Rajiv Datta, Chief Operating Officer da Colt Technologies, operador de telecomunicações focado no B2B e em serviços de data center, passou por Portugal e esteve à conversa com a IT Insight sobre as principais tendências tecnológicas do lado da conetividade
IT Channel – Como estão tecnologias como a Inteligência Artificial a transformar a atividade das operadoras de telecomunicações? Rajiv Datta– A Inteligência Artificial, à semelhança da Internet of Things (IoT), é uma tecnologia bastante importante nas telecomunicações, por permitir impulsionar a recolha e análise de dados. A Colt está sempre a procura de entregar diferentes soluções de conetividade capazes de responder às necessidades do mercado, que estão em constante mudança. Fomos um dos primeiros a lançar capacidades on-demand, por exemplo. Anteriormente, a conetividade era simples, e todas as empresas procuravam o mesmo. Hoje verificamos que as empresas têm diferentes aplicações e necessidades opostas e a Colt quer afirmar-se como um especialista em conetividade com soluções à medida das necessidades das empresas. A IA reflete a importância de introduzir ferramentas inteligentes na conetividade. Atentos a esta tendência, lançámos a Colt IQ Network. Esta solução tem como principal objetivo tornar a rede mais ágil. No nosso portfólio temos uma oferta de serviços tradicionais de conetividade, porém a nossa rede está desenhada também para oferecer flexibilidade. Algumas das aplicações dos clientes podem requerer a capacidade de possibilitar largura de banda, utilizar o acesso à Internet como forma de conetar a um website, por exemplo. Todas estas aplicações, para funcionarem, têm de ter dados a fluir. O que significa conetividade on-demand e como está a posicionar-se a Colt em relação a este tipo de serviço? A Colt tem três tipos de serviços on-demand para três tipos de utilização específicas. Cada um destes serviços on-demand permite que o utilizador, através de um portal, controle a rede. Isto significa que o utilizador pode aumentar ou diminuir a largura de banda de acordo com as suas necessidades, agendar um aumento ou redução de largura de banda, por exemplo. Os clientes que têm data centers e precisam de os conetar são os grandes beneficiários deste tipo de conetividade. Há alguns anos lançámos um produto denominado de DC Net, que hoje está disponível on-demand. Oferecemos ainda conetividade Ethernet entre endpoints. Isto significa que, se as empresas tiverem escritórios espalhados pelo mundo, conseguem controlar facilmente a largura de banda, adaptando-a a si. A terceira solução on-demand da Colt é a DCA on demand (Direct cloud access), que é onde os clientes podem comprar conetividade da Amazon, e outros providers-chave de cloud. Nesta solução mantivemos a forma de operar da AWS: o valor que o cliente paga por mês está adaptado à quantidade de armazenamento cloud de que este necessita, bem como à forma como controla a sua largura de banda. “As empresas estão a migrar para a cloud, em todos os setores”
Que setores beneficiam mais deste modelo? A solução acaba por ser transversal a todas as empresas, pois todas têm orçamentos rígidos. Por vezes as empresas de maiores dimensões acabam até por ter os maiores constrangimentos de orçamento. Já não podemos segmentar as soluções pelo tamanho das empresas: hoje em dia todas as empresas, de qualquer dimensão, procuram soluções ajustadas às suas necessidades e, neste caso, à quantidade de conetividade que necessitam. Um banco que, por exemplo, queira ter sucursais e escritórios em todo o mundo, provavelmente optará por serviços de rede privados, e nós facultamos esse tipo de serviço. Para empresas que querem adquirir os serviços da AWS, por exemplo, podendo controlar o nível de conetividade mediante as suas necessidades, convém ter uma conexão à Internet que lhe permita ter esse tipo de controlo. Nós estamos cada vez mais a olhar para aquilo que o cliente necessita. Como encara a Colt o SDWan? Que benefícios oferece? A Colt encara o SDWAN como a próxima geração para onde os VPNs IP irão. Tradicionalmente, as VPNs IP são norma de conetividade para as empresas se manterem em contacto, seja dentro de um país, num continente ou pelo mundo. Hoje as empresas estão espalhadas por vários locais e têm data centers espalhados, também, procurando o mesmo tipo de resiliência e qualidade de um endpoint MPLS. Ao mesmo tempo, porém, estão a conetar pontos de menor dimensão, onde precisam de menos largura de banda. O SDWan vem responder a estas necessidades, pois permite trazer estes requisitos para dentro da mesma rede. Isto significa que é possível integrar o IP access no mesmo “frame”. Isto não é propriamente uma novidade, porque já é possível de realizar com MPLS. No entanto, os custos são bastante mais elevados e a complexidade é também muito maior. O SDWan vem simplificar todo este processo. Permite que as empresas tenham acesso a um portal onde podem gerir a largura de banda de acordo com as suas necessidades. Além de oferecer uma grande poupança de custos, o SDWAN dá total controlo às empresas. Os gestores podem escolher onde querem alocar o tráfego de rede, ter um backup de tráfego e escolher se desejam que este comece a correr entre o MPLS ao link de acesso ao IP (link IP access) para garantir que existe tráfego para situações de maior movimento e que nunca nada para. Para as empresas, outros dos aspetos importantes é o facto de que, antigamente, o acesso à Internet estava centralizado e agora deixa de estar. Habitualmente as empresas adquiriam a conetividade a um provider como a Colt, usavam o VPN MPLS para distribuir o acesso a todos os endpoints e isso levava a que o nível de conetividade fosse mais reduzido, pois existiam demasiados intermediários. O SDWAN permite que o acesso à Internet seja adquirido localmente, em diferentes países, permitindo na mesma que exista uma centralização do tráfego, mas sem tornar obrigatório que este corra entre vários intermediários. Estamos a verificar uma forte procura pelo SDWAN no mercado português. O SDWAN é uma evolução para onde todas as empresas estão a caminhar. Na perspetiva da Colt, qual a principal tendência que está a pautar o mercado nas telecomunicações, neste momento? O nosso foco está na conetividade de largura de banda. Acreditamos que esta é a grande tendência do mercado. O papel da conetividade está a alterar-se. Quando falamos em crescimento da largura de banda nas empresas não podemos deixar de mencionar a migração para a cloud, que é uma das mais fortes tendências das empresas. Um dos nossos produtos mais vendidos é provavelmente o DCA Cloud Access, que funciona com AWS e Azure. As empresas estão a migrar para a cloud, em todos os setores. No setor das telecomunicações, a cloud está a trazer uma nova realidade: está a tornar a rede híbrida a norma de conetividade. São poucas as empresas que conseguem estar a cem por cento na cloud, a grande maioria tem um modelo híbrido, pois muitas aplicações continuam a ser necessárias em modelos on-premises. Assim, com a necessidade de serem mais ágeis através da cloud, mas ao mesmo tempo tendo a preocupação de manter aplicações mais críticas on-premises, cada vez mais os modelos híbridos serão a norma para as empresas. O 5G virá também impulsionar esta tendência, pois necessitará de dezenas de milhares de células para se distribuir. |