A Devoteam publicou a edição de 2024 do seu TechRadar, um guia que apresenta as 150 tecnologias que as gestores devem conhecer este ano. Um terço das tecnologias incluídas no guia deste ano estão relacionadas com a Inteligência Artificial (IA) ou são orientadas por ela. Isto explica-se pela rápida emergência da IA Generativa (GenAI), que se deu em apenas alguns meses, e está a obrigar as empresas a reconsiderar urgentemente a sua estratégia tecnológica, a reavaliar as suas prioridades e a ajustar os seus planos em conformidade.
De facto, o advento da GenAI vai revolucionar o que as empresas fazem e como o fazem – e é uma transformação que traz oportunidades, mas também novos riscos que precisam de ser geridos. Assim, o futuro das empresas vai depender em grande medida da trajetória tecnológica que escolherem e da sua capacidade de a explorar, mantendo o equilíbrio, controlando os riscos inerentes e tirando partido do poder da GenAI, para que esta seja uma aliada dos objetivos de negócio.
De acordo com a Devoteam, a GenAI vai difundir-se mais rapidamente nos vários domínios de aplicação através de funcionalidades integradas em ferramentas comuns. Isto significa que as decisões tecnológicas das empresas têm de antecipar o provável aumento da produtividade com a utilização da GenAI, gerindo simultaneamente as principais questões inerentes à sua aplicação, como a segurança, a ética e os recursos humanos. Entre os pré-requisitos, a transição para a cloud e a implementação de uma gestão rigorosa dos dados são prioritárias.
Algumas das tendências apresentadas no TechRadar 2024 são:
- Negócios e Produtos Digitais: O foco dos projetos está a mudar para a racionalização, otimização e eficiência operacional, em vez da inovação e da conquista de novos mercados. As empresas dão prioridade a soluções comprovadas que garantam um rápido retorno do investimento. A GenAI surge como uma resposta excecionalmente eficaz para atingir estes objetivos de produtividade. As ferramentas de assistência ao desenvolvimento – como o Gemini da Google, o GitHub Copilot da Microsoft, o Code Whisperer da Amazon, entre outras – já estão disponíveis;
- Inteligência orientada por dados: As empresas continuam a adotar plataformas de dados na cloud, e os fornecedores de tecnologia melhoram as suas soluções para facilitar a utilização ideal dos dados, integrar dados de terceiros e processar eficazmente dados não estruturados. No entanto, as principais preocupações estão em como gerir e utilizar os dados, nomeadamente no que toca à governação, conformidade, privacidade, soberania e ética. Estão a surgir soluções para responder a estes desafios, facilitando a definição, a aplicação e o controlo de regras – alguns exemplos incluem AirByte, DatGalaxy e ThoughtSpot;
- Cloud distribuída: Com ambientes cloud cada vez mais complexos e diversificados, as considerações de arquitetura estão a ganhar interesse renovado. Nos próximos meses, é expectável assistir à introdução da IA para gerir a crescente complexidade dos ambientes cloud, particularmente no contexto de Sovereign Clouds, o que será um grande avanço neste campo em constante evolução;
- Automação dos Negócios: Os fornecedores de software de hiper automatização perceberam rapidamente o potencial da GenAI e começaram a enriquecer os seus portefólios através da integração de grandes modelos de linguagem (LLM), privados ou de acesso aberto, nas suas interfaces de conversação. Alguns exemplos incluem o Einstein GPT da Salesforce, o Now Assist da ServiceNow, o Copilot da Microsoft, o Bard e o Gemini da Google, e o Project Morpheus da Outsystems. No entanto, a GenAI ainda se encontra numa fase inicial de adoção neste domínio, dificultada por fatores como a falta de competências, a maturidade tecnológica insuficiente e os dados em silos;
- Confiança e cibersegurança: À medida que as empresas modernizam os seus sistemas de informação e adotam a cloud, a segurança desta torna-se crucial. Apesar dos elevados níveis de segurança oferecidos pelos fornecedores de serviços na Cloud, os incidentes recentes realçam a necessidade de soluções adicionais. Dois pontos-chave são a segurança de ambientes multicloud e a gestão de identidade e acesso (IAM). A GenAI será utilizada tanto por atacantes como por defensores, levando a fraudes mais sofisticadas do lado do ataque e à deteção automatizada de incidentes do lado da defesa. O Microsoft Security Copilot é um exemplo desses avanços, e uma grande tendência em 2024;
- Sustentabilidade capacitada pelo digital: As tecnologias atuais, em particular as plataformas de dados baseadas na cloud, permitem que as empresas criem as suas soluções de gestão e relatórios ambientais. A escolha entre criar ou comprar depende do negócio, da organização e da sua maturidade, com uma grande preocupação com os dados abundantes e dispersos. A automação desempenha um papel essencial para acelerar a recolha de dados. A IA será útil para identificar áreas de otimização e integrar os aspetos ambientais na tomada de decisões, e pode também contribuir para processos e produtos mais eficientes. No entanto, devido aos seus requisitos de recursos informáticos, vai ser necessário controlar a relação custo/benefício ambiental.
“A ascensão da IA é significativa, e a sua implementação apresenta tanto oportunidades como desafios. O progresso em ritmo acelerado afeta vários domínios, demonstrando uma integração generalizada nunca antes vista”, comentou Gert Jan van Halem, CTO do Grupo Devoteam, em comunicado. “Por um lado, a IA é crucial, e ignorar as possibilidades de transformação e os potenciais aumentos de produtividade que traz pode levar as empresas a ficarem para trás. Por outro lado, embora a IA ofereça imensos benefícios, nem todos os problemas requerem a sua aplicação. Não nos devemos focar apenas em aprender mais sobre a IA; é essencial que nos inspiremos no seu potencial. É disso que trata o TechRadar da Devoteam: observar as tendências e refletir sobre onde estamos posicionados”.
“Estamos no início de uma era em que as tecnologias – seja no domínio da computação, da comunicação, dos cuidados de saúde ou da indústria – estão inevitavelmente marcadas pela omnipresença da IA” acrescentou Bruno Tavares, CTO da Devoteam Portugal, também em comunicado. “Atualmente, é cada vez mais evidente que as tecnologias emergentes já são intrinsecamente dotadas de capacidades de IA, ou então são fortemente melhoradas por sistemas inteligentes. À medida que avançamos nesta jornada tecnológica, é imperativo que procuremos um equilíbrio entre a inovação proporcionada pela IA, os objetivos das organizações e os desafios inerentes como a segurança, ética ou o reskillling/upskilling das pessoas”.
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