil profissionais qualificados, incluindo 12 países da Europa. O estudo retrata o cenário laboral da atualidade, revelando como os trabalhadores realmente se sentem sobre a vida profissional e pessoal.

Uma das principais conclusões do relatório é a mudança na relação dos profissionais com o trabalho, sendo que ter uma carreira deixou de ser algo prioritário e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é uma necessidade, independentemente da faixa etária, país ou função.

Para seis em cada 10 trabalhadores portugueses, o bem-estar e o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho são os aspetos mais importantes em detrimento da carreira. Neste sentido, o sucesso profissional passou a ser medido sobretudo pela realização e uma vida equilibrada (51%) e um bom salário (49%).

O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é igualmente o principal fator de satisfação no trabalho, sendo que 58% dos entrevistados portugueses afirmam estar dispostos a recusar uma promoção para preservar o seu bem-estar – um valor que esta acima da média europeia de 56%.

Em comparação com os diversos mercados da Europa, os profissionais que mais priorizam a vida e o trabalho equilibrados são oriundos dos Países Baixos, seguindo-se a Suécia e o Reino Unido (60%), e a Bélgica, Itália e Espanha (59%), segundo o relatório.

A Michael Page verificou também uma mudança na lealdade, que é agora menos relevante para os trabalhadores, que já não valorizam tanto a progressão profissional. A cultura de trabalhar para uma única organização a longo prazo está a ser substituída pela movimentação e por ciclos de emprego mais curtos.

“Para os líderes empresariais, a atração e o engagement de talentos surgem como uma das principais preocupações. Também é importante destacar que o reforço na retenção de talentos foi e continua a ser de extrema importância, pois as empresas sabem tudo o que está em risco ao perder um profissional já adaptado à cultura e à função designada”, afirma Álvaro Fernández, Diretor Geral da Michael Page Portugal. “Esta realidade deverá motivar as organizações a repensar as suas estratégias de talento de forma a responder às novas expetativas dos colaboradores, bem como aprender a gerir a lealdade, inclusive de pessoas altamente qualificadas que já não têm a relação conservadora com o trabalho”.

Uma vez que o laço emocional dos colaboradores com o empregador diminuiu em importância, a relação com o trabalho tornou-se mais transacional, revela o relatório. O trabalhador passou a colocar as suas prioridades pessoais à frente das da entidade empregadora e tornou-se mais exigente a nível de condições de trabalho, requerendo flexibilidade, um ambiente de trabalho gratificante e um salário competitivo – o qual é referido por 44% dos profissionais portugueses.

Segundo a Michael Page, observou-se uma mudança na relação dos trabalhadores em Portugal com o emprego e no valor que lhe atribuem, face aos novos modelos e dinâmicas do mercado de trabalho. Apenas 3% dos inquiridos portugueses afirmam não estar disponíveis para um novo emprego. 

Relativamente ao critério de satisfação dos colaboradores das empresas, 60% dos entrevistados indicam que não têm qualquer satisfação no trabalho, enquanto 56% revela não estar satisfeito com o salário e 43% não considera o volume de trabalho satisfatório.

“Quando referimos a “procura de propósito” dos profissionais, imaginamos que candidatos ou colaboradores procuram ter um impacto direto no âmbito social ou ambiental, através da sua função e desenvolvimento do seu trabalho. Se em certa medida esta é uma realidade, a noção de significado ou utilidade também pode ter uma dimensão mais pessoal”, destaca Álvaro Fernández. “Como o que acabamos de destacar, a relação com o trabalho tende a tornar-se mais individualista, mais egocêntrica. A Revolução Invisível gerou um grupo de talentos muito mais capacitados, que procuram uma relação de trabalho mais mutuamente benéfica com os seus empregadores. Tudo se resume a uma simples troca: “o que eu recebo” versus “o que eu dou””.

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