Estudo indica que 71% de todos os inquiridos acredita que as retribuições da IA generativa superam os riscos, mas que são necessários regulamentos específicos
A nova vaga de soluções de Inteligência Artificial (IA) generativa está a transformar as empresas a um ritmo acelerado. Embora os trabalhadores estejam otimistas quanto à forma como a IA - e a sua vertente generativa, em particular - irá afetar o seu trabalho, os sentimentos variam consideravelmente consoante a senioridade e o país. Não obstante, 36% das pessoas acredita que esta tecnologia vai eliminar os seus empregos, de acordo com o relatório “AI at Work: What People Are Saying”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). O estudo baseia-se num inquérito realizado a 12.800 inquiridos, desde colaboradores a líderes, em 18 países em todo o mundo para compreender de que forma a evolução da IA teve impacto no seu trabalho. As opiniões sobre o impacto da IA no local de trabalho variam consoante a região geográfica. Os inquiridos mais otimistas são provenientes do Brasil (71%), Índia (60%) e Médio Oriente (58%), em oposição aos EUA (46%), Países Baixos (44%) e Japão (40%), que apresentam os valores mais baixos. As regiões mais preocupadas com a tecnologia são os Países Baixos (42%), a França (41%) e o Japão (38%), enquanto no outro extremo estão o Médio Oriente (25%), o Brasil (19%) e a Índia (14%). A nível global, mais de metade dos inquiridos (52%) classificaram o otimismo como um dos seus dois principais sentimentos, um salto de 17 pontos em relação a 2018, quando este inquérito foi realizado pela última vez. A preocupação registou o declínio mais acentuado, caindo de 40% para 30%. Dentro das organizações, enquanto 62% dos líderes estão otimistas em relação à IA, esse valor baixa para 42% entre os colaboradores. A maioria (62%) dos utilizadores regulares de IA generativa estão otimistas em relação à mesma, em comparação com 36% dos não utilizadores. Oito em cada dez líderes refere que utiliza regularmente ferramentas de IA generativa, em comparação com apenas 20% dos colaboradores, que constituíam a maior percentagem de não utilizadores (60%) de ferramentas de IA generativa em geral. Mais de um terço dos inquiridos pensa que é provável que o seu emprego seja eliminado pela IA. Para se prepararem para os efeitos desta tecnologia no trabalho, 86% acredita que irá precisar de formação para aperfeiçoar as suas competências. No entanto, apenas 14% dos colaboradores afirma ter recebido formação de atualização de competências, em comparação com 44% dos líderes. Apesar das suas preocupações, 71% dos inquiridos acredita que as recompensas da IA generativa superam os riscos. No entanto, também querem que os riscos sejam geridos - 79% acredita que são necessários regulamentos específicos para a IA. Em vez de esperar que a regulamentação governamental seja promulgada, muitas empresas estão a desenvolver e a implementar as suas próprias estruturas de IA responsável para gerir esta tecnologia emergente de uma forma que se alinhe com o objetivo organizacional e os valores éticos. As opiniões dos trabalhadores sobre a eficácia desses programas variam muito: enquanto 68% dos líderes se sentem confiantes sobre o uso responsável da IA pela sua organização, apenas 29% dos colaboradores acredita que as suas empresas implementaram medidas adequadas para garantir que a IA seja usada de forma responsável. Os colaboradores estão prontos para aceitar a IA no local de trabalho, mas apenas se estiverem confiantes de que o seu empregador está a utilizar a IA de forma ética e responsável. O estudo partilha, por isso, três recomendações chave para os líderes: garantir a existência de espaços para a experimentação responsável da IA; investir na atualização regular de competências para ajudar os colaboradores a prepararem-se para as mudanças no seu trabalho e para que tenham sucesso nas suas funções em evolução; priorizar a criação de um programa de IA responsável. |