FBI, CIA e NSA apelam à não utilização de telemóveis chineses

As agências de inteligência dos Estados Unidos emitiram uma severa advertência aos cidadãos americanos sobre a utilização de telemóveis fabricados na china como os Huawei ou os ZTE.

FBI, CIA e NSA apelam à não utilização de telemóveis chineses

Perante o Comissão das "Secretas" do Senado norte-americano, os principais responsáveis das agências de inteligência, FBI, CIA e NSA, foram unânimes ao afirmar que a utilização de smartphones feitos na China são um sério risco de espionagem sobre as próprias infraestruturas de telecomunicações do país. Porém, não se conhecem, ou não foram divulgadas, os fundamentos técnicos para esta suspeita revelada pela cadeia de televisão CNBC.

As declarações por parte de Chris Wray, diretor do FBI perante essa sessão aberta da comissão, foram particularmente fortes:

"We're deeply concerned about the risks of allowing any company or entity that is beholden to foreign governments that don't share our values to gain positions of power inside our telecommunications networks. That provides the capacity to exert pressure or control over our telecommunications infrastructure. It provides the capacity to maliciously modify or steal information. And it provides the capacity to conduct undetected espionage". 

 

O diretor do FBI Christopher Wray (esq.) e o diretor da  CIA, Mike Pompeo (centro) testemunharam perante o Senado no dia 13 de fevereiro.


A Huawei já está fortemente limitada desde 2012 nas suas vendas nos EUA, em equipamentos para infraestrutura de redes e data centers, nomeadamente vendas ao setor público, mas é a primeira vez que os próprios endpoints usados por consumidores são alvo de suspeita por parte das autoridades.

Para além desta anterior proibição de compra de produtos Huawei por parte do Estado Americano, um novo projeto de lei apresentado na passada semana propõe proibir os departamentos governamentais de contratar serviços a outras empresas que detenham tecnologia fabricada pela Huawei ou a ZTE, o que claro inclui os próprios operadores de telecom, cloud Providers entre outros. Este projeto de lei é uma adenda à chamada "Lei das Comunicações Governamentais de Defesa dos Estados Unidos", que foi aprovada em Janeiro.

Para as grandes Telcos não existe novidade, porque há muito tempo eram aconselhadas a evitar comprar infraestrutura de redes com origem chinesa, mas este projeto de lei entende-se a todo o tipo de empresas fornecedoras de serviços ao Governo, e não só as empresas de telecomunicações ou IT.

Em declarações por e-mail prestadas a canal de notícias CNN, um representante da ZTE afirmou "estamos empenhados em aderir a todas as leis e regulamentos aplicáveis ​​dos Estados Unidos, trabalhamos com operadoras para aprovar protocolos de teste rigorosos e respeitando os mais altos padrões éticos de negócio", adiantando que: "Os nossos smartphones  incorporam chipsets e sistemas operativos fabricados nos EUA."

Por sua vez a Huawei afirmou ao site ZDnet que a empresa "não constitui um risco de cibersegurança diferente de qualquer outro vendor de TICs".

Não é a primeira vez que uma decisão exclusivamente de âmbito federal sobre uma tecnologia estrangeira considerada suspeita de espionagem tem um grande impacto no mercado de consumo e mesmo no mercado empresarial americano; no final de 2017 a proibição de utilização nos computadores federais de produtos da Kaspersky  levou a que os grandes retailers retirassem as suites de segurança de origem russa das suas prateleiras, decisão que foi seguida depois pela generalidade do Canal norte-americano.

Maior é o impacto esperado pelos analistas de mercado quando é uma agência federal como o FBI a fazer um apelo direto ao patriotismo dos consumidores norte-americanos, num contexto de uma crescente paranóia sobre ciber-ingerência estrangeira.

A Huawei será provavelmente o fabricante chinês mais afetado porque já detém o terceiro lugar nas vendas de smartphones nos Estados Unidos , depois da Apple e Samsung.

A introdução no mercado americano do novo Huawei Mate 10 Pro terá de depender agora das vendas dos equipamentos desbloqueados porque as negociações com os gigantes AT&T e Varizon já tinham falhado no inicio deste mês por "imprevistos de última hora".

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