Um recente relatório da MuleSoft e da Deloitte Digital revela que a integração de sistemas é o principal obstáculo à adoção da inteligência artificial
A adoção de agentes autónomos de Inteligência Artificial (IA) está a crescer a um ritmo mais acelerado do que o previsto, diz o relatório de Benchmark de Conectividade 2025, desenvolvido pela MuleSoft e pela Deloitte Digital. De acordo com o documento, a nível global, 93% dos líderes de IT planeiam implementar este tipo de tecnologia nos próximos dois anos e quase metade já o fez. A principal motivação é o aumento da produtividade, sendo que a maioria (93%) acredita que a IA vai potenciar significativamente o trabalho dos programadores até 2027. A previsão é de que o número médio de modelos de IA utilizado duplique, passando de nove em 2024 para 18, com uma nova subida esperada para 32 modelos nos três anos seguintes. Este crescimento acompanha uma tendência de reforço dos orçamentos de IT, com 85% dos decisores a prever aumentos já em 2025, sendo que 25% desses orçamentos vão estar alocados à infraestrutura e gestão de dados, quatro vezes mais do que o valor previsto para a própria IA.
Integração e silos de dados como impasse para a inovaçãoApesar da vontade em acelerar a adoção da IA, 95% dos líderes de IT identificam a integração de sistemas como o maior entrave. As empresas continuam a lidar com ambientes tecnológicos fragmentados, com uma média de 897 aplicações por organização. Cerca de 45% utilizam mais de mil, mas apenas 29% dos sistemas estão devidamente integrados, o que compromete a unificação de dados e processos. A consequência imediata desta fragmentação é sentida na experiência do utilizador: dois terços das organizações não conseguem oferecer uma jornada digital integrada nos seus Canais. Ao mesmo tempo, 83% das empresas reconhecem que os desafios de integração dificultam os esforços de modernização, sendo a mobilidade de dados e a reutilização de fontes os problemas mais mencionados. A maioria das experiências com clientes ocorre atualmente em formato digital (71%), o que reforça a urgência de integrar sistemas e eliminar silos. Ainda assim, apenas 2% dos líderes indicam ter mais de metade das suas aplicações integradas. Adicionalmente, quase três quartos das organizações consideram os seus sistemas de IT demasiado interdependentes e apenas 10% afirmam não enfrentar problemas relacionados com silos de dados. Além disso, 81% dos líderes de IT admitem dificuldades em utilizar a IA para integrações de sistemas, principalmente devido à infraestrutura obsoleta. A vida útil média das aplicações ronda os cinco anos, o que exige soluções flexíveis e preparadas para incorporar novas tecnologias sem comprometer a segurança. Automação e low-code no centro da respostaA resposta das equipas de IT passa, cada vez mais, por estratégias de automação. O estudo revela que 70% das iniciativas de automação são geridas por equipas centrais de IT e que 65% das organizações já desenvolveram abordagens que envolvem ferramentas low-code e no-code, para capacitar colaboradores sem formação técnica. A procura por automação é quase unânime: 98% dos líderes de IT reconhecem a sua necessidade. Contudo, o aumento da carga de trabalho é inevitável. Em média, os líderes esperam um crescimento de 18% no número de projetos a entregar em 2025, acompanhados por um aumento de 61,9% nos orçamentos destinados a recursos humanos. O relatório, que já vai na sua décima edição, aponta que, sem integração eficaz, a IA não terá acesso aos dados necessários para cumprir o seu potencial. A adoção de agentes autónomos representa uma prioridade estratégica clara, mas o sucesso dependerá de infraestruturas modernas, API robustas e abordagens de automação que envolvam toda a organização. |