Os drones serão uma das maiores vantagens competitivas a curto prazo, com o potencial de revolucionar a recolha de dados e os processos de negócio
Num dos palcos paralelos da Web Summit, John Chambers, chairman da Cisco, e Jonathan Downey, CEO da Airware, startup norte-americana que desenvolveu um sistema operativo para drones comerciais, anteviram o papel que estes terão na transformação digital das empresas e no aumento da sua competitividade. Chambers foi peremptório: “Os drones são o melhor exemplo do que significa a digitalização: são cloud, robótica, segurança”. São também, segundo o líder da Cisco, “o aspeto físico da digitalização”, com inúmeras aplicações possíveis. O ano de 2017 será o “turning point” para a utilização dos drones por parte das empresas, alertou. As organizações devem começar a adotar esta tecnologia, dado que a sua implementação pode levar mais de um ano e a própria indústria dos drones está a consolidar-se. “Nos próximos cinco anos vamos olhar para trás e pensar como trabalhávamos sem drones”, assegurou Downey. Democratização do acesso aos dadosO mercado dos drones deverá valer 20 mil milhões de dólares em 2020, à medida que os custos dos seus componentes diminuem, que os processos regulatórios são definidos e que as suas capacidades se integram com a recolha e análise de dados em tempo real. É por esta via que os drones prometem revolucionar (e digitalizar) os processos de negócio. Os seus sensores conseguem captar com uma precisão inigualável quantidades consideráveis de dados, a um custo inferior ao dos meios atuais (como os helicópteros e os satélites, por exemplo). Um novo nível de analíticaEsta democratização implicará mudanças nas estratégias empresariais de recolha de informação, o que conduzirá a poupanças consideráveis e a uma analítica melhorada. Assim, a adoção de drones como fonte de informação – principal ou complementar – exigirá das organizações o desenvolvimento de novas competências internas ao nível de analítica e Big Data, de modo a extraírem real proveito da informação a que irão aceder, pelo que contratar data scientists será mais prioritário do que nunca. Setores que já estão a utilizar dronesPetrolíferoEsta indústria está a recorrer a informação recolhida por drones, através de imagens térmicas e sensores farejadores, para inspecionar gasodutos e poços de petróleo em poucos dias, ao invés de semanas. Transportes e logísticaA DHL tornou-se este ano no primeiro operador de logística do mundo a incluir drones na cadeia de distribuição (Parcelcopter), para proporcionar entregas totalmente automatizadas aos seus clientes, por agora apenas em algumas regiões da Alemanha. Também a Amazon está, como não podia deixar de ser, a implementar a utilização de drones para um serviço de entregas expresso, o Prime Air Service. A empresa pretende, nos EUA, entregar encomendas com menos de 2 Kg em apenas 90 minutos. Companhias aéreas como a Easyjet e a Lufthansa estão a adotar drones para inspecionar as suas aeronaves, por exemplo, e poupar em tempo e custos. Em França, a SNFC, operador de caminhos ferroviários, tem um programa interno de drones para aumentar a segurança e a manutenção das ferrovias através de uma rede de vigilância. RetalhoA maior cadeia de retalho do mundo, a Walmart, está a testar drones que ajudam a gerir os inventários dos seus armazéns. Já em 2017 o retalhista pretende recorrer a esta tecnologia para captar em 30 frames por segundo os produtos presentes nas prateleiras dos seus armazéns. A informação pode ser utilizada para determinar que itens estão nos sítios errados ou em falta. Este é um processo que, manualmente, demora um mês a ser concluído e que, com os drones, poderá ser reduzido a apenas um dia. AgriculturaA oportunidade é tremenda, porque permite identificar desde cedo as plantações deficitárias e manter um inventário das colheitas. Os drones podem ainda ser utilizados para mapear e estudar os terrenos e os sistemas de irrigação. Estes dispositivos também podem pulverizar os pesticidas, fertilizantes e água sobre as colheitas, com menores custos. Na pecuária, também permitem monitorizar os animais e reunir rapidamente informação, seja do ponto de vista reprodutivo/populacional como do seu estado de saúde. A portuguesa Sugal, produtora de concentrado de tomate com operação no Ribatejo, iniciou recentemente a última fase do seu projeto de implementação de um sistema de drones, com a SkyEye, para acompanhar todo o processo de produção e manter um maior controlo de qualidade através de vídeos e fotografias de alta resolução - desde a plantação até à transformação em pasta de tomate.
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