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O papel dos recursos humanos (RH) tem vindo a expandir-se cada vez mais desde o período pandémico. Um inquérito da Gartner a 287 líderes de RH, realizado em julho de 2023, revela que 70% afirma ter mais oportunidades para impacto e 58% diz ter mais autoridade para determinar prioridades estratégicas. No entanto, 83% dos líderes de RH sentem que lhes é esperado que façam mais agora do que há três anos.
“Depois de mudar drasticamente a forma como trabalhamos, os líderes de RH estão agora a lutar para decidir se devem ou não permanecer ousados e continuar a desafiar as convenções quando as circunstâncias externas, como a pandemia, já não os forçam”, afirma Brent Cassell, vice-presidente e consultor na prática de RH da Gartner. “Neste novo normal, as organizações precisam de ser ‘Everyday Bold’ (‘Ousadas Todos os Dias’), escolhendo todos os dias não apenas agir, mas preparar-se para o que pode estar por vir”.
Uma investigação da Gartner concluiu que os funcionários das organizações Everyday Bold têm seis vezes mais probabilidade de ter o melhor desempenho. Neste sentido, a consultora identificou as três principais atitudes que os líderes de RH devem incorporar para se tornarem Everyday Bold.
Construir estabilidade
A transformação do local de trabalho dos últimos três anos – maior flexibilidade, trabalho híbrido, acesso a maiores conjuntos de talentos, etc. – deixou os funcionários desorientados, sendo que uma investigação da Gartner revelou que, em 3.540 funcionários, apenas 16% sentem que a sua organização é previsível.
O mesmo inquérito reiterou o impacto que o investimento das empresas na estabilidade dos seus colaboradores através de oportunidades de desenvolvimento profissional ou planeamento estratégico leva a um aumento de 61% no envolvimento dos funcionários.
“A imprevisibilidade pode afetar negativamente os funcionários e, portanto, os resultados dos negócios e dos talentos, incluindo a produtividade e a retenção”, afirma Ania Krasniewska Shahidi, vice-presidente do grupo na área de RH da Gartner. “A estabilidade não é apenas essencial para quebrar fronteiras, mas descobrimos que as organizações que oferecem mais estabilidade registam um aumento significativo no envolvimento dos funcionários”.
Iniciar Confiança
Segundo a Gartner, apenas 53% dos funcionários confiam na sua organização, enquanto 63% das organizações dizem que confiam nos seus funcionários. A falta de comunicação é um dos motivos mais citados pelos funcionários. Além disto, muitas organizações recorrem à monitorização dos funcionários em vez de cultivarem a confiança, sendo que 71% dos colaboradores reportaram que estão a ser monitorizados digitalmente.
“Para construir confiança mútua, é importante que os funcionários sintam primeiro que as suas organizações confiam neles”, aponta Cassell. “As organizações precisam de sinalizar ativamente a crença nas boas intenções dos funcionários através de ações que mostrem aos funcionários que o seu empregador acredita na sua capacidade e confiabilidade”.
A Gartner sublinha ainda que a confiança no local de trabalho é importante para a inovação. Nas organizações com elevada confiança, 79% dos funcionários trazem novas ideias aos seus gestores, em oposição a 17% nas organizações com baixa confiança.
Seguir em frente
Por fim, a Gartner refere que a capacidade de seguir em frente, independentemente das dificuldades enfrentadas, é essencial. Para isso, é necessário encarar uma atitude de “deixar ir” e abandonar mentalidades, prioridades e processos que já não servem a organização para abrir espaço para novas oportunidades.
“Deixar ir com intenção significa reconhecer a perda daquilo que lhe serviu bem no passado e desmantelá-lo deliberadamente para abrir espaço para novas possibilidades, como novas tecnologias”, conclui Shahidi. “Nas organizações que abandonam mentalidades e processos existentes para abrir espaço para novas possibilidades, os funcionários são 10 vezes mais propensos a dizer que a sua organização permite a inovação”.
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