A NTT Data Portugal apresentou o “Low-code Analysis: New paradigm in software development”, relatório que explora o potencial da tecnologia enquanto aliada da transformação digital das empresas
Simplificando, o low-code e no-code são definidos pela eliminação parcial ou total da programação manual tradicional no processo de desenvolvimento das aplicações. No ambiente da plataforma, developers e pessoas comuns podem criar aplicações através de uma programação visual, num ‘drag & drop’ de componentes e da sua conexão, com pouco ou nenhum conhecimento de programação. Naturalmente, as plataformas de low-code e no-code tendem a ser facilitadoras do uso da tecnologia nos vários departamentos das empresas e, consequentemente, aceleradoras da transformação digital. “Low-Code Analysis: New paradigm in software development” é o nome do novo relatório desenvolvido pela NTT Data, que pretende mostrar a consolidação do low-code ou no-code como uma tecnologia de aceleração da transformação digital nas organizações, fazendo face às elevadas exigências do IT e à escassez de talento digital especializado. “Atualmente, existe uma forte necessidade de perfis com competências em tecnologias de informação e a procura continua a aumentar face à capacidade de gerar talento nesta área”, diz Rui Francisco, Senior Manager na NTT Data Portugal em entrevista à IT Insight. O novo paradigmaDesenvolvido em colaboração com a Barcelona Digital Talent e a Mobile World Capital Barcelona, que acolhe o Mobile World Congress, o relatório, que conta com os testemunhos de executivos de 26 empresas, salienta que 42% das empresas optam por formar diferentes perfis empresariais não-TIC – uma vez que o low-code envolve pessoas de diferentes perfis empresariais na transformação digital, que “podem rapidamente ganhar competências para criarem as suas aplicações”. “Pela falta de recursos com competências em IT, as organizações já estão a formar perfis não técnicos em plataformas low-code e no-code” (citizen ou business developers), que “aliviam assim a pressão nos departamentos de IT e possibilitam uma resposta mais célere às necessidades do negócio, permitindo entregar mais aplicações com menos recursos”, nota o Senior Manager na NTT Data Portugal. Nesse sentido, Rui Francisco cita dados da Gartner que indicam que, em 2023, o número de developers não técnicos vá ser quatro vezes maior que o número de developers profissionais e que, em 2025, 70% das novas aplicações sejam desenvolvidas utilizando plataformas low-code ou no-code. Também os principais fabricantes esperam que a taxa de crescimento desta tecnologia seja de 100% nos próximos anos. Mais, estima-se que em 2023 haja uma necessidade de 500 milhões de novas aplicações em todo o mundo, refere a NTT Data. “Pelas suas características, facilidade de utilização (programação visual recorrendo a drag & drop de componentes pré-existentes), reduzida curva de aprendizagem” e “o contínuo investimento em tecnologias low-code e no-code pelas organizações (a Gartner estima que, em 2025, os gastos em tecnologias low-code estejam próximos dos 30 mil milhões), faz com que estas plataformas sejam a aposta preferencial para democratizar o desenvolvimento aplicacional”, reitera Rui Francisco. Além disso, “plataformas low-code completas introduzem ganhos em todo o ciclo de vida do desenvolvimento aplicacional (desenho, desenvolvimento, testes, deployment e monitorização)”, “reduzem o time-to-market” e proporcionam um “aumento da produtividade”. Mais, entre as principais vantagens, Rui Francisco aponta a “promoção de desenvolvimento aplicacional colaborativo, ágil e focado no utilizador final”. Contexto empresarialAssim, o low-code, que surgiu há mais de uma década, tem funcionado como uma ferramenta para enfrentar a lacuna digital de competências e talento e para promover a agilidade e inovação. Os executivos inquiridos mencionam que o low-code tem servido para democratizar a programação, colocando a tecnologia ao serviço do colaborador, e acelerar também o tempo de desenvolvimento. Neste sentido, de acordo com a NTT Data, o low-code revela-se uma tecnologia de elevada relevância no contexto empresarial. “As plataformas no-code e, em particular, as de low-code já abrangem um elevado espetro de casos de uso no contexto empresarial, indo de simples aplicações departamentais a complexos sistemas, core para o negócio”, explica Rui Francisco. Os vários casos de uso podem ser agrupados em quatro grandes áreas, que o Senior Manager na NTT Data Portugal enumera. Em primeiro lugar, os “Canais Digitais, desenvolvimentos de portais ou aplicações moveis internas ou para clientes”. Depois, a “Prototipagem Rápida, provas de conceito ou MVP (Minimum Viable Product), de forma a testar abordagens e produtos inovadores”. Em terceiro lugar, a “Digitalização e Extensão de Processos de Negócio, otimização e automação de processos de negócio, assim como, adaptação de processos de negócio pré-definidos”. Finalmente, os “Sistemas Core e críticos para o negócio, reengenharia de processos e reestruturação de sistemas críticos para o negócio, assim como, reengenharia e extensão de sistemas legacy”. Desvantagens, desafios, resistênciasPor outro lado, e como qualquer tecnologia, há desvantagens, mas também desafios à adoção de low-code e no-code. Enquanto desvantagens, Rui Francisco, destaca o plano da segurança, mais precisamente, a “possibilidade de criação de Shadow IT”, pelo que “como é de fácil utilização, é possível que departamentos individuais possam criar aplicações que não estão alinhadas com as políticas de segurança e dados do departamento de IT”. Ainda assim, o Senior Manager na NTT Data Portugal afirma que o risco “pode ser mitigado através do governance das aplicações low-code”. Mais, outra desvantagem concerne o “receio de ficar refém da plataforma low-code (vendor lock-in)”. Contudo, Rui Francisco esclarece que “muitas destas ferramentas permitem que as aplicações sejam alteradas através de código tradicional, apesar de perderem, assim, a retrocompatibilidade e os benefícios associados à utilização das plataformas low-code”. No plano dos desafios e barreiras apresentados na adoção da tecnologia, diz respeito ao plano humano e uma certa resistência. Por um lado, e segundo o relatório, “as principais barreiras para adoção do low-code estão essencialmente relacionadas com a recusa dos departamentos de IT assumirem o potencial risco de segurança e escalabilidade, por transferirem parte dos desenvolvimentos aplicacionais para os citizen e business developers das áreas de negócio”. Mais, outra barreira diz respeito à “perceção das organizações de que as ferramentas low-code ainda não estão preparadas para desenvolver sistemas core das organizações e que são ferramentas pouco flexíveis”; ou ainda – outro ponto mencionado no relatório – o “custo de licenciamento destas ferramentas”. O caso portuguêsNo caso português, o mercado “é bastante maduro na área do low-code, estando estas plataformas presentes em diferentes clientes e em múltiplos setores de atividade: indústria, banca, utilities, administração pública, etc.”, afirma Rui Francisco, que conclui, refletindo sobre o investimento realizado pela NTT Data Portugal na área do low-code, em particular em OutSystems – plataforma de low-code criada em Portugal. “Contamos com um Centro de Excelência (Center of Excellence) em OutSystems, que suporta a entrega dos projetos nacionais e internacionais de acordo com as melhores práticas de mercado, na medida em que temos localmente mais de cem consultores certificados, distribuídos pelos escritórios de Lisboa, e pelos Hubs de conhecimento especializado em OutSystems no Porto e Castelo Branco”, completa. |