A paridade de género parece ainda estar longe de ser alcançada. Metade das empresas, em Portugal e no mundo, revela que as iniciativas de igualdade de género estão atrasadas ou não foram definidas
De acordo com o estudo “2024: Uma Visão do Mundo do Trabalho Para as Mulheres” do ManpowerGroup, 48% das empresas a nível mundial revela que as iniciativas de igualdade de género estão atrasadas ou não foram definidas. O cenário é semelhante em Portugal, com 46% dos empregadores a corroborar esta tendência. “Depois de um período pandémico em que milhões de mulheres tiveram de sair do mercado de trabalho, estamos agora a assistir ao seu regresso em força e esta é uma excelente notícia paras as empresas. A equidade de género nas organizações, não é só uma questão moral e socialmente benéfica, é também uma decisão empresarial acertada, com vários os estudos a demonstrar que as empresas com maiores índices de diversidade tendem a ter um desempenho superior ao de empresas menos diversas”, afirma Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal. “Apesar destes progressos, há ainda um importante caminho a percorrer e é urgente assegurar que as mulheres estão bem representadas nos percursos para as posições de liderança e no acesso aos empregos em crescimento. Para isso, o alinhamento das práticas empresariais com as necessidades das mulheres deve ser uma prioridade para os empregadores, que devem tirar partido da tecnologia para permitir a flexibilidade, oferecer igualdade salarial e promover a requalificação profissional, para tirar o máximo partido do seu talento”, conclui Rui Teixeira. Em Portugal, é mais provável verificar-se um atraso no número de mulheres candidatas nas funções de liderança sénior e nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), sendo que 35% e 34% das empresas, respetivamente, afirmam que foram definidas iniciativas DEIB, mas os progressos foram lentos ou escassos para cumprir os objetivos. Por outro lado, o estudo demonstra que a implementação de medidas de promoção da paridade de género está mais avançada nas funções administrativas. Metade das organizações refere que as ações de progresso estão alinhadas ou à frente dos objetivos. No que diz respeito ao prazo de concretização a maioria das empresas inquiridas (47%) espera que ocorra grande parte do seu progresso em termos de igualdade de género nos próximos dois anos. Apenas 23% das organizações acreditam que a paridade de género já foi totalmente alcançada, enquanto 44% considera que a sua organização está próxima de a atingir. A nível de equidade salarial, somente 52% das empresas mundiais e em Portugal afirmam que as suas iniciativas de igualdade de remuneração estão a ser cumpridas, enquanto a percentagem restante de empresas revela estar atrasada ou não ter iniciativas definidas. Em particular, os setores de Transportes, Logística & Automóvel (63%) e de TI & Data (62%) encontram-se à frente da média nacional no que diz respeito à implementação de medidas de equidade salarial, enquanto as indústrias de Bens & Serviços de Consumo (39%) e Cuidados de Saúde & Ciências da Vida (48%) estão ligeiramente atrás. As empresas que apresentam melhores resultados ao nível da concretização das iniciativas pertencem aos setores de Serviços de Comunicações e de Tecnologias de Informação, com 55% e 49% respetivamente a revelar que estão em linha ou acima dos objetivos definidos. Nos setores de Transportes, Logística & Automóvel e Finanças & Imobiliário, 60% e 55% das organizações, respetivamente, consideram que o progresso está a ser mais lento do que o esperado. O estudo evidencia que a dimensão das organizações é um fator importante: à medida que as empresas crescem, o seu enfoque na concretização dos objetivos DEIB relacionados com a liderança sénior tende a aumentar. Em Portugal, 35% das microempresas, 31% das pequenas empresas e 45% das médias empresas declararam que as suas iniciativas DEIB relacionadas com a concretização de objetivos ao nível da liderança sénior excederam ou estão no bom caminho para cumprir as expectativas. Já as grandes empresas, com mais de mil trabalhadores, as empresas que atingiram objetivos comparáveis atingem e ultrapassam os 50%. Por sua vez, as políticas de trabalho flexível foram as mais eficazes para garantir a diversidade de talento, tanto a nível mundial (37%) como em Portugal (36%). Seguem-se a mentoria interna e coaching, mencionada por 35% dos inquiridos a nível nacional, e a criação de uma cultura organizacional inclusiva (30%). Isto deve-se sobretudo à tecnologia que, segundo 67% dos empregadores em Portugal, permitiu ter uma maior flexibilidade. Além disto, 66% das empresas portuguesas e 62% das organizações globais acreditam que os candidatos qualificados no setor das TI estão a tornar-se mais diversos. Ademais, 52% dos empregadores a nível mundial e 51% em Portugal consideram que as ferramentas de inteligência artificial ajudam no recrutamento dos melhores candidatos, independentemente do género. Este reforço verifica-se principalmente no setor de Transportes, Logística & Automóvel (70%) e de Serviços de Comunicação (69%). Numa escala mundial, as empresas da região Ásia-Pacífico demonstram um maior otimismo no potencial da tecnologia para a promoção da equidade de género (68%), seguidos pelas organizações da América do Norte, Central e do Sul (63%) e pelos empregadores da região EMEA (57%). |