Um em cada cinco líderes tem como principal prioridade para 2023 uma liderança mais humanista, um maior foco no bem-estar, a promoção de um ambiente de trabalho mais justo, transparente, autêntico e seguro, potenciando o desenvolvimento das competências profissionais de cada colaborador
Uma liderança mais autêntica, com foco em políticas de flexibilidade e uma forte aposta no desenvolvimento de valor acrescentado são alguns dos destaques entre as tendências de liderança para 2023, de acordo com o Boyden Leadership Trends. O estudo destaca sete tendências de liderança para 2023, surgindo em primeiro lugar da tabela como a principal prioridade dos líderes inquiridos, a tendência “Human-Centered Leadership”. Quase metade dos inquiridos identificou esta como a sua principal prioridade para este ano. São os líderes mais jovens e em empresas de pequena e média dimensão (50,1%), quem dá mais importância ao investimento em práticas de liderança mais humanistas, quando comparado com líderes em grandes organizações (34,4%). “Parece haver uma consciência cada vez mais clara dos líderes de que a vocação das suas empresas é, também, a de valorizar as suas pessoas. A capacidade de o fazerem terá um impacto muito positivo no desenvolvimento mais sustentável das suas organizações”, sublinha João Guedes Vaz, Partner e Global Head of Leadership Consulting. Para alcançar esta meta, os líderes referem que será importante investir em processos mais personalizados de desenvolvimento, como o coaching e a mentoria; no desenvolvimento de uma liderança mais empática e autêntica, e no reforço das relações interpessoais e redes de colaboração; e, ainda, na criação de um ambiente psicologicamente seguro dentro da organização. A tendência “Freedom-Centric Culture” destaca-se na segunda posição em termos de prioridade para 2023. Neste tópico, pressupõe-se a aposta numa liderança que inspire e encoraje a implementação de formas de trabalho que se adequem aos diferentes estilos de vida e expetativas profissionais e que contribuam para o sucesso de cada colaborador. “O foco numa liderança humanista e que promova uma maior liberdade de escolha por parte dos colaboradores, foram muito valorizadas no nosso estudo”, destaca Katia Pina, Head of Global Center of Excellence da Boyden. “Durante a pandemia, líderes com maior capacidade de ajustar as suas formas de trabalho às necessidades específicas das suas equipas conseguiram uma valorização do seu papel e uma diferenciação positiva. Curiosamente, a importância de uma cultura centrada na liberdade revela também uma tensão paradoxal com a expetativa de uma liderança humanista. Existe uma necessidade de pertença e conexão, mesmo em contextos de trabalho remoto e virtual. Esta ambiguidade pressiona a responsabilidade individual e traz mais complexidade à liderança”. Quase 70% dos líderes inquiridos no estudo consideram que a estratégia mais eficaz para conseguir implementar e desenvolver uma cultura de liberdade de escolha, passa por ter líderes que promovam uma cultura de responsabilidade individual; e que invistam em ferramentas e processos que promovam a colaboração, a comunicação e o trabalho remoto. Este estudo analisa também a maturidade das empresas, no que diz respeito à implementação destas tendências. Neste critério, e apesar de esta ser uma das principais prioridades dos líderes, parte dos inquiridos considera que estas estratégias não são, em alguns casos, implementadas de forma concertada e consistente. Em terceiro lugar, os inquiridos apontam a tendência “Beyond Resillience”, ou seja, a capacidade de aproveitar os desafios para se diferenciar da concorrência, através de uma maior agilidade e capacidade de adaptação. Cerca de 70% dos líderes refere que é importante melhorar a comunicação e a colaboração, promover equipas autónomas e descentralizar as decisões (56,9%); criar um modelo organizacional e de gestão que promova agilidade (42,5%) e, ainda, promover uma cultura de tolerância ao erro (31,7%). A maioria dos líderes acredita que as organizações já dispõem de ferramentas e práticas de liderança que apoiem a implementação destas medidas, sendo que neste caso, os mais otimistas são os líderes de regiões como a China e Singapura. “Esta é uma das tendências mais relevantes, tendo em conta o contexto dos últimos anos e o mundo em que vivemos, em rápida transformação. A agilidade implica uma aprendizagem constante e capacidade de adaptação sob pressão, pelo que é uma competência essencial no contexto atual”, sublinha Katia Pina, Head of Global Center of Excellence da Boyden. Cerca de 10% dos inquiridos identificou a aprendizagem de alto impacto e valor acrescentado como a sua principal prioridade, aparecendo a tendência “Impact Learning” como a quarta tendência de liderança para 2023. O desenvolvimento de programas de coaching e mentoria personalizados e o reforço de competências técnicas e relacionais, são algumas das soluções apontadas pelos líderes para obter maior valor acrescentado e impacto dos investimentos efetuados na área do desenvolvimento. O relatório Boyden Leadership Trends foi conduzido durante o primeiro semestre de 2022, e contou com um total de 463 contributos de líderes em funções de CEO, Conselhos de Administração, Talento e RH por todo o Mundo, dos quais 42,7% da América do Norte, 30% da Europa e 17,1% da China e Singapura. Deste grupo, 56% homens, 42,9% mulheres e 1,1% preferiu não se identificar. Em termos de setores, as respostas recolhidas somam 16,2% do setor das telecomunicações, 14,9% de serviços profissionais e 12,7% dos setores da energia, recursos e indústria, e os restantes cerca de 56,2%, do setor do consumo, serviços financeiros, cuidados de saúde e ciências da vida, Governo e serviço públicos, educação, desporto, artes, cultura e entretenimento. |