Forward

E tudo o Blockchain mudou

O blockchain será a maior revolução tecnológica das últimas duas décadas e mudará para sempre a forma como os negócios operam

E tudo o Blockchain mudou

Não faltará muito para que nos refiramos à internet como A.B. (“antes do blockchain”) e D.B. (“depois do blockchain”). “O blockchain é uma revolução em nada diferente da que foi trazida pela internet, há 25 anos”, afirma Louis de Bruin, blockchain leader Europe, IBM Global Business Services. A world wide web proporcionou um dos maiores saltos civilizacionais, ao mudar profundamente a forma como comunicamos e partilhamos informação. Quando a internet servir não apenas a partilha de informação, mas todo o tipo de transações onde estejam envolvidos ativos de valor, dar-se-á um novo salto. O blockchain promete ser o meio de transporte.

A Gartner define blockchain como “um registo descentralizado pelo qual as transações de valor são agrupadas de forma sequencial em múltiplos blocos”. Cada bloco, explica a consultora, “está cifrado e ligado ao bloco anterior”, ficando registado ao longo de uma rede peer-to-peer. A rede Bitcoin foi a primeira manifestação do blockchain, há cerca de dez anos, quando recorreu à tecnologia para carimbar com selo de segurança as transações realizadas com a criptomoeda. No entanto, o blockchain transcende em muito as Bitcoins, sendo um novo paradigma para os processos de negócio da economia digital.

 

Confiável e transparente

Com o blockchain, as transações dispensam intermediários – as partes envolvidas interagem diretamente, o que significa que a validação não depende de terceiros, mas da própria comunidade. Esta premissa traduz-se numa redução drástica dos custos transacionais e em processos de negócio mais fluidos e verdadeiramente colaborativos. “No blockchain trata-se sempre de um ecossistema, de empresas a trabalharem juntas”, sublinha Louis de Bruin. “É importante que empresas concorrentes utilizem o mesmo blockchain, porque os clientes não vão querer utilizar um por cada fornecedor. As organizações não devem esperar para se juntarem a estes ecossistemas”, alerta.

Como realça a PwC num paper onde questiona “O que é o blockchain?”, as transações “não são anónimas, são pseudónimas”: apesar de haver um histórico das transações que todos os envolvidos podem consultar, nenhuma informação concreta sobre pessoas ou empresas é partilhada, já que está encriptada. Deste modo garante-se a privacidade, ao contrário do que acontece com o sistema atual, pelo qual os intermediários têm acesso a todo o tipo de informação sobre cada interveniente, que acaba por ficar no seu poder. “Com o blockchain, a propriedade dos dados é entregue a cada organização”, sublinha o responsável da IBM.
 

Quase impossível de "Hackear"

À confidencialidade acresce a transparência. Por estar sempre relacionada com o bloco anterior, é extremamente difícil alterar ou editar informação sobre as transações depois destas acontecerem. Não sem o conhecimento de todos os envolvidos nessa rede. Este grau de transparência ajuda a minimizar a fraude e os erros: todos podem verificar a origem dos pagamentos, se estes foram realmente feitos por quem recebe o ativo, o que assegura que nenhum ativo envolvido na transação é enviado duas vezes ou replicado. “Quem participa no ecossistema utiliza a mesma base de dados, os mesmos registos e os mesmos programas, ao mesmo tempo”, explica Louis de Bruin. “De cada vez que algo muda, todos os intervenientes o veem, em simultâneo. Não está a ser enviado de um sistema para outro. É um processo totalmente descentralizado, mas imediato”.

O blockchain é uma tremenda mudança porque não pressupõe pontos centrais de falha, que tudo unem para tudo distribuírem. “Reduz muito a possibilidade de ser alvo de ataques maliciosos e a vulnerabilidade face a ataques DDoS, por exemplo”. Como os dados estão por toda a parte, realça, “ter-se-ia que atacar tudo e todos, em vez de apenas um ponto central”.
 

Como vai mudar os negócios?

O setor financeiro é um dos que mais beneficia do blockchain, permitindo que as instituições financeiras liquidem títulos em minutos em vez de dias. O Nasdaq, por exemplo, começou a utilizar um sistema baseado em blockchain para o Nasdaq Private Market, que liga os investidores às empresas que não estão publicamente listadas.

No entanto, existem outros setores que podem beneficiar já a curto prazo da descentralização e agilidade deste modelo. É o caso das seguradoras e também das utilities, setor que ainda tem um modelo vertical de produção e distribuição de energia. O blockchain pode alimentar micro-redes de energia oriunda de painéis solares, por exemplo. “Para a distribuição e armazenamento de energia é uma proposta de valor muito importante”.

Setores como o retalho, saúde e entretenimento poderão recorrer ao blockchain para gerir de forma mais adequada o fluxo de bens e pagamentos. Os processos de fabrico podem ganhar outro rigor e um maior controlo de qualidade, dada a partilha dos registos de produção. Do lado da logística e cadeias de distribuição, será possível criar registos onde consta a origem de cada bem e/ou produto. “Também será relevante no setor das viagens e transportes, porque há muitas empresas a trabalharem juntas – de contentores e transportes, produtores, shippers, bancos, autoridades aduaneiras. Todas estas entidades trocam informações entre si. Ao fazê-lo com o blockchain, ganham em eficiência e rapidez. Deixam de depender de uma entidade central para distribuir tudo. Estes são os setores que estão na linha da frente da adoção”, conclui Louis de Bruin.

Tags

REVISTA DIGITAL

IT INSIGHT Nº 52 Novembro 2024

IT INSIGHT Nº 52 Novembro 2024

NEWSLETTER

Receba todas as novidades na sua caixa de correio!

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.