Redes

Enterprise Networking: o novo paradigma

O mundo mudou nos últimos meses; a forma como as empresas operam e como as pessoas trabalham sofreu alterações radicais e, com elas, mudaram também as suas necessidades de networking. A perspetiva que o mercado tinha no início do ano é muito diferente do que se verifica atualmente.

Enterprise Networking: o novo paradigma

A forma como trabalhamos está a mudar – ou, mais precisamente, a mudança que se estava a verificar acelerou de tal modo que, como muitas outras tendências tecnológicas, deu um salto de anos numa questão de semanas.

Muitas empresas que anteriormente já se estavam a debater com as exigências de conectividade para suportar a sua transformação digital – que estavam a realizar de forma voluntária consoante as suas capacidades – foram obrigadas, de um dia para o outro, a fornecer conectividade remota à grande maioria da sua força laboral e, em muitos casos, a mudar a forma como oferecem os seus serviços. Isto significa que recursos que já de si constituíam um desafio, são postos sob uma enorme pressão para responder a estas novas necessidades.

E não se trata apenas de uma questão de intensidade – o tipo de soluções necessárias evoluiu significativamente nos últimos meses. A explosão do teletrabalho transformou o que antes eram perímetros LAN bem definidos e securizados em redes complexas e dispersas, criando necessidades muito diferentes do que eram há alguns meses atrás.

“As empresas viram-se obrigadas a fazer uma transformação digital à força. Todos os planos tiveram de ser acelerados. Isto levantou muitas questões a nível da segurança, das plataformas, da forma como medem a produtividade,” refere André Rodrigues, CTO da Cisco Portugal.

Software defined-networking

Durante as últimas décadas, o hardware foi a estrela do enterprise networking. Contudo, estas novas necessidades das empresas exigem uma abordagem de networking que possibilite uma maior agilidade, eficiência e segurança, com base na gestão centralizada e remota das redes. Como tal, o software-defined networking (SDN), em particular SD-WAN, constitui uma grande oportunidade para as organizações.

Redes intent-based permitem um uso mais eficiente da largura de banda das redes WAN, permitindo topologias de rede resilientes e alinhando, mais que nunca, a conectividade com as necessidades do negócio. Ao permitir o acesso a novos serviços e aplicações com base na cloud, as redes SD-WAN reduzem o tempo de implementação de serviços, criam resiliência no acesso às aplicações e oferecem uma arquitetura de segurança robusta – capacidades de que muitas empresas necessitam urgentemente.

Networking as-a-Service

Outra consequência da pandemia é a reticência das empresas em fazer grandes investimentos a curto prazo, face à disrupção económica que se está a fazer sentir. Em conjunto com a necessidade de tecnologia que suporte as suas novas necessidades de networking, os modelos as-a-Service surgem como solução ideal.

“A maior parte dos nossos clientes não tinha dimensionado um cenário de crise em que o trabalho remoto fosse 100%. Era sempre para 20, 30, 40%. Os que tiveram mais sucesso foram os que adotaram um modelo de IT elástico, de cloud, que poderão através de uma subscrição pedir mais recursos, aqueles que tiveram de esperar pelo hardware não tiveram essa flexibilidade”, conclui André Rodrigues.

Segurança

A segurança é um tema muito debatido no contexto da proliferação do teletrabalho. De um dia para o outro, empresas que até ao momento tinham implementado medidas de segurança a pensar apenas na proteção de um perímetro fechado e geograficamente restrito tiveram de fornecer a dezenas, centenas ou mesmo milhares de colaboradores acesso às aplicações que usavam para trabalhar no escritório.

Inicialmente, a prioridade foi a continuidade do negócio – ignorando o facto que fornecer acesso às aplicações significa fornecer acesso à rede corporativa, sem nenhumas das medidas que anteriormente garantiam a sua segurança. Isto causou, e continua a causar, um grande número de vulnerabilidades com as quais a maioria das empresas não tem a capacidade de lidar apenas com as soluções de networking de que dispunham originalmente e que, até agora, se mantiveram adequadas.

“Os dispositivos que se ligam à rede não têm naturalmente controlos de segurança, pelo que precisamos que a própria rede garanta que os utilizadores tenham de facto esta proteção e isso torna necessário ter por cima da própria rede um network access control”, refere Rui Nunes, Sales Manager da Extreme Networks. “Isto permite, por um lado, que toda a rede funcione corretamente, e por outro fazer um perfil dos utilizadores e dos seus comportamentos, para garantir que a rede está devidamente protegida”.

Nesta fase inicial, denota Pablo Collantes, da Aruba HPE, todas as empresas adotaram soluções temporárias, mas vão ter de começar a pensar no longo prazo para estabelecer soluções estáveis e a segurança será um fator chave a ter em consideração.

Wi-Fi 6

Ao falar de conectividade empresarial, não se pode deixar de mencionar o Wi-Fi – mais concretamente o Wi-Fi 6, que, segundo André Rodrigues, não vai deixar de ganhar tração, mesmo numa altura em que os escritórios e espaços públicos veem pouca ou nenhuma afluência.

“Mesmo que não seja num ambiente de escritório tradicional, o Wi-Fi 6 vai ganhar preponderância num ambiente empresarial distribuído” garante o responsável.

Os requisitos de conectividade do trabalho remoto, o crescimento da largura de banda necessária para a transmissão e reprodução de conteúdos e o crescente número de dispositivos ligados às redes estão a elevar os padrões de performance do Wi-Fi a níveis que tornam a versão mais recente extremamente desejável. Poucos serão os profissionais que, durante uma videoconferência, por exemplo, não tenham experienciado problemas de rede – em particular no caso frequente de estarem a ocorrer na mesma casa várias videoconferências em simultâneo, sobre uma rede que não foi concebida para suportar débitos tão altos.

Mesmo na ausência do caso de uso mais usado para provar a sua utilidade – redes em grandes espaços com alta densidade de acesso – o Wi-Fi 6 continua a ser a solução mais adequada para oferecer conectividade em contextos profissionais, mesmo passando estes para o domínio das redes domésticas. 

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