CEO portugueses estão menos confiantes no crescimento da economia

Estudo indica que os CEO portugueses querem investir mais em inteligência artificial, mas estão menos confiantes no crescimento na economia

CEO portugueses estão menos confiantes no crescimento da economia

Os CEO globais e nacionais, apesar da incerteza dos últimos anos, mantêm-se confiantes no crescimento da economia, ainda que num nível inferior aos últimos anos. Esta confiança é corroborada pela intenção de 92% dos CEO globais e 72% dos nacionais pretenderem aumentar o número de colaboradores das suas organizações nos próximos três anos e mais de metade dos líderes nacionais manifestam vontade de investir em Inteligência Artificial (IA).

Estas são algumas das conclusões da décima edição do “CEO Outlook”, um estudo da KPMG que analisa as opiniões de 1.325 CEO globais, incluindo 50 gestores de organizações portuguesas. Nesta edição comemorativa é possível verificar a evolução da confiança na economia global ao longo dos últimos dez anos, que em 2024 para os CEO globais se situa nos 72% (em 2015 era de 93%) e para os nacionais nos 50%. Olhando especificamente para a confiança na economia nacional, 58% dos líderes portugueses acreditam no seu crescimento nos próximos três anos, o que representa uma quebra de 14% face a 2023.

Vitor Ribeirinho, CEO/Senior Partner da KPMG Portugal explica, em comunicado, que “esta é uma edição muito especial, que marca dez anos de uma análise de excelência. As visões dos CEO inquiridos em Portugal são muito convergentes com a visão global, mas em algumas matérias é possível verificar que alguns dos desafios ainda estão num nível de desenvolvimento diferente. Assim, se no caso do talento a perspetiva nacional é muito alinhada, já nos temas do ESG e da IA generativa ainda existem alguns diferenças relevantes entre a visão de Portugal e a visão global. Independentemente destas diferenças, há um grande alinhamento nas perspetivas que as organizações enfrentam para gerir e prosperar em momentos de grande incerteza, mas mantendo, ainda assim, uma confiança no seu crescimento, no investimento e na capacidade de se reinventarem”.

Como principais prioridades para atingir os objetivos de crescimentos nos próximos três anos, os gestores nacionais identificam a implementação da Inteligência Artificial generativa no seu negócio, a execução de estratégias ESG  - Environmental, Social and Governance - e a gestão de riscos inflacionistas. A nível global, é a digitalização que assume o primeiro lugar nas prioridades. Ao nível das ameaças ao crescimento, há uma diferença significativa entre os dados portugueses e globais, com o risco reputacional a encontrar-se em primeiro lugar a nível nacional, e no oitavo no espetro global.

O talento continua a ser uma prioridade para os líderes empresariais. Quase 56% dos CEO em Portugal acreditam que, para já, a IA não terá um impacto negativo no número de postos de trabalho nas suas organizações, mas reconhecem que será necessário investir em novas competências para que as suas equipas estejam preparadas para o futuro. Como forma de endereçar os desafios de contratação e retenção, 58% dos CEO em Portugal afirmam que pretendem investir em mais tecnologia e 42% pretendem investir em mais formação e em mais competências para os seus colaboradores. A crise demográfica parece também já estar na mente dos gestores portugueses, com um terço dos inquiridos a revelarem preocupação com o número elevado de colaboradores em idade de reforma, nomeadamente na capacidade que terão de substituir essas competências e experiência.

A tecnologia, especialmente a IA, é vista como um dos principais motores de inovação. O CEO Outlook da KPMG revela que 54% dos CEO no nosso país pretendem investir em IA, independentemente das condições económicas, focados na melhoria da produtividade e na adaptação dos colaboradores às novas exigências. No entanto, 46% dos CEO nacionais destacam as questões éticas como um dos principais desafios na implementação da IA, evidenciando a necessidade de uma adoção ética e responsável da tecnologia.

Outro ponto crucial do relatório é a crescente pressão – já refletida há várias edições deste estudo – que as questões ESG (Environmental, Social and Governance) têm exercido nos CEO. Na verdade, para 60% dos CEO em Portugal, as expetativas dos stakeholders relativamente ao ESG mudam mais rapidamente que a sua capacidade de adaptar a estratégia.

Além disso, em Portugal, 58% dos CEO afirmam que estariam dispostos a alienar uma parte rentável do negócio que estivesse a prejudicar a sua reputação ESG. No entanto, apenas 24% se considera otimista no cumprimento dos objetivos climáticos até 2030.

Finalmente, para além de acompanhar as tendências da última década, esta edição do CEO Outlook faz também uma análise geracional, ao nível global. Os líderes mais jovens (78% dos líderes com 40-49 anos) admitiram sentir-se sob maior pressão para garantir a prosperidade a longo prazo da sua empresa, do que os líderes mais velhos (68% das pessoas com 60-69 anos). No entanto, os líderes mais jovens também demonstraram níveis mais elevados de confiança na resolução de alguns dos problemas críticos que a sua organização enfrenta. Embora estejam menos confiantes face à capacidade da sua organização poder abordar todas as prioridades ESG em simultâneo, em comparação com os seus homólogos mais velhos, estão mais confiantes na sua capacidade de enfrentar o escrutínio dos vários stakeholders, em relação às políticas ESG, com 43% dos CEO globais com idades entre os 40 e os 49 anos a expressarem confiança, em comparação com 33% dos CEO com idades entre os 50 e os 59 anos, e os 30% dos CEO com idades entre os 60 e os 69 anos.

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