Relatório revela há duas tendências a despertar a indústria de smartphones e de jogos: a inteligência artificial generativa e a realidade aumentada e virtual
O mercado das telecomunicações enfrenta uma fase de estagnação – após o recorde de vendas verificado durante a pandemia – e para os especialistas da GfK só será possível interromper este período com novidades que incentivem a procura dos consumidores. Os especialistas identificam duas tendências que podem fazer despertar a indústria dos smartphones e dos jogos: a inteligência artificial generativa e a realidade aumentada/virtual. O ano passado foi consideravelmente estável para o mercado global de smartphones, que registou um ligeiro aumento da receita (0,1%) onde o segundo semestre foi particularmente positivo: o mercado recuperou e as receitas aumentaram 4,2% face ao ano anterior, revela a GfK Portugal. Numa análise pelas várias regiões do mundo, o ano ficou marcado por uma evolução muito divergente face a 2022. A Europa Central e Oriental foi a área que registou a receita mais alta (mais 3,9%), seguida da Europa Ocidental (2%). As regiões do Médio Oriente e África e da China também melhoraram a sua receita, com mais 1,1% e 0,3%, respetivamente. Apenas duas áreas do globo verificaram uma diminuição nas receitas, a Ásia Emergente (sem a China), com menos 5,9%, e a América Latina, com menos 3,7%. A nível mundial, o preço médio dos smartphones voltou a aumentar ligeiramente (mais 34 dólares), passando para 389 dólares. Este aumento resulta da contínua procura por dispositivos premium e com melhores funcionalidades. Em 2023, os modelos 5G representaram 81% da receita, mais seis pontos percentuais face a 2022, sendo que as quotas de dispositivos com mais de 512GB de armazenamento e de carregamento rápido sem fios também subiram, em 9% e 5%, respetivamente. Atualmente, a utilização dos smartphones está muito canalizada para aplicações de mensagens (72% dos utilizadores a nível mundial), como é o caso do WhatsApp ou do WeChat, ou para a fotografia (64%). No entanto, a contínua melhoria do desempenho dos dispositivos prevê que o próximo passo seja a implementação generalizada da inteligência artificial generativa. As análises da GfK às vendas a longo prazo e ao comportamento dos consumidores permitem concluir que, quando a inteligência artificial generativa entrar no dia-a-dia dos utilizadores de smartphones, verificar-se-á um impulso na procura, pois os consumidores estão dispostos a pagar mais por maior avanço tecnológico. Todavia, se aos olhos dos consumidores as novas funcionalidades não forem suficientemente avançadas, estes preferem esperar por algo verdadeiramente novo antes de comprar o seu próximo dispositivo. Também se verifica que os ciclos de substituição dos smartphones estarem a tornar-se cada vez mais longos. De acordo com a ‘Gfknewron Consumer’, em 2023 foi a primeira vez que a maior parte dos novos compradores (35%) tinha smartphones com dois a três anos. Em 2022, estes compradores tinham dispositivos com um a dois anos. Em 2023, o entusiasmo dos consumidores face ao metaverso também diminuiu a nível mundial, o que teve reflexo no total de vendas unitárias, com os dispositivos com esta tecnologia a registar uma redução de 2%. Porém, as receitas contrariaram esta tendência e registaram um aumento de 15%, justificado pelo facto de os consumidores interessados terem investido em produtos mais avançados de realidade aumentada, realidade mista ou realidade virtual, com uma clara tendência para a valorização. Exemplo disso são os óculos de realidade aumentada e mista que cresceram 30% e atingiram os 225 milhões de dólares em 2023, em comparação com apenas 4% de crescimento registado em 2022. Mas estes segmentos registam uma grande diversidade entre as várias regiões do mundo. Enquanto a maioria dos óculos de realidade mista foi adquirida na Europa Ocidental (83% das receitas globais), grande parte dos óculos de realidade aumentada foi comprada na China (98%). Simultaneamente, a procura de óculos de realidade virtual tradicionais registou uma queda a pique neste país, com uma descida de 55% nas vendas. Contrariando esta tendência, no resto do mundo a realidade virtual continua a registar um ligeiro crescimento nas receitas (3%). Esta divergência não é causada apenas pela preferência pessoal, mas também pela distribuição dos dispositivos, uma vez que alguns dos segmentos não estão disponíveis nos mercados locais. Os especialistas da GfK acreditam que caso os óculos de realidade aumentada, virtual ou mista deixem de ser um produto de nicho, destinados a utilizações muito específicas, e passem a fazer parte do quotidiano da maioria da população, este pode ser mais um impulso no ritmo do mercado das telecomunicações. |