Investigadores da universidade KU Leuven, na Bélgica, demonstraram que as máquinas conseguem aprender a responder a objetos com os quais não estejam familiarizados, tal como os seres humanos conseguem
Imagine-se a caminho de casa, no seu carro autónomo, com condições meteorológicas desfavoráveis, quando de repente se depara com um objeto desconhecido, uma sombra negra no horizonte. De que forma espera que o seu carro reaja? Deverá a "máquina", que está treinada para reconhecer imagens e formas, indicar-nos o que é que afinal o objeto desconhecido? A universidade de Leuven afirma que sim. Embora os seres humanos nesta situação sejam capazes de distinguir, por exemplo, um ciclista não sinalizado de um objeto que estivesse na berma da estrada, esta capacidade de resposta automática deve-se, sobretudo, à nossa intuição. Podemos não entender o que é a sombra escura que visualizamos, mas somos capazes de perceber se se trata de uma figura humana ou não. Será que um carro autónomo consegue ter essa mesma perceção? Segundo Jonas Kubilius, "o estado de arte atual das tecnologias de reconhecimento de imagem mostra que estas são ensinadas a reconhecer um conjunto fixo de objetos. Reconhecem imagens ao utilizar redes neurais profundas: algoritmos complexos que realizam computações de algum modo semelhantes aos neurónios do cérebro humano". Desta forma, é legítimo colocarmos a questão: nunca mais teremos de conduzir? No que toca a esta questão, a resposta ainda é negativa. "Ainda não chegamos aí. E mesmo que as máquinas algum dia estejam equipadas com um sistema visual tão poderoso como nosso, os carros autónomos iriam sempre cometer erros ocasionalmente- embora, ao contrário dos condutores humanos, não se iriam distrair a enviar mensagens escritas. Porém, mesmo nessas raras circunstâncias de erros dos carros, as suas decisões seriam, no mínimo, tão razoáveis como as nossas", sublinha Jonas Kubilius. Para os investigadores, as redes neurais profundas presentes nas "máquinas", assemelham-se aos neurónios, não só por serem capazes de identificar objetos, mas principalmente pela capacidade de os interpretar em diversas situações. Poderemos estar a aproximar-nos de uma realidade completamente diferente daquela à qual estamos habituados.
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