O cloud computing está a engolir os data centers empresariais, à medida que cada vez mais workloads nascem na cloud
Alguns workloads estão até a mover-se para a cloud. Porém, existe outra tendência que deverá alterar as cargas de trabalho, dados e processamento e o valor do negócio de forma significativa e a transportá-las para longe da cloud. O edge vai engolir a cloud. E isto é, provavelmente, tão importante quanto o cloud computing alguma vez foi. Existem diversas tendências sobrepostas que estão agora a colidir: (1) o cloud computing, a centralização do IT para economias de escala massivas e aprovisionamento, volatilidade e crescimento ágeis; (2) a Internet of Things (IoT), onde as coisas se estão a conetar entre si e a enviar grandes volumes de dados; (3) machine learning, que está a melhorar o processamento de todo os dados e as previsões; (4) realidade aumentada e mista (juntamente com a realidade virtual), pela qual as pessoas podem interagir com outras pessoas e objetos tanto em mundos físicos como virtuais; e (5) Digital Business e Digital World, onde as conexões entre coisas e pessoas nos impulsionam para interações e decisões cada vez mais em tempo real. A agilidade do cloud computing é ótima – mas não é suficiente. Centralização massiva, economias de escala, self-service e automação completa cumprem quase todos os requisitos, mas não ultrapassam a barreira física – o peso dos dados. À medida que as pessoas necessitam de interagir com as suas realidades digitais em tempo real, esperar pela resposta de um data center que está a quilómetros e quilómetros de distância não será viável. A latência importa. Neste momento estou aqui e, em segundos, desapareço. Exibam o anúncio certo antes de eu desviar o olhar, destaquem uma loja que eu estava à procura enquanto conduzo, informem-me que um colega está a dirigir-se na minha direção, ajudem o meu carro autónomo a evitar outros carros em interceções confusas. E façam-no agora. Uma coisa é ter um processamento local, junto a um conjunto de dispositivos fixos. O cenário é diferente quando essas ‘coisas’ estão em constante movimento, e talvez até a aparecer – digitalmente – num local. Claro que o os agentes de software poderiam ser enviados para qualquer local no edge para lidar com determinado evento, facultar informação ou interagir com pessoas e coisas localmente. Tudo isto requer poder de processamento e armazenamento, e muito, além de ferramentas de análise de dados e de ferramentas para “empurrar” o software e os dados para o edge.
O Edge necessitará de uma força extraOs providers de cloud computing são muito bons a gerir os seus data centers escaláveis, padronizados e centralizados, e a controlar software. Mas as tecnologias para o edge serão completamente diferentes, muito mais dinâmicas, muito mais evolucionárias e competitivas. Os providers de cloud estão a tentar aproximar-se e ganhar controlo sobre o edge antes deste arrancar. Os providers de cloud gostariam que o edge fosse, essencialmente, parte da cloud. E até poderá ser. Mas creio que é mais provável que o edge se suporte a si mesmo, conduzido mais pelos consumidores e pelas experiências dos consumidores do que pelas empresas. Será um workload completamente diferente. O edge criará vencedores e perdedores, tanto no que diz respeito a vendors como a empresas. O edge não pode ser ignorado, pois poderá ser uma verdadeira vantagem competitiva. E no mundo físico, pelo menos, haverá terreno de que o edge se apropriará. A altura para delinear uma estratégia para o edge está para muito breve. Preste atenção, à medida que os óculos de realidade virtual começam a proliferar, que as apps de realidade mista para smartphones ganham tração (farão mais do que o Pokémon Go) e que aparece (talvez) o Google Glass II. Estas tecnologias impulsionarão a explosão do edge, brevemente. Nos últimos anos, as empresas focaram-se no cloud computing, e desenvolveram estratégias para se “moverem para a cloud”, ou pelo menos para se “expandirem para a cloud”. Tem sido uma autoestrada com apenas um sentido. Aproxima-se uma curva apertada à esquerda, para onde necessitamos expandir a nossa forma de pensar – além da centralização e da cloud, e em direção ao processamento distribuído e à localização, à baixa latência e ao processamento em tempo real. A experiência do cliente não será simplesmente definida por uma experiência num website. A cloud terá o seu papel, mas o edge está a chegar, e chegará em grande.
Por Thomas J. Bittman, VP Distinguished Analyst, Gartner. |